quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

J.D. Salinger

"Jerome D. Salinger, um dos escritores mais influentes dos Estados Unidos, completa 90 anos nesta quinta-feira, 1º de janeiro de 2009, imerso na reclusão pela qual optou desde o início de sua carreira, e sem publicar um trabalho há quatro décadas.
"Amo escrever", disse Salinger em 1974, em uma de suas raras entrevistas, ao jornal "The New York Times". "Mas, só escrevo para mim mesmo e para o meu prazer".
Este desdém pela publicidade e a obstinada defesa de sua vida privada, tão afastada do culto à exibição atual, rodearam Salinger de um "mistério" que a imprensa retratou em diversos artigos.
Salinger já tinha 32 anos de idade quando estreou em 1951, com "O Apanhador no Campo de Centeio", uma história de um adolescente rebelde e suas experiências quixotescas em Nova York, que elevou o escritor ao topo da cena literária.
Sua descrição da alienação do protagonista, Holden Caufield, e da perda de inocência dos adolescentes e sua passagem para vida adulta, provou sua resistência com o passar dos anos: até hoje são vendidos anualmente cerca de 250 mil exemplares.
A primeira edição do romance, que causou polêmica pela liberdade com a qual o autor descrevia a sexualidade e a rebeldia adolescente, pode ser encontrada no eBay a preços que superam US$ 1.300.
Salinger não publica um trabalho literário com sua assinatura desde o romance "Hapworth 16, 1924" em junho de 1965. E não concede entrevistas desde 1980."


http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL939989-7084,00-JD+SALINGER+CHEGA+AOS+ANOS+SEM+ESCREVER+HA+MAIS+DE.html

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

pré-reveillon

41 posts sem "marcadores" (essas palavrinhas soltas que eu coloco aí embaixo, apontando os principais tópicos do que eu escrevi). ok, falando assim parece algo muito importante. é só que eu queria fazer isso logo, tipo na próxima semana ou na outra, porque eu estou com a minha síndrome de organização apitando aqui dentro. o primeiro felizardo - ou vítima - vai ser o meu quarto. falando em felizardo, que palavra horrível. ela me lembra um adulto solteirão razoavelmente velho, com um nome esquisito e triste, tipo Horácio, ganhando um beijo babado com batom, na bochecha esquerda, da tia que usa dentadura. tudo bem, deixemos ele de lado. e as minhas manias também. quem lê deve pensar que eu sou mais uma daquelas meninas que deixam o lençol esticadinho e tudo devidamente no seu lugar. bem, poluição visual combina mais com meu quarto. mas eu gosto da mistura de cores.
*

sobre o reveillon, eu realmente acho que o meu vai ser legal. melhor, inclusive, do que foi o último. e eu espero, de verdade, que o dos outros seja bom também. não é que faça parte do meu gênio desejar (sempre) o contrário, mas é que de repente eu fiquei meio emotiva e, quando eu estou assim, as pessoas parecem tão merecedoras de afeto. isso começou ontem de noite, no final da aula de dança. por sinal, foi uma aula diferente. deve ser a vigésima professora que eu conheço (o melhor foi que eu demorei para entender que ela era também professora, porque eu conheci ela na última apresentação e, mesmo ela sendo do grupo das fodonas, eu não conhecia o lado teacher dela). apesar de ser uma aula para o nível um, tinham ali pessoas do intermediário e do avançado e, de certa forma, unir todas em movimentos iguais foi bem bonitinho. eu gosto de quando tem esses momentos de interação e a coisa funciona,
até por isso eu apreciei bastante o pessoal de lá. enfim. hoje foi o último dia de aula no cursinho e foi realmente estranho, uma vez que eu vou sentir mais falta desse um ano com 300 desconhecidos do que, sei lá, doze anos com as mesmas cabeças. e isso vem da sensação de bem-estar mesmo, não exatamente porque os professores são mil vezes melhores ou coisa parecida. até porque inexistiu a tranqüilidade de anos atrás - sabe, vestibular é uma palavra muito abrangente. foi bom ouvir os conselhos e verdades sobre isso, porque, de fato, não podemos tornar essa merda maior do que ela já é, tampouco alimentar sonhos de que a vida vai ser um mar de rosas depois de enfrentar as provas. não que passar seja uma obrigação, mas isso não fará ninguém melhor ou mais amado. e etc. tudo bem, isso funcionou para mim. eu não costumo gostar dessas coisas que as pessoas falam, mas eu fiquei realmente nervosa de uns meses para cá. e ter uma atividade paralela à todo o transtorno, com certeza é a melhor escolha.
*

sobre a minha parte mais hum afetiva, sei lá. eu estou feliz. eu continuo 'em um relacionamento' - de repente, o post anterior colocou isso em dúvida - e bem satisfeita com ele. quanto aos meus amigos, também não tenho muito o que dizer. parei de tentar agradar a gregos e troianos; penso que a naturalidade antevém a regra. é claro que eu acredito que é possível manter um laço forte sem muito contato, pela internet ou, enfim, com certa distância - desde que os dois estejam dispostos a superar as limitações. e, falando em internet, fico triste em ver que muita gente leva o Orkut muito a sério e interpreta i
sso como um retrato da vida ou coisa parecida. tenho até a minha mãe como exemplo de vítima desse tipo de problema. eu me surpreendi ao ver meus amigos se dispersando, cada um indo para um lado. não lembro da última vez em que eu vi meus amigos de escola reunidos, assim sem faltar ninguém. acho que ainda foi no início do ano, em época de calor. vestibular, faculdade, escola, curso de alguma coisa, enfim, cada um tem sua vida. encarar isso com maturidade é o ponto básico para evitar discussões desnecessárias, pensamentos que não condizem com o que acontece, tempestades em copos tão pequenos. a minha vizinha, por exemplo: eu vejo ela todos os dias pela janela e fui incapaz de ir lá e fazer uma visita. é claro que existem sempre caminhos alternativos, que a gente só enxerga depois que perdeu a chance, mas relevar é sempre uma possibilidade. apesar do meu jeito, de não ligar (telefone) e nem aparecer, e também do comportamente semelhante ou diferente das pessoas que eu conheço, o resultado de tudo foi positivo. quando eu saí, a maioria das coisas renderam. claro que existem idéias que eu nunca vou entender (nem sua origem nem sua consistência), mas eu prefiro tentar torná-las menos impossíveis à medida que buscarem me compreender também. não tentei levar isso pelo lado egoísta, mas pelo lado amor-próprio. então, eu vou continuar fazendo o que eu fazia e não fazendo o que eu não fazia, porque, independente de ser teimosia ou não, essa sou eu e me recuso, sem arrependimentos, a levar uma vida que não seja a que eu desejo. ...um feliz 2009 pra todo mundo! ah tri.


ok, esse foi meu texto de final de ano. não consigo fugir dele,
ó céus.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Slide Away

Ele não sabe o quanto me machuca quando deixa tudo passar assim, despercebido. Existem esses momentos em que a gente quer ir embora e não se trata nem de chamar a atenção daqueles que insistem em não nos compreender; a gente só quer ir embora. Se ver num daqueles filmes antigos, com um carro velho numa estrada, nuvens de poeira e música boa à toda altura. Ele não entende isso, sequer se passa pela cabeça dele isso. Essa incógnita me enche o saco, apesar de eu ver nela o grande diferencial. Se ele tivesse parado com seus acordes e acordasse um pouco para mim ou qualquer outra porcaria, sabe, mas às vezes parece que ele consegue ser pior do que eu nessa vida de se perder em outras dimensões. Eu me sinto dopada, me sinto num desses dias comuns, tipo madrugada de terça-feira, em que, por insônia ou pensamentos atordoantes, se passa a noite de olhos abertos, com uma caneca entre os dedos e pouca luz. A brisa noturna é de embriagar, entorpecer qualquer um. E eu não sei se sou eu quem não deixa os ponteiros do relógio seguirem seu destino - até que a bateria esteja completamente sem carga - ou se é ele, que enxerga tudo em tons monocromáticos. Pouco importa agora o contato físico: eu quero olho no olho. Esse jogo de indiferenças me agride, me agride como uma risada dada pelo tempo segundos depois de algum arrependimento. Me enche o saco essa porcaria de filme na televisão: o que eu quero com xerifes agora, que eu não tenho ninguém? Deitar na cama é tão perigoso, é como se ela me engolisse e me mastigasse com todos os meus defeitos. Dormir não é pra mim. Não é pra nós. Eu levantei hoje, achando que tinha despertado de um sonho, mas era verdade: ele só estava no meu quarto impresso numa foto. Nada de cheiro de jaqueta. Vou te dizer, ele tem cheiro de jaqueta. Jaqueta jeans. E isso me lembra as vezes em que, antes de sermos alguma coisa, eu esbarrava naquela jaqueta meio que de propósito. Ele sempre fora destraído, sempre fora de não entender as coisas óbvias. E, mesmo assim, tinha idéias ótimas e absurdas sobre as coisas que a gente geralmente não pensa. É uma porcaria ficar jogada na poltrona vendo como ele canta bem. Ele toca muito bem. E sempre com aquela jaqueta, caralho. E, pra ser sincera, eu não sei bem se isso é um desses momentos em que a gente quer ir embora. Eu tô cansada de tudo, cansada de como metade das minhas ações consistem em buscar explicações para as outras. Eu não tenho que me explicar quando só eu tenho interesse na minha biografia. Talvez seja meio deprimente encarar isso, mas é verdade. Foda-se o que aconteceu, ninguém quer ouvir a minha versão sobre como eu perdi o medo de escuro. Ninguém quer ouvir. Só se for a música dele, a maldita música dele, que eu não consigo parar de ouvir. E eu nem sei se ele sabe que eu penso essas coisas todas, mas eu também nem tenho como saber o que se passa lá enquanto estou aqui. Bem que eu queria me sentir turista daquele mundo, daquela cabeça, daqueles olhares silenciosos que me lêem sem responder. Eu já não sei se hoje é terça-feira, se ainda existe alguma caneca que eu não tenha atirado na parede, se... mentira, eu não atirei nada na parede. Eu não atirei nada na parede. E a jaqueta dele está aqui, por incrível que pareça. Ele é que não está. E, mesmo que estivesse, sentado na minha frente que fosse, eu não acho que ele estaria aqui inteiramente, sabe. Sempre em outra dimensão, ele está sempre do outro lado. Do outro lado e nunca do meu. A noite está boa, a brisa está boa e essa vai ser mais uma noite de insônia: ninguém pra me ouvir falar de como eu não entendo nada. Eu não pertenço a lugar algum.


