sábado, 30 de maio de 2009

i melt with you

Te ofereço minhas palavras mais sinceras e o toque das minhas mãos nas tuas. Pretensão seria esperar que toda a minha felicidade fosse tua também ou que minha presença bastasse para alegrar-te. Não desejo coisas impossíveis, tampouco tenho medo de não realizar as possíveis: sei que, até onde posso, executo meus planos não-escritos. E, assim, calmamente, conheço tua pele como parte de algo maior e diferente de mim. Não exijo mais do que o teu respeito, mas me faz falta tua companhia. Provocas em mim saudade sem a dor da necessidade, alimentada com afeto e a mais pura vontade. Vontade de ti. Vontade de te ver, de te ter ao meu lado vendo o tempo se consumir, esfarelar-se. Teu sorriso ecoa em mim, bem como tua angústia - e, mesmo quando estamos em lados tão opostos, não deixo de ver-te com os mesmos olhos sonhadores. Minha fascinação tem fundo: é racional - mas também se justifica com o abstrato, com todos os verbetes que eu não sei dizer. Falo o que eu penso muitas vezes sem pensar, mas nem por isso minhas afirmações são menos verdadeiras. Por trás da intenção, existe a motivação. E, em cada gesto meu, existe o carinho de quem gosta de ti - e gosta de gostar. Tu és música, és poesia, és a resposta para muitas de minhas perguntas, mas também és minha maior e melhor dúvida. Quero que sejas livre para buscar o que te faz bem, quando e como achares que deve. Se tropeçares em mim no caminho, não espera mais do que já vês: te ofereço minhas palavras e minhas mãos - o resto é conseqüência.


domingo, 24 de maio de 2009

in my life...

