terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Sobre algo bom.

"Hi, I'm love with you." - talvez, se eu pensasse em inglês, fosse isso que eu devesse dizer. Mas não faria sentido se eu te dissesse isso considerando o escasso número de palavras que trocamos, apesar de esse tipo de certeza vir muito mais da linguagem não-verbal e de todo o conteúdo abstrato que envolve as interações. Depois que eu gostei de ti com o cabelo bagunçado e a boca suja de leite, pouco poderia ser feito para neutralizar meu encantamento. Eu gosto do teu cheiro e de como parece que todas as estações te encontram ao longo do dia: outono ao acordar, verão durante o dia, primavera ao entardecer, inverno ao dormir. Gosto da tua impaciência, da maneira com que roças a unha na mesa durante o almoço. E gosto de te ouvir cantar, mesmo que isso signifique que minhas músicas favoritas perderão completamente o ritmo original. Então, eu prefiro não te dizer nada - porque falo muito mais de sentidos e sensações do que qualquer outra coisa. Não falo em coisas concretas e imutáveis, mas em pequenas ações que, ao longo do dia, são capazes de transformá-lo. Não mantenho nada em segredo, afinal não há o que esconder. Mas também não te surpreendo com gritos: por que limitar o que nem nome tem?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

@PropagandasDaDepressão

Vi umas duzentas vezes sem querer o comercial da Camila Pitanga em que ela fala que antes só interpretava papéis menores, mas que Rexona deu a ela a confiança necessária para ela ganhar papéis importantes. Eu fico triste com esse tipo de propaganda. Não tanto quanto me deprimo com comercial de cerveja, é claro, mas fico triste. Por mais que isso faça parte do contexto de atores de novela, eu não sei até que ponto eu conseguiria conversar com alguém normalmente, sentada de pés descalços no sofá da sala, sabendo que essa pessoa fica me lembrando a cada 3 minutos na televisão o quanto a vida dela mudou com um desodorante. Apesar de eu pensar que, realmente, problemas pequenos podem tomar uma proporção absurda quando não se encontra a solução, essa propaganda em especial me causa um desconforto, sei lá. Só não ganha daquelas propagandas de produto de limpeza. Meu deus, eu não queria ser uma daquelas atrizes por nada nessa vida! Como me passa infelicidade assistir aquilo. Nem os comerciais de produtos de higiene bucal me deixam tão traumatizada! As pessoas ficam com um sorriso radiante porque agora não precisam trocar a cestinha daquele negócio cheiroso que se põe no vaso sanitário. E outras vibram porque agora existe spray automático de inseticida. Acho que eu precisaria de uns quatro daqueles por cômodo se a minha casa fosse também moradia de mosquitos. Eu sei o quanto é exagerada e cheia de vieses essa comparação, mas as propagandas de perfume são tão melhores. Sério, mostrar pessoas bonitas e moderadamente felizes, com uma música decente, acho que funciona muito mais. Claro, aí não se tenta implantar uma necessidade - é simplesmente um perfume caríssimo que vai te fazer lembrar Paris, algo assim. Mas pelo menos não dá vergonha. Assolan, Vanish, Lojas Marabraz, Casas Bahia... eu não sei até que ponto é bom memorizar essas coisas. Porque eu não tenho uma lembrança agradável, pelo contrário. E isso me fez lembrar das propagandas de remédio, em que comprimidos pra gripe ou dor de cabeça têm seu nome falado por diversas pessoas, como se realmente algum dia alguém fosse fazer um musical no escritório com um Benegripe da vida ou "chamar a Neosa". Bah, que post deprimente. Isso que nem comentei ainda as propagandas de absorvente e as briguinhas entre supermercados. Em primeiro lugar, a Ana Maria Braga não vai no Carrefour. Ela tá sempre na Ilha de Caras ou lançando audiobooks de piadas com o Louro José. E, quanto aos absorventes, sei lá. Eu nunca deixei de fazer nada por estar menstruada e duvido que a maioria das mulheres seja diferente. No máximo evitar a piscina e tecidos brancos, mas nada tão suicida quanto as propagandas mostram. Porque, se a menstruação traz infelicidade, é em função da TPM, das cólicas e de todos os sintomas típicos e atípicos do universo dramático e ansioso feminino - o absorvente é a última coisa que vai me dar problemas. Enfim. Acho que vou correr pra ser uma das 100 primeiras e comprar logo minha Tekpix, meu Cogumelo do Sol e meu UltraCorega, beijos.


Ps: NADA ganha da vergonha alheia que eu sinto quando vejo os comerciais da Dolly e do Pó Pelotense.



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