"Slide away and give it all you've got
My today fell in from the top
I dream of you and all the things you say
I wonder where you are now
Hold me down, all the world's asleep
I need you now, you've knocked me off my feet
I dream of you and we talk of growing old
But you said: "please, don't!"
Slide in, baby - together we'll fly
I've tried praying, but I don't know what you're saying to me..."
Oasis



 

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sobre dança e vestibular


Esses últimos tempos foram realmente constrastantes: de um lado, o esforço e o peso da responsabilidade e, de outro, toda a magia de conhecer arte e pessoas com muito e pouco em comum. Claro que eu não passava 20 horas por dia sentada na frente de um livro, mas também passei umas noites em claro terminando a roupa da apresentação de dança. Nessas horas, perfeccionismo sempre atrapalha. E agulhas fininhas para linhas grossas também. Ah, eu gosto de fazer essas coisas. Eu tenho tantos planos pras férias, tipo reaprender a fazer crochê, tricot, essas coisas de vó. E, no fim, quando tu vê o resultado final, tu se sente realmente feliz. E não deixa de ser uma atividade muito boa para relaxar, porque tu não precisa pensar em nada, é algo totalmente mecânico. E eu tive o prazer de ver muitos episódios de House, Márcia, filmes estranhos e programas bizarros dublados durante esse tempão que eu fiquei recheando de coisinhas brilhantes a roupa e tal. Tá, eu tô falando como se eu fosse a Virgem das Miçangas ou sei lá (tá, isso foi péssimo). É que foi bem diferente de como eu achava que fosse acontecer. Sabe, eu não queria me apresentar nem a pau até a metade do ano, e isso mudou depois de ver um show tri legal. E tinha a história do vestibular, das provas da UFCSPA que coincidiam com o final de semana das apresentações, com as mil e uma preocupações que envolvem as duas coisas. E é claro que pensar no futuro e se planejar para tentar entrar nuam faculdade é bem estressante. Apesar do clima de cursinho ser relativamente feliz, o tempo vai passando e você vai perdendo o controle. Métodos de estudo, livros péssimos como leituras obrigatórias, muita mas muita informação... é meio chato administrar tudo, até porque, no meu caso e no de muita gente, a oportunidade vem uma vez ao ano. E deu. Então não dá para levar com aquela indiferença o fato de acertar uma questão a mais ou a menos, ou deixar sempre para depois o estudo sobre as rochas dos planaltos sul-riograndenses. Sério, eu descobri o quanto geografia física me irrita e o quanto literatura pode ser muito, muito ruim. Eu gosto tanto de biologia, gosto tanto do funcionamento, de como tudo pode ser explicado, de como os critérios têm fundamento... haha, eu tô louca pra mandar o Machado de Assis à merda. Enfim, não tem outro jeito, a não sei engolir. E vai ser assim praticamente sempre, de agora em diante. Nesse ano ficou clara a idéia de que existem amigos e "pessoas úteis". Acho que são essas que eu vou encontrar na faculdade e por aí, até porque o competitivismo é grande e ninguém fica muito satisfeito em fazer o bem ao próximo sem se beneficiar. Falando em competir, eu me surpreendi bastante com o ambiente da aula de dança no geral. Eu não gosto de fazer esse tipo de atividade com pessoas do meu quotidiano, ou que sejam próximas mesmo. Porque eu crio essa coisa de competição na minha cabeça e porque eu acho interessante não estar sempre com as mesmas pessoas (ok, talvez isso seja novidade). Acho bom ter o grupo da dança, o grupo do inglês, o grupo do sei lá o que, uma banda, enfim. Não é que para cada um você vá ser uma nova pessoa, mas é que realmente existe essa diferença de comportamento naturalmente. Se eu ficar presa na primeira impressão que eu tenho dos outros, e eu descobri isso mesmo só agora, eu posso perder a chance de conehcer gente realmente muito mágica. E, nos últimos dias, com as apresentações e a festa para encontrar todas as pessoas do estúdio (a maioria, né), foi bem engraçado ver como a mulherada reage. É claro que cada uma é de um jeito, mas eu me surpreendi de ver que as categorias não foram empregadas à pessoas homogêneas. Tá, eu explico: é que você espera que aquelas mulheres mais velhas ou enfim sejam mais "mãezonas", que as mulheres do nível avançado sejam extremamente arrogantes, que as profissionais não fiquem nervosas e por aí vai... e, quando vai convivendo com elas, percebe que não existe um padrão para isso, e, muito pelo contrário, existem jeitos e jeitos de encarar aquele mundinho: grande parte das mulheres afirma aquelas frases nojentas, do tipo "vou dançar pro maridão", enquanto algumas fazem por vaidade, outras por ser um exercício físico e assim vai... e, nesse meio, é engraçado ver como existe gente superpreocupada em aparecer enquanto outras estão simplesmente se divertindo. Foi só um comentário. E o melhor talvez ainda seja presenciar as mesmas pessoas tomando um café e achando bizarro o Zombie Walk, com pose de educação e requinte, e dias depois com garrafas de cervejas nas mãos, falando as coisas mais absrudas sobre 'deus e o mundo'. Eu gosto de pertencer a essa mistura. E é legal ver que gente que tu não conhece sabe o teu nome e etc.
Ok, eu comecei a escrever aleatoriamente. Fugiu do que eu queria, mas é a vida.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O que não me dar de presente:

Tudo bem que "presente é presente", mas todo mundo tem o direito de refletir sobre o que desejaria evitar ganhar. E, nessa época de amigo-secreto em tudo que é setor da vida, nada mais adequado do que uma listinha do gênero.
Ok, vamos ignorar os preços e etc., eu estou apenas listando coisas - sem critério.

- Discografia do Ed Motta (cara, eu só lembrei desse cara porque hoje, da hora do almoço ao meio da tarde, eu e o Bruno fomos 'presenteados' com supersucessos desse cara e outros falidos da música brasileira por um grupo de pessoas estranhamente felizes na ESPM - eles fazem eventos bizarros para incomodar os vizinhos, acreditem!)
- Doce de batata-doce (nunca comi, mas a idéia de uma geleca marrom-alaranjada-sei lá que cor num pote com a tampa dourada não me agrada)
- Bonés de propaganda de alguma coisa. Eu já não uso boné, ainda mais com algum logotipo tosco.
- Limpador de língua (oi?)
- Descascador de batata (não funciona)
- Carvão Carvonette ou sei lá o nome.
- Giz de Cera (tá, não seria tão ruim assim)
- Sutian amarelinho (sei lá, eu não consigo imaginar nenhum do tipo que não pareça aqueles para quem está amamentando)
- Um daqueles presentes abacaxi que são comprados numa viagem (afinal, não existe possibilidade de troca)
- Lenços de tecido (e eles ainda existem, meu deus)
- Um pôster do Mrcelo D2
- CD de músicas de Natal da Simone
- Revistinhas de cifras (ou sei lá o nome) de algum instrumento bizarro/que eu nunca vá tocar
- T (aqueles trecos de botar vários fios em uma tomada. tá, eles são úteis e graciosos ao menos)
- Tony Garrido (náuseas)
- Algum filme do tipo que muita gente adora e eu não vejo graça, tipo Tempos Modernos
- O Evangelho segundo Jesus Cristo
- A G Magazine do Frota
- Algum perfume muito doce
- Amendoim
- Jogo da memória de oito peças
- Esmalte bege
- Roupa muito rosa, pior ainda se for daquele jeito 'gothic dark devil metal pink'
- Espinafre
- Colar de Hawaiana
- Saco de roscas de polvilho
- Agenda do ano, no fim do ano
- Um aparelho inútil, tipo contador de passos
- Óculos de natação pequeninho
- Mocassins
- Anjinhos, doendezinhos, e outros personagens de 1,99
- Biografia do Chico Buarque ou coisa que o valha
- Pano de prato
- Livro de autoria da pessoa que está dando o presente (você é obrigado a ler)
- Porta-retratos horrível
- Peso de porta em forma de galinha
- Cestinha com pequenas oferendas falsas, para dar sorte
- Cogumelo do Sol
- Creme Hidratante (tá, eu tenho implicância com creme, só isso)
- Tatuagens removíveis de picolé
- Cartões telefônicos
- Um retrato seu muito mal-desenhado
- Roupinha de dançarina de frevo