Nossa, o Mercury cantando Bohemian Rhapsody me remete ao filme aquele da fábrica de chocolate. Ah, o último post foi tão deprimente. Escrever com uma pessoa te chutando do computador é realmente desagradável. Não ando com muita paciência ultimamente, mas isso é realmente justificável. De maneira geral, acho que as coisas vão melhorar. É, eu espero que sim. Continuarei sem muita paciência, mas terei gratificações por isso. Não exatamente por "estar impaciente"... enfim. Sabe, estou numa fase boa da vida. Primeiro semestre de faculdade, ao que me parece, é sempre do mesmo jeito para (quase) todo mundo. Minha psicóloga (só tive uma e parei de vê-la há um tempo) se equivocou nas suas previsões sobre meu infeliz destino. Mas ela não teve culpa, a tendência é mesmo eu ivyzar tudo. Acho que a ação do meu verbo, tentando interpretá-la como sendo algo bom e ruim, seria algo do tipo (olha a viagem...) "tirar da frente o visível / focalizar o interno". Ok, muito pouco modesto da minha parte e muito coisa de psicólogo. Mas, ah, eu realmente acho que estrago as coisas quando começo com isso. E ao mesmo tempo é o que eu sei fazer e, ainda que estrague as coisas, é o que me faz bem. Digo não gosto de estragar, mas enfim. Ok, lamentável. Depois da aula de sexta, segui de carro (não, não fui dirigindo ou algo assim) para um lugar não exatamente distante do mundo real, mas realmente bom para matar o tempo pensando em várias coisas - várias mesmo. Eu realmente gosto de ficar deitada olhando pro teto ou pra fora da janela. Devo parecer tri pastel, haha. Pior que eu tenho uma cara realmente pastel. Prefiro que isso não seja comentado, mas enfim. Haha. Ok. Bah, vi no uma mulher que eu achei muito engraçada e fiquei dando risadas aleatórias durante o dia. Hoje vi um gambá tão bonitinho, mas fofinho mesmo. E dois tucanos que faziam barulhos esquisitinhos. Sabe, acho meio platônica demais essa idéia de abandonar "tudo" e ir morar no meio do mato definitivamente. Não falo de coisas do tipo "precisamos de internet" ou, sei lá, "no interior, não tem as fábricas de calcinha do centro da cidade" (), mas sei lá... é uma realidade bonitinha para quem se criou nesse ambiente. Eu penso em morar numa cidade menor, aquela coisa de filme, de ser um velhinho feliz ou poder criar seus filhos "com mais liberdade e segurança", mas acharia esquisito lidar com o passar das horas de forma tão diferente: sabe, ainda uso relógio e despertador. Não me guio pelo sol. Eu pareço uma ignorante por falar as coisas desse modo, mas é claro que foi uma explicação um tanto resumida. Eu estou ouvindo músicas ótimas e pensando no que eu pensei durante a maioria do tempo em que estive out. Sabe, eu devo parecer ser meio ingrata, do tipo que é uma boa companhia (eu escrevi campainha...) só quando me convém. Meus exemplos para negar isso são dramáticos demais para caber aqui. Eu fico triste quando percebo que não passo 'segurança' nas minhas relações - digo, eu sou confiável mas eu mesma induzo o planeta a pensar o contrário. Até eu acredito mais no outro lado da história, eu acho. Capaz. Eu não sei até que ponto o passado realmente deixa de ser relevante. E não sei até que ponto minhas explicações são necessárias e convincentes. Quer dizer, por mais que sejamos um jogo de publicidade o tempo todo ao nos comunicarmos com as pessoas e 'vendermos' nossas idéias, eu realmente falo abertamente com uma dose de inocência que, muitas vezes, me deixa 'em maus lençóis'. Essa expressão é tão infeliz, haha. Gosto de passar horas argumentando sobre os meus conflitos e os dos outros, só