[continua]

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

96


Eu abri as portas com força, apesar da cena ser exagerada. Olhei para aquelas roupas e sapatos, as bolsas, a coleção de cd's, os boxes de dvd's com os mesmos seriados, as fotos com... bem, o meu piercing é do lado esquerdo. O dela é no lado direito do nariz. Aliás, tudo nela parece direito. Uma boa garota, com um ótimo gosto musical e tato para livros. E fiquei olhando as fotos, recheadas de cabelos ao vento, sorrisos espontâneos e algumas paisagens conhecidas: acho que nada nela me parecia novidade. Não se tratava de falta de originalidade, mas uma faixa de coincidências muito intensa... Coincidência?! Quem eu estou enganando? Ela era exatamente como eu. Exatamente como eu. Depois de constatar isso com meus próprios olhos, nunca tive tanta certeza da veracidade daquela coisa de "vou saír por aí e encontrar outro você". Eu pensava que aquelas coisas me fizessem especial, sabe. Não exatamente dividir o cabelo de um jeito ou de outro, mas toda aquela composição das coisas materiais. Quer dizer, isso é só o que eu sei dessa nova garota. Não conversei com ela, então não posso afirmar que somos tão parecidas assim, em personalidade e na forma de se mostrar ao mundo. Ao ver a escrivaninha, abrir as gavetas, folhear alguns cadernos, pude aceitar que ela era mais organizada. Talvez mais limpa. Sabe, parecia tudo impecável, como se ela fosse um reflexo melhorado de mim. Um alguém que fala outras línguas, além do clássico inglês mal-pronunciado. Um alguém que come doces e não engorda, porque entende de calorias e exercícios físicos e essas coisas que grande parte das mulheres parece saber. Um alguém mais independente e sem medo de parecer ridículo. Não é que eu tenha medo dos outros ou da imagem que é feita de mim, mas a idéia de fazer coisas sem saber por que não me parece muito agradável. Ela parece nem se importar. Talvez isso seja um defeito. E, talvez, eu me importar seja outro ainda maior. Se a gente se encontrasse, garanto que ela me cumprimentaria numa boa, até por não saber o que eu fiz. Não é sempre que se invade assim a privacidade de alguém. O quarto pode dizer muita coisa. E ela não é uma jovem-cor-de-rosa para acreditar inocentemente que eu quero a amizade dela. Eu não quero isso. Não quero. Quero mesmo é entender o que ele viu nela, que eu não percebi. O que temos de tão diferente, de tão incomum. Eu costumva ser a vítima de todo o assédio que hoje é dirigido a ela e só ela. Eles parecem felizes juntos. E não é que eu queira destruir isso. Eu não estou apaixonada. Acho que nunca estive. Lamento não saber tirar os pés do chão quando eu poderia ao menos tentar. Essas fotos não negam o quão alegre ele se sente ao lado dela. Mesmo que ela tenha uma falha na sobrancelha, ela faz ele feliz. E parece não querer nada em troca e se sentir bem com isso. Ele sempre do mesmo jeito, com aquele anel lascado no dedo de sempre. E ela não parece se importar se ele esquece de fazer a barba ou queima o arroz toda a vez que tenta fazer um carreteiro. Talvez seja realmente isso, sabe: ela não se importa como eu me importo. E isso me deixa presa nessa angústia de ver o que eu não vivi e, provavelmente, não vou viver. Tipo aquelas conchas que se tornaram órfãs há pouco e agora esperarão o pisoteio dos turistas nas areias das praias. De repente não parece tão triste. Mas é engraçado, sabe, porque ele podia ter escolhido qualquer pessoa, de qualquer jeito, mas escolhe alguém que defende praticamente as mesmas coisas que eu, que detesta iogurte de morango também e sabe se comportar perante a familia dele. Foi o que eu ouvi. Não que ele tenha me contado, ou que ele saiba que eu tenho conhecimento sobre a vida dele. De qualquer jeito, é tudo público. E, te juro, se eu não me conhecesse tao bem, depois desses anos todos de convivência com a minha aparência, poderia confundir o rosto dela com o meu. Só os olhos que não. Os olhos dela me intimidam. Eu não deveria estar aqui. Nunca foi o meu lugar. E, apesar de todas as semelhanças, ele não parece me notar nos gestos dela. Eu costumava tocar violão graciosamente, mesmo que canhota. Talvez eu seja o lado esquerdo dela. Ou talvez ela seja o que eu tentei ser e não consegui. O fato é que ela vê graça naquilo que eu perdi e isso eu realmente não entendo. Talvez, um dia, ele me explique.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Das coisas que eu não entendo

Eu acho que nunca vou entender - e eu não vou fazer o menor esforço para chegar perto disso - o que faz alguém trocar coisas certas e, sei lá, concretas, que realmente importam, pelo incerto, que não oferece garantias. Eu não falo de ousar, arriscar, fazer uma mundança radical na vida, mas simplesmente aplicar o que se aprende.

No fundo, a verdade é que as pessoas funcionam umas com as outras ou não. Simples assim. Um olhar torto no primeiro encontro mudaria tudo, mas ainda assim não seria definitivo. É difícil encontrar gente que pense parecido. Não exatamente "pensar" no sentido de querer salvar o mundo com uma ONG ou ter a mesma cor como favorita, mas pensar no sentido mais ação da coisa. Por mais que opostos se atraiam, as semelhanças sempre serão necessárias para a harmonia da relação. E, cada vez mais, eu vejo que dias e dias dialogando sobre como agir, na mais profunda paz, não substituirão o conforto que é não precisar explicar nada, só sair fazendo. Tipo aquela coisa de tu ver uma situação inusitada e olhar para o teu amigo na mesma hora em que ele te olha: por mais comum e inocente que isso seja, a sintonia no comportamento explica muita coisa.

Amizade é pra ser assim, confortável. Jogar videogame de moleton, comendo algum salgadinho fedorento e tendo a liberdade de falar o que quiser, sem se preocupar com opiniões divergentes. Às vezes, enxe o saco aquela coisa de falar manso e evitar se destacar porque isso pode ser entendido de maneira errônea por alguém. Incrivelmente, a ditadura ainda existe, infiltrada nessas pequenas condições das relações humanas. Como aquelas campanhas de televisão, que buscam de alguma forma trazer informação ou minimizar o preconceito com algum assunto... elas podem englobar muita gente, mas ainda assim não são cento por cento eficientes. Hoje, prevalecem os grupos. Grupos variados, grupos de qualquer coisa - mas, ainda assim, alguma coisa que sirva de critério para unir pessoas diversas. E quando surge algum questionamento, ainda que em tom de dúvida e não de crítica, ele é visto como uma ameaça e, muitas vezes de forma sutil, o membro é afastado para longe, depois para bem longe, até estar seguramente distante. É como se às pessoas fossem frutas podres e tivessem que se unir em espécies, mas de maneira menos orgânica.

Eu tinha intenção de falar que a vida é engraçada e que me cansa ter que falar com os outros (não todos) como se eles fossem crianças, daquele modo "deixa que a mamãe te ajuda", em que, notado qualquer sinal de beiço, se deve voltar atrás e fazer de novo a cortina do paraíso cair sobre a realidade. Simplesmente não flui.

E tem coisas que eu prefiro nem entender, porque concordar com elas seria negar a minha inocência diante dos fatos. Quisera eu me passar por ingênua ao invés de ignorante. Mas não sou eu quem decide isso. E eu me sinto um metro e meio de angústia quando as minhas palavras não chegam nem perto da consciência de quem deveria ouví-las.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"Remember to breathe."

Eu achei isso numa letra de música, essa idéia do "lembre-se de respirar". Depois ouvi mais vezes, na boca de outras pessoas. E, por mais simples que seja, o efeito é grandioso. Muitas vezes é o que te dá força durante uma situação difícil: não é necessário sair do lugar ou o apoio dos outros, apenas se conscientizar de que você precisa se dar um tempo. Fechar os olhos, encher os pulmões de ar e encarar de novo o mundo: a receita não é nenhum segredo. A frase é mais sutil do que dizer "calma" (que causa um efeito um tanto contrário à intenção), mais fácil de entender porque não se trata de uma longa e complicada metáfora e, principalmente, mais fácil de ser seguida porque não exige nada mais do que alguns segundos. E como é que alguém se esquece de respirar?! É claro que não acontece literalmente, apenas naquele plano mais alto do que as ações do corpo. Onde estão os pensamentos, que seja. Não se trata de pregar uma política "não faça hoje o que se pode deixar para amanhã", apenas lembrar que é necessário respirar - sem mais significados diversos.


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Talvez eu precise me ocupar mais ou aprender a respirar sozinha, sem que alguém tenha que me lembrar o tempo todo do que eu preciso e o que é necessário para fazê-lo. Eu costumava não depender disso, costumava ditar as regras - respirando do meu jeito. Não é o caso de falar que "o jogo virou", uma vez que eu não vejo mais esse tipo de coisa desse jeito tão banal. Só me senti infantil em me achar tão preparada. Nem sempre querer é poder, nem sempre a minha vontade é a do outro - mesmo que seja para o bem dele. Nem sempre se ganha. E, melhor do que desistir no meio do caminho, vale mais a pena tentar, nem que seja pela última vez. Parar para respirar... O engraçado é que a "última vez" que a gente tanto fala nunca é a última (até que seja a última de verdade). Ok, o que eu escrevi é óbvio, mas o fundo de verdade abrange mais do que isso. Os problemas são uma constante e os lugares de onde tiramos força também, ainda que mudem de tempo em tempo. Estar sempre atrás de objetivos pode ser complicado, mas estar diante de dúvidas e nuvens pode ser ainda pior. Não saber o que esperar às vezes fere mais do que a decepção, que vem como uma flecha certeira - diferente de uma bala perdida, que parece chegar sem motivo, de lugar nenhum. Lembrar de respirar, lembrar de respirar, lembrar de respirar... melhor anotar no caderninho.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Cinza das Horas


E existem horas que não há música que saiba explicar o que se passa. Tipo quando a conversa acaba de repente, com palavras alegres ecoando em extremo vazio. E a sensação de bem estar se esconde atrás daquela expressão que não diz nada, absolutamente nada. A mais vaga lembrança do que é imperfeito provoca o despertar quase que instantaneamente. E coisa vai, coisa vem; algumas mudam, outras desaparecem de vez: quase não há alternativa para uma provável melhora na situação. Por mais que se tente provar o contrário, a felicidade individual prevalece sobre o desejo comum, o desejo de que todos tenham motivo para estampar um sorriso no rosto. O ser humano é egoísta, é egoísta e isso não é errado não: faz parte da sobrevivência. Porque, ainda que sejam grandes as diferenças, somos também animais: tanto ou mais do que os que conhecemos. A diferença, a singela diferença é que eles não pensam ou não sabem disso - e isso é uma convenção determinada pela nossa espécie. E quem quer saber de espécie quando se está no meio da rua, entre várias e várias pessoas que nem se importam?! E a não-importância também não é motivo de nada, não é justificativa para nenhuma culpa que possa haver. E o botão é apertado, e de novo e de novo. Nenhuma música que fale por mim. Preferível ouvir a sirene dos automóveis, entender que existe mais no mundo do que o meu próprio mundo. A própria compreensão tem seu limite: tem horas que, não importa a força da amizade, da profissão, da experiência - saber mais ou menos da vida não vai ajudar, uma vez que são olhos diferentes a encarar o horizonte. E sentir é bom, sentir é essencial. Quase vital e tão fatal. E vão existir dias em que, por melhores que forem as suas ações, você vai chegar em casa, tirar os sapatos e não querer abrir os olhos de novo até que uma nova manhã comece - e ela pode ser a próxima ou a última, acontecer dentro de horas ou dias. E pouco importa se tem cocô embaixo do seu sapato, a lâmpada queimou, o computador não quer funcionar: quando o problema é interno, não há preocupação externa que o faça se voltar para a realidade que acontece ao seu redor. Ou talvez você seja diferente. Eu não tenho certas responsabilidades ainda, não sei falar com a mesma sinceridade de quem já construiu sua vida fora do berço. Só acho engraçado como a minha falha é o acerto de um e o erro desse alguém surge em mim como uma qualidade. E dessas coisas indescritíveis, impalpáveis, infinitas eu não sei falar mais do que isso. Voar parece ser cada vez mais difícil.
Ps: sobre o título, eu não sou fã do Manuel Bandeira.

domingo, 23 de novembro de 2008

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"Antes de tudo, devemos esclarecer a essência da aura. Todos os pensamentos e atos humanos pertencem ao bem e ao mal. A espessura da aura é proporcional à quantidade de pensamentos bons e maus. Internamente, quando uma pessoa pratica o bem, sente uma satisfação na consciência. Esses pensamentos se convertem em luz, somando-se a luz do corpo espiritual. Quando, ao contrário, os pensamentos e atos sãos maus, estes se convertem em nuvens do corpo espiritual."
http://www.misteriosantigos.com/aura.htm


"Emoções conscientes tendem a modificar a cor da pele da pessoa observada, dando às vezes uma impressão de alteração da sua textura. Estados emocionais semi-conscientes teriam maior propensão a projetar um halo luminoso, de uma distância de alguns centímetros até um metro do corpo, o que cria um efeito de campo detectável por quem esteja próximo, uma explicação para produção de simpatias ou antipatias, aparentemente gratuitas, mas que são efeitos de um fenômeno similar à influência de um campo magnético.
Aura verde: Autoconfiança, capacidade de resolver problemas e de perdoar e de amar a paz; sensibilidade. É organizador, planejador e estrategista. A predominância da cor verde na aura das pessoas indica saúde e vigor. Esse tom costuma aparecer com grande intensidade na região da cabeça, pois está associado á atividade mental. Nos animais, a aura verde indica mansidão. Nas plantas, demonstra a emissão de fortes ondas de energia positiva, sendo muito comum nos vegetais dotados de propriedades curativas. Os objetos de aura verde são de uma autêntica fonte de positividade. Costumam apresentar esse tom depois de terem sido tocados por pessoas que estão de bem com a vida.
Aura amarela: Capacidade de dar e receber; ter esperanças; a saúde e a família desempenham um papel importante. Tem o dom de trabalhar em grupo harmoniosamente. O amarelo é uma das cores cinestésicas do espectro; isso significa que uma pessoa com aura desta cor tem uma reação física antes de ter uma resposta emocional ou intelectual. Quando ele entra numa sala cheia de gente, sabe de imediato se quer permanecer ou não. A predominância da cor amarela na aura das pessoas indica inteligência, facilidade para se comunicar e para aprender e supremacia da razão sobre a emoção. Nos animais, pode ser sinal de doença, debilidade física ou tristeza. Nas plantas significa falta de vitalidade, especialmente se a tonalidade do amarelo for muito fraca. Já os objetos de aura amarela costumam ser dotados de pouca energia ou emitir vibrações ruins.
Aura azul:Capacidade de cura através das próprias energias mentais e espirituais; age sobre os outros de modo agradável e calmante; altos ideais de vida; sinceridade. O Azul personifica as características do cuidado e do carinho. É a cor da aura que mais se preocupa em ajudar os outros. Predominância da cor azul na aura das pessoas indica paz interior, harmonia, saúde equilibrada. Bem estar, descanso e autoconfiança. Geralmente se manifesta com maior intensidade após um ato sexual satisfatório e durante o sono. Nos animais, a aura azul é sinal de felicidade e de satisfação com o tratamento que vêm recebendo do dono. Nas plantas, indica propriedades tranqüilizantes e analgésicas. Nos objetos, pode ser interpretadas como uma emanação de fluidos positivos.
Aura laranja: Sua busca espiritual é, na verdade, uma busca de um sentido de vida além de si mesmo. A predominância da cor laranja na aura das pessoas indica capacidade de realização, sensualidade, boa saúde, versatilidade e dinamismo. Nos animais é sinal de manifestação dos instintos (fome, sede, desejo sexual). Nas plantas, indica a produção de sementes ou o nascer das flores. Nos objetos, expressa um grande potencial energético (é comum na aura de sinos e de objetos religiosos em geral).
Aura dourada: Adora saber como e por que uma determinada coisa funciona, e lança mão de uma paciência infinita. A espiritualidade, para a pessoa de aura dourada, é o estudo da ordem superior do universo e de leis e princípios que o governam. Ele quer entender a organização mental, as leis ou as probabilidades que geraram a ordem no interior do caos espiritual. A predominância da cor dourada na aura das pessoas indica espiritualidade elevada e prosperidade. Ela surge com mais intensidade na região do tórax, pois está associada ao amor, qualidade inerente ao centro energético do coração. Nos animais, o dourado expressa felicidade. Nas plantas, simboliza suavidade e fluidos positivos. Nos objetos, mostra que foram tocados por uma pessoa bem intencionada.
Aura Vermelha: Ênfase no modo de vida material; sucesso alcançado através da dedicação pessoal completa; saúde física estável; tendência à irritabilidade quando contrariada. A predominância da cor vermelha na aura das pessoas indica vitalidade, excitação coragem e forte energia sexual. Porém se estiver muito concentrada num determinado ponto, pode ser sinal de um distúrbio. Nos animais, exprime instinto e vigor, ao passo que nas plantas está associado ao crescimento. Nos objetos, indica que eles foram tocados por alguém que estava entusiasmado ou ansioso e que os deixou impregnado dessa energia.
Aura violeta: Espiritualidade bem desenvolvida; inspirações criativas; capacidade de transformar os sofrimentos pessoais em fatores positivos para o próprio destino. O violeta é a cor do espectro mais próxima do equilíbrio psíquico, emocional e espiritual em vigor no planeta neste momento. A predominância dessa cor na aura das pessoas é expressão de poderes mediúnicos, capacidade de compreensão, saúde e mentes equilibradas.Quando surge nos animais, a aura violeta significa satisfação e fidelidade. Nas plantas, é sinal de uma força positiva tanto que as violetas e as flores de lótus que simbolizam a espiritualidade, costumam ter a aura dessa cor. Nos objetos, indica uma forte concentração energética, e, geralmente se manifesta depois que o objeto foi tocado por uma pessoa espiritualmente evoluída.
Aura prateada: Um curandeiro, médium natural. Utiliza energia para transformar luz em raios que curam, seu maior desafio é aprender a se conhecer e descobrir seus dons especiais.
Aura Anil Índigo: A aguda perspicácia intelectual é um dos aspectos mais gratificantes e mais exasperantes, é brilhante e inquiridor, com uma inteligência que vai muito além dos conceitos mais tradicionais.
Aura cristal: A predominância dessa cor (uma espécie de névoa brilhante e branca) na aura das pessoas indica dons telepáticos, poder de cura, para normalidade, pureza e bondade. Costuma se manifestar com maior força nas mãos de massagistas e outras pessoas que lidam com cura. Nos animais é sinal de capacidade de adaptação. Nas plantas, a aura cristal tanto pode significar positividade quanto falta de vigor e vulnerabilidade. E, nos objetos, a aura cristal, expressa o poder de receber e emanar energias."
wiki