tenho medo de que meu lado complicado realmente fique se exibindo... ele gosta de aparecer em momentos indevidos. Quando eu declaro aqui que uma coisa é ficção é porque, realmente, a cena não existiu. Eu não seria indelicada de retratar algo ruim com tanta clareza por aqui... digo "ruim" porque a maioria dos meus textos não são exatamente felizes. Gosto de discussões (não necessariamente "brigas"), do duelo entre razão e emoção - não que eu consiga ou tente passar isso pra cá (er...), mas realmente gosto. E tenho um pouco de repulsa por essa aspiração à alegria. Acho que podemos ser laranjas, podemos ter várias cores, mas não precisamos e nem devemos ter essa pretensão de viver isso o tempo todo. Como qualquer coisa na vida, que, em exagero, compromete o prazer. (Nossa, me senti meio Alexandre Pires escrevendo isso - na nova fase, não na era do bigodinho...) Mas, no fundo, é bem assim. Bem assim. Acho que foram duros comigo e não pouparam palavras - e pra sempre vou ter um nojinho da idéia de que "porque todo mundo faz alguma coisa eu faço também". Mesmo que, por vezes, eu compartilhe dela e, entre outras coisas, isso me torne uma hipócrita. Haha palavra forte, hun? É, eu andei pensando umas bobagens. Sabe, tem coisas que são julgadas como crime porque é mais fácil "a vítima" se declarar vítima do que aceitar que é culpada também. Ou porque não existe culpado, não existe um regimento... Tem um filme que eu gosto que fala um pouquinho disso. Quer dizer, que culpa você tem se, depois de casado, você conhece uma mulher casada e se apaixona? Tudo bem, a penalidade vai para as coisas que provavelmente aconteceram às escondidas... mas, ainda assim, é idiota: a ex-mulher do cara vai estar se sentindo uma merda porque ele já não sente o mesmo amor por ela - e a revolta toda vem desse ponto. Quer dizer, o cara não 'quis' se apaixonar. Enfim, eu estou falando de forma meio babaca, não queria que esse fosse o exemplo (peguei a idéia do filme, onde - aparentemente - foi amor à primeira vista... ou sou eu que estou sonolenta). Enfim, não disse nada com nada, mas acho que consegui expressar um pouquinho da minha angústia. Ando chateada com umas coisas. Quero dizer, comigo também. Não sei até que ponto é egoísmo tentar ser feliz 'apesar do outro estar infeliz'. Eu tinha lido uma vez que a gente ama 'apesar de' a pessoa ser assim ou assada e que, por isso, o amor e etc. é uma coisa bonita. Não, acho que não tinha esse desfecho. Mas enfim, eu acredito nisso. Tanto é que eu admiro pessoas com defeitos, de carne, osso e gordurinha. Com cabelos, sem cabelos, exóticas, estereotipadas... enfim, eu gosto de pessoas de verdade - como foi escrito há pouco... Eu me preocupo com pessoas que, teoricamente, "já passaram". Quero que a maioria delas seja feliz, muito feliz. E não gosto de como as coisas se perderam ao longo do tempo, digo a profundidade das coisas: "ficar", namorar, casar... não sei, ainda soa esquisito pra mim porque não se trata de uma linguagem universal. Eu, Ivy, só "fico" com pessoas que eu conheço e 'gosto' - não coleciono pulseirinhas da festa do beijo ou esse tipo de coisa. Meio adaptada e pretensiosa, mas ainda sou romântica em alguns aspectos. Dispenso as flores, mas aceito o cartão. (Achei essa frase tão boa, sério! Pena que possa ser interpretada como 'cartão-de-crédito'... não, ninguém faria isso por aqui, ?) That's it. Esse texto foi embalado basicamente por "In my life (Beatles)" e "Sea of Love (Cat Power)", então não poderia sair menos melado do que isso. 'Dispenso as flores, mas aceito o cartão'... Adorei.