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

amor fora da lei


Com os pés no chão gelado pelo frescor da madrugada, ela abriu a geladeira e tirou do centro a única coisa que ali havia: uma jarra transparente, contendo um líquido ainda mais cristalino. O som da água encontrando o fundo do copo ecoou no silêncio da noite clara, de poucas nuvens. O céu, que anunciava o princípio da manhã, foi apreciado pela fresta da janela. A brisa deliciosa, de arrepiar a pele, era constante nessa época do ano.

Uma xícara de café seria mais do que o suficiente para um despertar agradável, mas ela queria mais e, junto com o conhaque, degustou dois bombons de uma caixa de chocolates franceses. Lambeu os dedos e os secou nas laterais da regata cinza e comprida que vestia. Os azulejos, os bancos e todas as nuances que aquele dia 21 poderiam oferecer foram apreciados com estima. Tudo estava tão blue. E, sem mais nem menos, ela começou a se perguntar sobre a noite passada.

Caminhou com passos leves até a cama, onde um homem dormia esparramado sobre o edredom. Parecia ser bonito, realmente bonito. Suspirou profundamente e inclinou-se, acomodando o copo no chão, no lado esquerdo da porta. Curvou o corpo ainda mais e agora engatinhava em frente aos móveis, com o olhar sorrateiro de quem procura determinado objeto. Não demorou para concluir que o tal não estaria embaixo do colchão. Resolveu experimentar o clássico: pôs-se, então, a vasculhar o gavetão de meias e cuecas. Ali estava a minúscula chave.

Um último gole antes de empurrar, com o pé, o copo para debaixo de uma cadeira, de forma a tirá-lo do caminho. Olhou carinhosamente para o dono dos ruídos de quem se deixa levar pelos sonhos. Voltou-se para a parede, sorrindo com os lábios. Não existia maldade naquela cena, nem pureza naquele ato.

Nada mais previsível do que esconder um cofre com um quadro. E não era um quadro qualquer: não exibia o corpo de uma mulher seminua, nem flores ou figuras geométricas, mas uma paisagem escura e até triste, em tons de cinza e azul. A vida em grafite sempre atraiu aquela mulher. Tirou cuidadosamente o retângulo da parede, sem hesitar. Não sentia nem um mínimo de ansiedade, o que talvez declarasse sua falta de caráter. Mas não era assim de verdade.

Em poucos minutos, a chave estava no seu devido lugar; o copo brilhava limpo e seco; o tapete do banheiro voltara a ser desarrumado, com jeito de gesto de homem. Ela pensou em devolver a roupa dele ao sair, mas sentiria falta daquela recordação. Ao invés disso, esticou sobre a poltrona da sala o lindo vestido preto que usara na noite anterior, em troca da regata cinza. Borrifou o vestido com seu perfume e deixou um cartão sobre a mesa, ao lado da garrafa de conhaque vazia.

Despediu-se silenciosamente do apartamento, lamentando a impossibilidade de voltar. Mas valeria a pena toda a saudade: vários e vários dólares na mão a fariam esquecer de qualquer coisa, qualquer coisa. Repousou sobre o cinzeiro o cigarro manchado de batom e, ao ouvir o som dos lençóis se movimentando com o balançar de um corpo, levantou-se de imediato, calçando os escarpins pretos e envernizados. Antes de bater a porta, seus olhos cruzaram-se com os dele, que ainda não estavam bem abertos - desavisados.

Antes fosse uma experiência única, na qual uma mulher atraente de uma festa qualquer rouba dinheiro do cara com quem passou a noite: muitos foram vítimas da mesma. E acabava sempre assim, silencioso. Por mais blue que fosse, esse era o estilo de vida em tons grafite do qual ela tanto gostava. Não havia reação masculina diante do incrédulo, nem culpa por parte da amante: fazia seu serviço, e bem feito - não era por isso que precisava ser paga. O caso não se tratava de como sobreviver às custas do furto, mas da solidão - se apaixonava todas as noites e, ao acordar, só encontrava um jeito de se afastar: se não fosse pela dor da irreciprocidade, que nunca chegou a conhecer, provocaria um jeito de envergonhar-se e, a partir dessa atitude, fugir.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Wikilennon

"Segundo John Lennon, o nome “Beatles” surgiu após uma visão que teve de um homem misterioso, que dizia para substituir a terceira letra, “e”, por um “a”. Beetles, o nome original, significa “besouros”. Existem boatos sobre essa possível visão. John adorava ler, apreciava Edgar Allan Poe e outros autores da literatura gótica e sabe-se que anos antes, na mesma casa em que os Beatles estavam hospedados na época, segundo uma lenda, viveu um mágico alemão (Dr. Pepper) cujos poderes foram conseguidos através de cultos com Satã. Na visão, o vulto misterioso oferecia sucesso ao cantor, prometendo que voltaria quando John atingisse o auge da felicidade. Apesar do sucesso, John constantemente se mostrava triste ou irritado, melancólico com o futuro que estava por vir. Em 1968, esse anseio pela morte contagiou suas canções.
O símbolo da Apple, gravadora dos Beatles, é uma maçã verde, fruta da tentação e do pecado nas histórias bíblicas. Já no "Álbum Branco" (1968), a música Revolution 9 mostra gritos, sons de guerra, uma trilha sonora horripilante. Ainda em 1968, John se veste de mago para um programa dos Rolling Stones, onde canta “Yer Blues”, música de profundo desespero e morte. Nesta época, John conhece Yoko Ono, em uma exposição de arte. A garota passou grande parte do tempo atrás dele, buscando patrocínio. Ele ainda era casado com Cynthia Powell, com quem teve um filho (Julian Lennon). Após uma viagem da esposa, em que iniciou um romance com Yoko, John se divorciou. Casou com Yoko em 1969, alegando “Do jeito que as coisas vão eles (ele – o vulto) vão me crucificar”. John também ainda disse, em uma entrevista à uma revista, que o único estilo de música verdadeiro era o Blues (onde os artistas contam histórias de encruzilhadas, pacto com o diabo e infelicidades). Para acentuar ainda mais as polêmicas, John afirmou que viu, em 1974, da varanda de sua casa, um OVNI cruzar o céu.
Com Yoko Ono, John deu início à sua carreira solo – quando ainda era integrante dos Beatles. Sem sucesso, ele lançou seu primeiro álbum, Two Virgins, no final de 1968. Fora um álbum experimental, com gravações caseiras, cuja capa causou polêmica: o casal aparecia nu. Se casaram em Gibraltar, em março de 1969, e após uma separação de cerca de um ano, em 1973, onde John se dedicou a outra mulher, , eles tiveram um filho chamado Sean Lennon, em 9 de outubro de 1975.
Em dezembro de 1980, na noite do dia 8, John foi alvo de quatro dos cinco tiros disparados por um calibre 38. Estava na frente do edifício Dakota, em Nova Iorque, em frente ao Central Park, onde morava com Yoko. Seu assassino foi um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy, cujo nome era Mark David Chapman. Era um fã dos Beatles e de John, esquizofrênico, que dizia ter ouvido vozes que o mandavam matar o músico. Foi preso sem resistência, horas após o crime, e condenado a prisão perpétua. Justificou o delito com a afirmação de que metade dele era o Diabo e, a outra metade, Holden Caufield – protagonista do livro que trazia nas mãos, “The Catcher In The Rye” (O Apanhador No Campo De Centeio), de J.D. Salinger."

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Lennon




sei lá. tô sem tempo de escrever e sem inspiração. isso daí eu tinha salvo no pc e não expressa a minha opinião - muito menos uma oposição (vai saber...).


sábado, 1 de novembro de 2008

Sopro

Perguntou primeiro se algo havia mudado, se as coisas tinham mudado de cor. Obteve um não bem exclamado como resposta. A pergunta seguinte fora sussurrada, à beira de um assobio manso. Não queria discussão: bastava um sim ou um não. Simples assim. Sem frescuras ou ameaças do gênero "se você confirmar essa história, eu faço as malas e parto hoje mesmo" - mesmo porque esse tipo de frase não costuma passar muita confiança, nem mesmo para quem a pronuncia. Queria ouvir o que ele tinha a falar e, se caso não existisse algo para ouvir, consentiria com um "tudo bem" - mais uma vez em tom de voz baixo, de timbre adocicado. Nunca entendeu o porquê dos gritos, das encenações que se criam sobre problemas tão tipicamente humanos. Perguntou, sem rodeios, se ele tinha beijado outra. Não usou a palavra traição - até porque o significado disso é bem diferente para cada indivíduo; até porque é mais fácil admitir os malfeitos se a própria vítima não encarar o ocorrido com olhos arregalados. Se surpreendeu com a negação que mais parecia um texto de reticências, mas não se atreveu a repetir a dúvida em voz alta. Aquele pesar todo não fora de graça, nem desprovido de alguma intenção: primeiro se prepara o terreno para, depois, atear fogo. Não houve contato visual nem toque de mãos: ainda não inventaram um telefone tão cheio de recursos... Alguns minutos depois, a confirmação fora inevitável - a explicação também. A situação fica crítica quando o maleficiado consegue concordar verdadeiramente com o autor do crime. Não fora nada digno de uma manchete no jornal - e grande parte disso se deve ao fato de ela não ter suspeitado nem um pouco da inconsistência da notícia: assim que soube, questionou-o com calma e sabedoria. Melhor assim: não houve teatro, nem promessa, nem sermão. O que ficou talvez tenha sido uma pequena cicatriz, daquelas que te fazem crescer assim que se formam na pele - o tempo nunca é insuficiente para o aprendizado (há quem diga que é o contrário!). Um pouco de amargura, talvez. Mas o fato é que não fora uma verdade doída, do tipo sentida e absorvida, mas uma inconstância evitada pelo cotidiano da vida moderna. Seria mais fácil deixar os dias varrerem os cacos para longe, afastarem a ruína do centro das atenções - e não foi muito diferente quando ela disse, mais uma vez, que "tudo bem". Não existia mala para ser feita ou adeus para ser dito, mas um abraço sincero como prova de que as relações têm disso também, desses tropeços no caminho. E não existiu um sentimento de vingança, senão o da infelicidade momentânea: não aconteceram atitudes que seriam diferentes caso a resposta para a pergunta fosse outra. Ele sentiu alívio, sorriu sem entender - talvez porque fora perdoado antes mesmo da reflexão, talvez por achar tudo aquilo muito leviano. Ele estava acostumado com regras, penalidades, perfeição de mentira. Ela estava acostumada a fechar os olhos - no clímax de um beijo e à beira dos precipícios.


sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Linha tênue.

Ela prometeu não chorar; ele prometeu não partir. Ele partiu e ela chorou, inconformada. "Foi ele quem quebrou o trato primeiro", pensou. Mas sabia que aquela não tinha sido exatamente uma escolha... assim como, sabia, ele entenderia - se isso fosse possível - que ela estava em situação semelhante, exceto pela distância de tempo que afastava os dois. O espaço entre eles não era maior do que alguns metros, visto que ela estava ao pé de sua lápide.

O sol estava se pondo - a tarde não fora muito animadora. Mais um desses dias com cara de nada. Ela ficou ali pensando, fazendo aquelas coisas que a maioria das pessoas parece fazer - pelo menos nos filmes: lembrar de uma ou outra frase que o falecido costumava dizer, numa tentativa de imortalizar seu pensamento, por mais insignificante que fosse a mensagem. Como se toda palavra dita merecesse glória. Realmente: algumas coisas só recebem valor depois de perderem o que faz com que sejam concretas.

Existe toda uma idealização em cima do estilo de vida onde se escondem certas emoções, ditas "fraquezas", do olhar de outrem. Ele não sabia que ia morrer, bem como ela não imaginava que, de um modo só, fosse quebrar duas promessas. Ou quem sabe três, quatro... Não ficaria com ele para sempre, nem morreria por não tê-lo por perto, não conteve suas lágrimas, nem soube alimentar sua imagem de invencível - mas ele fez o mesmo, o maldito. E se foi assim, sem dar aviso: verdadeiro absurdo!

Passou pelo portão arriscando a tentativa de um plano B - se atirar na frente do caminhão de lixo, que fosse -, mas sabia que a diferença já existia. E o problema maior não seria enfrentar a vida como ela é, a morte que chega repentina ou a dor de um adeus silencioso, mas a impotência que havia em tudo aquilo. Quebra-se a rotina, quebra-se os desejos.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Colornight

Eu fecho os olhos e vejo manchas coloridas. E elas se juntam, se misturam e se separam de forma tão aleatória que é como se eu sentisse cada um dos meus olhos se voltar para um eixo independente do outro, como se eu fosse uma iguana ou um desses bichos verdes. E, se eu eu penso nessa coisa de que não faz sentido ou não existe possibilidade de ser real o movimento, as cores todas desaparecem e fica um preto borrado tão amargo que se torna inevitável levantar as pálpebras. É como se a razão interferisse diretamente na magia da coisa. E toda a situação é uma coisa tão particular, mas tão particular... eu adoro brincar com isso, mas acredito que passe despercebido para grande parte das pessoas. Como quando a gente fecha os olhos ao deitar num lugar descampado, num dia de sol forte. A luz praticamente cega, então os olhos se fecham e dão lugar para um laranja com bolas amarelas maravilhoso. Ou não, fica meio vermelho - e os olhos ardem e pedem pelo azul. O azul de sempre, confortável, macio, brincalhão... que se converte em roxo e verde, às vezes em rosa... O azul de sempre, que surge mesmo no escuro. Aliás, os feixes azuis estão por toda parte. E eu acho isso uma coisa bizarra. Quer dizer, eu nunca sei o limite... até onde a física (ou outra disciplina) explica e até onde a coisa passa a ser fantasia, ou sobrenatural. Pelo menos o fenômeno dos círculos brincalhões, de cores variadas, acontece sempre... ao contrário do contorno luminoso de coisas vivas e mortas, que só aparece nas horas menos convenientes - ou, pelo menos, não quando se deseja. Tipo quando o assunto está muito bom e de repente você fica meio off da conversa porque está concentrado nas mãos da pessoa, que de repente ficaram com uma linha colorida. Não é nada muito doente pensar nisso. Dá até pra comparar com aquele e-mail que circulava por aí, há uns milênios atrás... com uma imagem de jesus meio torta, em preto e branco. Daí, quando se piscava olhando para uma parede branca, se via a imagem bonitinha dele. Eu misturei os relatos, porque eu não acho que tenha tanta relação a coisa das luzes coloridas de quando fechamos os olhos e brincamos pelas superfícies com a coisa de ver linhas fixas, que seguem pessoas e enfim. Baby, tô com sono. Hoje a minha mão tá verde-amarelo-fusquinha.