Ps: essa foto ficou assustadora, mas azar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

us.used


____Ainda não era noite quando ele bateu a porta da casa. Saiu andando com as mãos nos bolsos do sobretudo, franzindo a testa para o vento carregado de folhas secas. Os cabelos curtos e pretos ficaram bagunçados e ele já nem lembrava quais eram seus planos para aquela hora. Caminhou por cerca de seis quadras ainda se perguntando suas motivações.
_____Certa movimentação naquela rua pacata chamou sua atenção: uma casa branca, de paredes rústicas - luzes acesas e barulho. Tocou a campainha sem pensar e, apesar de ficar surpreso com a rapidez com que a maçaneta girou, não deu sequer um passo para trás.
_____"Oi." Não reconheceu a garota no primeiro instante, mas logo que parou de sonhar acordado e fixou os pés no chão se deu conta de que talvez não fosse o melhor endereço para se estar. "Ah, oi." Olhou para o interior da casa, onde um grupo de cerca de sete pessoas parecia entretido entre copos, garrafas e almofadas.
_____"Hnm. O que você quer?" "Eu? Não, nada." Sentiu-se um verdadeiro idiota por estar ali. As pessoas que se divertiam na sala nunca foram agradáveis - isso não seria diferente agora que ele não passava de um ex-namorado de uma amiga delas. "Sabe, talvez você não queira acreditar nisso, mas eu saí de casa sem um propósito e vim parar aqui."
_____"É, isso é estranho. O que foi isso? ...Saudade?" "Não, não! Ah, desculpa, mas não... Sabe de uma coisa? Eu não te disse isso quando deveria, mas eu quero que você seja feliz. Feliz de verdade, entende? E, mesmo com todas aquelas coisas que a gente disse um pro outro... mesmo eu tendo gritado e você... enfim, mesmo depois de tudo que a gente fez, eu acho que você é uma garota legal e eu realmente espero que você encontre alguém que possa te fazer feliz."
_____"Ah... ok. Senti tua falta, sabia?" "Não, não sabia. Mas também não quero saber. Você foi importante pra mim e nunca vai deixar de ser. Eu me importo e é só." Ele virou as costas, passou o dorso da mão direita na testa e repousou um dedo sobre o queixo. Seu tchau se resumiu a um olhar abandonado para a casa, onde, na porta, estava uma garota encolhida, abraçando o próprio corpo e observando o único andarilho daquela rua se afastar.
_____Não dissera uma mentira: não pensava em enfrentar o frio da cidade para reencontrar rostos há muito não vistos. Por dias se perguntou sobre o real estado da garota da casa. Melhor estar com aqueles indivíduos do que completamente sozinha... Não sentia sua falta, nem desejava sua companhia. Continuou andando sem destino, se revoltando com a falta de inocência que qualquer um teria sobre sua última atitude impensada: que mal há em ser sincero?
_____Quando chegou em casa, avistou uma folha de papel que fora deixada em frente à porta, sob uma pedra de jardim. As palavras foram selecionadas com tal cuidado que a mensagem deixou de ser natural. Preferia ter recebido uma visita patética, tal como foi a sua. Conversar, recordar um sorriso ou uns olhos brilhantes. Reconheceu que aquele fora o jeito da garota de se expressar. Talvez isso mostrasse o quão diferentes eram. Ou, talvez, apenas significasse que nem sempre se mostrar indiferente é o que se quer.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