ESSA COR É PROPOSITAL PARA INCOMODAR OS SEUS OLHOS E TE OBRIGAR A PISCAR MAIS.
(Mas eu sei que você sabe selecionar o texto com o mouse e acabar com o problema.)

que tri, essa imagem é muito parecida com a de baixo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

dis-simulando.


Tinha uma impressão digital aqui na tela do monitor e eu "apaguei" ela com o meu dedo. Ok, era só uma maneira interessante e monótona de iniciar um texto, que por sinal é só mais um. Mas that's ok. Eu cheguei muito acabada e me permiti parar de fazer um prova (de biologia, em que faltam umas cinco questões para acabar) e, bem, adiar as outras cinqüenta questões super gostosas de química e geografia para outra hora qualquer, quando minha cabeça estiver longe de parecer um tomate (?). Na verdade eu falei das questões mais para me satisfazer mesmo do que para para "impressionar", se é que isso cabe aqui. Eu acho que ninguém vive direito sem passar pela etapa de se descabelar pelo vestibular, mas isso é só um pensamento interno, não vou explanar o drama construtivo. Na verdade eu vou ficar falando sobre nada, até me dar vontade de parar. Eu demorei três vezes mais para chegar em casa, depois de ficar umas duas horas num hospital ouvindo sobre coisas MUITO abstratas. A experiência foi meio estranha, em parte porque foi meio difícil esquecer que as pessoas não falavam alto nem nada por quase o mesmo motivo das paredes serem verdinhas. E, por mais que eu não pensasse nisso antes, eu passei pela portinha da saída olhando para uns dois velhos que estavam ali em pé, não sabendo se eram estranhos esperando por alguém ou, enfim, por um exame ou sei lá. Isso me lembrou de uma cena, uma vez, que eu vi em outro hospital há um ano ou por aí. Mas eu não queria entrar nessa coisa de falar de ambientes que te fazem pensar ou sentir, nem sobre porque Psicologia pode ser útil. Tudo pode ser útil, não vou entrar nessas de achar o que eu gosto especial. Apesar de suspeitar profundamente de pessoas que adoram ler livros enormes e bizarros só para beijar os pés do autor, ou estudar engenharia cartográfica numa sexta à noite, mas tudo bem: existe louco para tudo - e, para cada um, um psicólogo. Digo. Ok, isso foi uma brincadeira cretina. Hoje eu usei suspensórios legais sem me sentir corcunda. Peguei o ônibus mais cheio da minha vida também, mas por incrível que pareça poderia ter sido muito pior (deve ser priminho do T4, ainda não ficou grandinho o suficiente para se comparar ao mestre). Eu já nem sei o que queria falar. Só sei que precisava escrever. É sério, tem vezes em que eu me sinto tão incompreendida. Não no sentido dramático, mas ai! Eu ainda acho que as pessoas poderiam ter mais noção do bom senso - e menos do senso comum, mas eu vou parar por aqui. Tanta gente junta não pode estar tão errada, né. Sei lá, aula de filosofia e lógica e sei lá mais o que te faz ficar meio na Lua. Teorias discutindo a possibilidade da máquina ter pensamento próprio, decisões que independem da mão do homem; determinação de limitações para conceitos pré-formados... e, nisso, a conclusão de que é praticamente impossível a satisfação com a própria autodefinição. "Definir-se é limitar-se" - quem o disse não foi gênio, só manjava de latim. Grande merda. Quer dizer, eu pago um pau para latim e certas coisas que, enfim, fortalecem algumas crenças individuais, mas todo mundo tem o direito de pensar algumas coisas aleatoriamente e não explicá-las. Eu vi Olga ontem e O Nome da Rosa (pela trigésima vez), o que me fez ficar sonhando acordada um pouco - não com o tom de fantasia da Disney, só aquilo de te roubar a atenção durante ações cotidianas, tipo lavar as mãos com água fria (e como é bom com esse calor!). Eu não gostei de algumas coisas do primeiro filme, mas elas foram minoria. Na verdade fiquei com vontade de testar de novo algumas coisas. Quer dizer, tinha toda a questão do nazismo na história e, sem choro ou algo assim tão concreto, de alguma forma eu me senti sensibilizada. Tipo que eu vi a Lista de Schindler, gostei e tudo mais mas não consegui sentir nada muito profundo. Talvez por estar acompanhada de umas trinta cabeças que não fechavam a boca (eu não lembro dos detalhes, mas bem...). E ultimamente eu tenho me deparado tanto com sirenes de ambulâncias e carros da polícia e afins, e isso me deixa meio perturbada. A história da Eloá me deixou meio pensativa também. Que pressão que a mídia faz, cruzes. 90% da culpa do mundo vem desse poder distorcido da comunicação. Ah, eu também fiquei tendo idéias radicais sobre como educar crianças. É sério, meus filhos serão um exemplo de disciplina! E nunca vão fazer aquelas orgias com direito a presente (H.I.V.), como eu li outro dia. Que merda, as pessoas que fazem essas idiotices e depois sou eu quem tem que rever os conceitos. No fundo, me deprime pensar que eu estou fugindo de algumas coisas - mas é mais fácil pensar que eu estou encarando outras e tentando fazer o esforço valer. As minhas unhas se foram de novo (eu ainda as tenho nos dedos, ok?) e eu não sei o que dizer ainda sobre a dança. Ir ou não ir, eis a questão. Nesse ponto, eu tenho certeza que só eu entendo a minha dificuldade - não por maldade, mas porque as pessoas não têm a mesma vivência. Talvez eu fique esperando ouvir coisas sem dar a entender ou mesmo merecer que é preciso que alguém diga alguma coisa. O meu cabelo tá tão feio e eu ando tão indisposta para Literatura. Queria dar um pulo nas minhas futuras férias, com anime, sorvete e boa companhia para risadas e passeios divertidos - mas talvez isso sirva de motivação para baixar a cabeça, fechar os olhos e esquecer tudo o que não é o que eu preciso saber agora. Não sei agir em despedidas - e essa imagem me lembra alguém.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Camomila

E ficou a mexer a colher, observando o redemoinho de achocolatado que se formava sobre o leite morno. Olhava para o conteúdo da caneca sem realmente ver nada, indiferente. E quem se importa se o pó é dissolvido totalmente? Ela nem pensava nisso, não naquele momento. E, se é verdade que as coisas só existem quando consentimos sua presença e participação na nossa realidade, aquela colher, aquela mesa e todo o cenário estaria comprometido se dependesse apenas da vontade de Luísa. Contudo, felizmente ou não, aquela cozinha ainda era bem concreta, com todo o cheiro característico de pão a que tinha direito. Não foi obra minha: veja bem, eu nem participo da história - apenas apresento os fatos. O que não posso é dizer o mesmo de Ian: a culpa do pequeno apartamento não se transformar em ruínas foi toda do rapaz, que ainda lembrava de cada centímetro do lugar. Cada centímetro é realmente um exagero, ainda mais para ele: alguém que está sempre preocupado, ansioso, perdendo chicletes que caem dos bolsos, certamente não sabe dizer muito sobre a riqueza de móveis e paredes nuas. Ela costumava gostar disso, costumava achar adorável a desatenção do cônjuge. E não é que tenha deixado de gostar da característica... o caso é repetição do ocorrido no início: passou a olhar sem realmente ver. E essa não é uma história para narrar como é possível que um relacionamento tão forte tenha suas bases, suas fontes de afeto, destruídas ao longo do tempo ou pela convivência acumulada - como se dissolve achocolatado no leite. Se engana, também, quem imagina que os dois estejam juntos vivendo uma realidade mágica, de contos de fada. Fisicamente, Ian e a namorada parecem irmãos: os cabelos loiros do sol, desgranhados, encantadores e macios. Carregam dores diferentes no olhar: os olhos dela são mais cinzas, mais parecidos com a tempestade. A íris verde do olho dele não é capaz de falar muito por si só, mas traz um brilho irresistível. E caminhavam juntos no calçadão da praia, de mãos dadas, passos retos e constantes, porém com destinos diferentes. Dificilmente se cruzavam em sonhos e devaneios de apaixonados. Luísa tomava muita água durante o dia e muito café durante a noite, para se manter acordada. Ian chegava de madrugada, fazia torradas e sentava ao lado da amiga e amante no tapete felpudo da sala, para saber as notícias do dia - que nunca eram muitas, mas serviam de aperitivo para a lista de músicas que os embalava num sono aconchegante duas horas depois. A rotina mudava em sextas e domingos, quando pediam pizza ou dormiam em outras casas. Ele não gostava que a namorada visitasse Marcela, mas não interferia na amizade das duas. Por sua vez, ela não gostava de tê-lo distante, com o celular desligado: a verdade é que ele não dizia onde ia. Nunca disse. E por maior que fosse a certeza dela, sempre existia uma voz que repetia a dúvida "ele volta?". E, naquela noite, ele ainda não tinha chegado. Dentro de três horas o amanhecer seria inevitável - e, conseqüentemente, a tempestade também. Não falo da tempestade que vem do céu, mas daqueles olhos tão femininos e pequenos de pupilas dilatadas. Pouco importava o leite derramado ou a tal da Marcela, que a ficara esperando na porta de uma casa noturna: Luísa fazia do redemoinho marrom o seu relógio, onde a inconstância servia de ponteiro. A manteiga ficou sobre a mesa limpa, do lado dos pães - de cujos aromas já não eram os mesmos. Talvez fosse mais fácil resumir tudo com uma frase que expresse saudade, mas o sentimento humano vai além das palavras. Tampouco era tristeza o que sentia a bela moça. Digo bela, mas ela pode ser feia também - pouco importa sua aparência. Ninguém é tão bonito às quatro horas da manhã. Nem mesmo Ian, que girou a chave na fechadura uns dezoito minutos depois de Luísa adormecer sobre os braços. E, por mais desligado que ele parecesse, entendeu que havia algo errado: ao invés de café, chocolate; ao invés de um beijo macio e quente, um pedido silencioso de colo. Eu não hesitaria em dizer que a jovem se sentia como uma colher ou qualquer coisa material que precisa da devida atenção para se sentir viva, mas não seria justo com ela expressar a minha visão como sendo uma verdade universal. Só ela conhecia o que estava escrito nos olhos verdes do rapaz de cabelos de camomila - e o segredo e a moral da história dependem, primeiramente, dessa informação.


terça-feira, 14 de outubro de 2008

Ele.

Ele foi lá, sentou na cadeira e ficou só observando. Naquele lugar, ele não passava de um mero personagem perdido no cenário; aqui, ele pode ser quem quiser: é o personagem principal. Único e principal.

E ele quis que fosse assim, curto e rápido, sem floreios. Vontade seja feita.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Solitudine


Eu não sei se deveria me desculpar pelos últimos dias, quando a minha cabeça seguiu na direção oposta ao corpo, e o coração foi para o outro lado e, assim, foi realmente difícil que alguém me encontrasse inteira por aí, sem faltar um pouco de senso de humor ou sensibilidade ou mesmo um pingo de atenção e raciocínio. Ao menos meu alongamento melhorou. Sei lá, na real seria pior ainda já começar o dramalhão com isso de pedido de desculpas. Quem realmente tinha que ouvir isso já ouviu pessoalmente. Entre outras coisas, de repente mais óbvias e de mais fácil entendimento, o que me tira o sono é aquela reconstrução nostálgica de coisas que foram e não foram, do que falta ser dito e de como algumas palavras realmente não serão ditas. Eu não me sinto tão abalada com a distância, mas com a impossibilidade. Quando alguém está longe, ele pode continuar perto - basta vontade, lembrança, já não sei. Mas isso não me conforta agora. (Drama). E eu falei disso pra umas três pessoas e de repente não foi como eu queria que fosse, na maioria, e eu não esperava muito mais do que isso mesmo, afinal sou eu que tenho que sentir o que eu tenho que sentir (ótimo uso de palavras, dona Ivy), nem existe razão em esperar que mais alguém se fira com isso. E o fato é que talvez não mude nada mesmo, afinal a distância já existia. Só a impossibilidade, essa sim, nunca tinha se apresentado. E, num momento onde tu se sente um lobo gordo entre ovelhas meigas, ver pessoas se perderem no caminho, tipo água escorrendo pelos dedos, é realmente uma merda. Ainda mais quando é uma daquelas que te fizeram crescer e honrar o valor de uma amizade. So here i go...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Olá! Só passei pra dizer tchau.

E, hoje, no ônibus, eu encontrei um conhecido que me perguntou com uma cara suspeita se eu continuava a mesma. E já foi consentindo que sim, que eu não mudei. E eu pensando no que pensar. Porque eu não sei bem como ele me via ou como as coisas eram exatamente para saber o que foi modificado ou não. E, grande merda, não me importa (aquela velha história de "hey, babe, você não paga as minhas contas"). Mas eu me senti indignada um pouco pelo tom de deboche e um pouco por eu me sentir ofendida (sendo que foi tudo fruto de, sei lá, desconfiança). E, num dia como hoje, uma coisa bobinha dessas me deixou pensando uma série de coisas. Ouvir o cara falar com uma guria sobre coisas aleatórias e lembrar de quando era eu a "ouvinte oficial" (a pessoa pra quem ele tava dirigindo as palavras, não uma qualquer que escuta a conversa dos outros no ônibus), de quando tivemos conversas boas e construtivas sem existir esse olhar de "antes e depois". Eu não senti saudade, de um modo afetuoso, mas senti um pouco de remorso ao lembrar que um dia existiu respeito (eu não isso pela história do ônibus) e que ele se dissolveu por razões infelizes. Tá, mas isso foi uma linha. A página de hoje é pensar besteira, conciliar fatos que seriam melhores se "simplesmente não fossem", pensar em escrever um monte de coisas e depois me arrepender por ter atos insensíveis, mas também ser emocional demais. E é meio estranho quando tu pensa em uma coisa e de repente ela aparece na tua frente com o mesmo jeito de sempre, só que para te dizer que isso nunca mais vai ser assim. Eu já não entendo nada.

"E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração..?"

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Shining trough...


E eu sentei ali por uns minutos ou, talvez, horas, ou dias... Pouco importa. O bizarro foi aquela sensação que há muito eu não sentia, sobre tudo e sobre nada, aquela coisa sem nome que é o poder de se sentir realmente bem não pensando em nada, não vendo nada, não sentindo nada - e ao mesmo tempo tendo a certeza de que cada segundo estava sendo aproveitado ao máximo. Vento no rosto. Vento nos cabelos, um pouco de luz nos olhos - uma pequena confusão para manter a certeza de que somos humanos. Vento e barulho de gente, mas ainda assim o mais intenso silêncio. As coisas mundanas realmente perdem o brilho diante de um desses momentos de refúgio, que não são nostálgicos nem nos remetem ao futuro. E, só de lembrar, dá vontade de fazer isso pelo resto da vida - o que me conforta é que não é nada que possa ser planejado, com a possibilidade de dar certo ou errado, mas algo totalmente espontâneo. Tipo aquela chuva gostosa de verão, ou aquela música perfeita tocando em algum lugar repentinamente.

E eu olhei pro lado e vi outro de mim, ali parado. De olhos semi-fechados, com vento nos cabelos. E nada precisou ser dito, nada precisou ficar mais claro: a sintonia é causa e conseqüência. Liberdade e companhia, tudo no mesmo pacote. Impossível não se sentir realmente bem.

sábado, 27 de setembro de 2008

músicas para ouvir sozinho

(companhia é opcional, é claro)

1. quando tomar chá: my head is my only house unless it rains (everything but the girl)
2. para se balançar: smells like teen spirit (nirvana)
3. para montar coreografias sobre as lajotas da cozinha, comendo algum doce: no milk today (herman's hermit)
4. quando tirar a roupa: mad about you (hooverphonic)

5. para fechar os olhos e esquecer do resto: she's lost control (joy division)
6. quando sentir-se agoniado: everything (lifehouse)
7. ao tomar água fresca (nem gelada nem quente): quase nada (zeca baleiro)
8. e fazer as malas: pretty fly for a white guy (the offspring)
9. em momentos de egocentrismo: the world (nightmare)
10. num dia leve, de primavera: someday we'll know (
new radicals)
11. e pensar no que falar: feedback (nenhum de nós)
12. e refletir profundamente num dia cinza: unforgiven II (metallica)
13. ao voltar pra casa: unwell (matchbox twenty)
14. e cantarolar docemente: a waltz for a night (julie delpy)
15. e repensar sobre aquela faxina nas músicas do pc, enquanto varre o resto de comida do prato: reggae night (jimmy cliff)
16. ao fazer o xixi-pré-balada: cold hard bitch (jet)
17. quando sentir que foi deixado de lado: come pick me up (ryan adams)
18. e fazer performance: beat your heart out (the distillers)
19. para beber algo gelado, no gargalo, rebolando na frente da geladeira: eu não consigo ser alegre o tempo inteiro (wander wildner)
20. e se sentir na praia: já que você não me qu
er mais (seu cuca)
21. e pensar em sexo: one way or another (blondie)

22. e desejar cair na estrada: song 2 (blur)
23. quando se sentir brasileiro: isso é calypso (calypso)
24. e imaginar um filme: superafim (cansei de ser sexy)
25. num dia meigo: quelqu'un m'a dit (carla bruni)
26. e parodiar: saint seya (cavaleiros do zodíaco)
27. e fazer piadas de humor negro: somebody put something in my drink (children of bodom)
28. e lembrar carinhosamente de um amigo: never grow old (the cranberries)
29. no carro, de noite: voyage (desireless)
30. em época de fim de ano, de tarde, antes de ir para alguma festa entediante de família: thank you (dido)


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