Top Seven

quero postar hoje de noite, se der. de qualquer jeito, eu queria fazer algo infeliz e deixar linkados textos [meus] que, pra mim, são especiais. não costumo cultuar o que eu escrevo, não mesmo. mas enfim, eu gosto dessas historinhas em especial. mesmo que tenham a mesma atmosfera cinzinha e, de certa forma, sejam realmente bem próximas umas das outras. gosto porque são atemporais. eu não pretendo fazer isso de novo, só daqui uns dez anos. primeira e quase última vez. haha.
ok, chega de explicações.
não estão em ordem de preferência.

1 - A História de Anna
2 - A História de Estella
3 - Camomila
4 - O'Clock
5 - Manuscrito
6 - Sprouts of Time
7 - Acetona

quarta-feira, 13 de maio de 2009

1/3


- Não quero, sabe? Não quero ser como essas pessoas que passam um terço da vida dormindo e outro terço acordadas.
- Um terço acordadas? Você se enganou, querid...
- Não, é um terço mesmo. Um terço do tempo acordadas. Sabe, a gente tende a viver de olhos fechados, seguindo uma rotina mecânica de coisas que deixamos nos impor - para manter a ordem, eu sei -, e deixamos de lado o que, no fundo, realmente conta para a nossa felicidade.
- Eu acho que esse tipo de pensamento só faz com que nos sintamos diferentes em relação ao todo. Isso nem sempre é bom.
- Nem sempre é bom, mas é o preço. Sabe, falar sem parar por exemplo: as pessoas estão acostumadas a regrar tudo, a fazer caretas e a achar esquisita qualquer conversa que seja realmente espontânea, entende?
- Mas o fluxo de pensamentos da sua cabeça é diferente do de outras pessoas. Se não existir uma convenção, ninguém nunca vai se entender.
- Não, não! Eu quero dizer que, se eu parasse aquele cara que está atravessando a rua para elogiar seu corte de cabelo e perguntar o que ele achou daquele escândalo dos dejetos encontrados em caixas de leite, provavelmente ele me acharia uma pessoa esquisita e inconveniente - quando deveria se manter neutro e responder, se estivesse afim.
- Você acha que ele não o faria? Sabe, se todos tivessem esses ímpetos de falar o que desse na telha o mundo não seria mais tão sério. Eu tô falando de seriedade, sabe, de responsabilidade. É muita inocência achar que as pessoas seriam mais felizes com esses diálogos randômicos esquisitos.
- Mas nós, por exemplo, vivemos tendo esses diálogos e sabemos o quanto são bons!
- Mas nós somos nós. Nós não dormimos um terço da nossa vida, estamos o tempo todo acordados pra tudo... é por isso que nos damos bem. Eu, sinceramente, não queria perder isso para essas pessoas que nem se importam.
- É, pode ser. Pretensão demais, né?
- Acho que, se eles estão satisfeitos, melhor pra eles. Teria um certo incômodo se tudo o que eu gostasse fizesse parte do gosto comum.
- Depois eu que tenho mania de ser diferente...
- Não é mania de oposição, de chamar a atenção, essas coisas... só não gosto de dividir o banco com gente que não pensa, que só aceita tudo sem nem ter uma opinião a respeito. Seja um comodista, mas com consentimento!
- Engraçado te ver falando assim. Nunca sei que assunto vai te empolgar ou te deixar com aspecto de mofo.
- Isso é de todo mau?
- Não, não é mau. Eu quero dizer que gosto que você não seja previsível aos meus olhos. Eu fiquei pensando a respeito da "pessoa perfeita" e cheguei a conclusão de que a minha versão disso seria alguém com defeitos. Porque, pra mim, pessoas sem defeitos são plásticas - nem perfeitas são!
- Eu gosto de pessoas de verdade...
- Sim, é isso. Eu gosto desses dois lados, acho rico poder ser uma grande pessoa por um lado e um pouco desprezível por outro. Acho legal assumir características que não nos remetem ao sucesso do bem-estar coletivo...
- Ah, é que o pecado se estabeleceu em tudo... Depois que a idéia de culpa surgiu, nunca mais fomos os mesmos. Sentimos culpa quando não sentimos culpa por fazer algo "errado", por exemplo. Isso é ridículo.
- Eu não sei o mal que existe por trás da nossa imperfeição. Isso assusta tanto as pessoas... elas ficam mentindo umas pras outras para se mostrarem melhores, sendo que isso é ainda pior do que fazer uma propaganda negativa de si mesmo.
- É, eu também não entendo isso. E também acho curiosa nossa mania de gastar um terço do tempo nos perguntando como os outros não são como nós.
- Mas isso me faz feliz, entende? Não falo isso pensando em inconseqüências da adolescência, mas acredito que esse "um terço" (dois, na verdade) deveria ser para a gente se divertir, procurar diversão nas coisas que nos são oferecidas.
- É, isso não me aborrece. Eu gosto da maneira como eu admistro meu tempo, principalmente como isso tem se dado nas últimas semanas...
- É. Ok, posso dar play? Você já buscou o saleiro, agora podemos retornar ao filme.
- Sim, claro. Ah, só uma última coisa: eu gosto de como a gente demora umas cinco horas para conseguir fazer alguma coisa que já estava programada. Eu quero dizer... é espontâneo. Fico feliz em ver que não somos mecânicos e conversamos quando temos vontade.
- Pois sim. Ah, já te mostrei o livro que eu comprei?
(...)


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Comidas idiotas e outras coisas infelizes

Ai, meio blue. É o que se espera de um texto que se inicia com "ai", mas enfim. Tenho mais o que fazer, mas precisando escrever - mesmo que seja essa merdinha. Eu fiquei pensando hoje, durante meu almoço solitário numa pastelaria, que eu me sinto realmente uma idiota com essas lancherias e seus nomes-de-comida bobos. Quer dizer, a gente se acostuma... Mas é tão idiota. "Me dá um McLanche Feliz/ Bib'sfiha / etc."... Sabe, hoje eu pedi um treco do gênero "pastelarica" e eu me senti uma otária dizendo isso. Tipo era de chocolate e perdeu toda a emoção. E eu detesto quando eu faço o pedido usando o nome que consta no menu e a atendente diz algo tipo "tá, o de carne? (não complica, magrona...)". Tudo bem, eu complico - eu sei. cansada, então é normal ficar "meio assim", chatona. Fiquei realmente feliz com a aula de dança de hoje, sabe. Tipo recuperei minha honra que eu tinha perdido há umas semanas... não que eu tenha feito algo digno de palminhas, mas pelo menos não protagonizei cenas estúpidas como eu andava fazendo. Mentira, eu pisei na saia, mas isso acontece... Sei lá, só sei que cansada. Tenho que ir na auto-escola, catar um punhal legal e outras atividades aleatórias. E eu apanhei feio da impressora, eu não admito isso. Sério, quando eu resolvo comprar cartucho ela resolve que não quer se unir ao meu computador... A chuva me deixou feliz. O calor me deixou completamente blé. Sono e calor é uma mistura tão morna e ruim. Eu tenho lido poucas coisas que naturalmente são do meu interesse (por exemplo, o que as pessoas que eu gosto escrevem em suas páginas) e tenho torrado meus neurônios com uns pensamentos meio negativos. Acho que a coisa mais chata é quando dois amigos que não se vêem há algum tempo começam a ter pequenos desentendimentos que, no fundo, só existem para um chamar a atenção do outro. Quer dizer, é como quando duas pessoas que não se desgrudam começam a ter pequenas briguinhas desnecessárias de quotidiano. Eu esqueci de uma teoria que eu tinha levado séculos para concluir, o que me deixou bem frustrada. Eu meio fechada pro mundo, meio sem tolerância para umas pessoas e outras, meio sem paciência pra blablablá. E meio insegura também, é claro. meio azul-marinho. Eu fico pensando o que as pessoas que não gostam de chocolate fazem em momentos tipo esse... sabe, essas pessoas devem ser evoluídas, devem ter uma fatia a menos de coração, sei lá... Eu fico pensando naquelas definições de 'como são os filhos de pais divorciados', porque desde cedo eu ouvia falar horrores sobre isso... quer dizer, uns caras tinham uma mania de insistir que as relações desses filhos, no futuro, seriam defeituosas e uma extensão do que foi vivido e mais uma pá de coisas... sei lá. Eu sou drama queen demais para dizer que não penso nessas merdas. Não falo nem da minha vivência enquanto menininha de apartamento que mora com a mãe, mas do medo que eu tenho de nunca dar certo com ninguém. Talvez minha rebeldia em relação a isso, essa história de "se prender", se deva ao fato de que eu mesma sou incapaz de algumas coisas. É, eu sou incapaz - tudo o que eu não gosto. Achei engraçado um comentário recente que falou da minha modéstia. Eu não tinha pensado nisso, digo eu não sei se pareço um bulldog metidinho pelo jeito que eu falo às vezes. O fato é que eu fiz os olhinhos de vocês, que leram isso, de vasinho sanitário. Mas foi bom pra mim, eu precisava.


sábado, 2 de maio de 2009

Dress

- Quer que eu o tire da manequim para você prová-lo? - A lojista pareceu surgir do ar - do invisível - sorridente e perfumada. Emily, que estava parada na porta da loja, de frente para o vestido, assustou-se com a quebra do silêncio, mas não despertou do seu momento de fantasia.
- Ahm? Não... - Deixou cair parte da mostarda do hamburger sobre a bolsa de lona que trazia à tiracolo. A moça uniformizada ofereceu um guardanapo e rapidamente buscou uma garrafinha de água mineral. Emily lambeu os dedos engordurados, terminando de comer seu almoço. Deixou-se encant
ar pelo vestido da vitrine. - É, eu quero experimentar... o vestido...
- Ele é lindo, não? Por favor, deixe suas coisas em cima do pufe! - Emily procurou uma lata de lixo em que pudesse atirar o papel sujo que envolveu o sanduíche. Acabou tendo que pedir que outra funcionária o fizesse. Cruzou os dedos e traçou seus passos em direção ao provador.
Pareceu infinitamente longa a tarefa de tirar a roupa e vestir aquela peça única. Tão branco. Tão puro e branco. Nunca tinha visto o branco com tanto interesse. Uma perna depois da outra, um pouco de alongamento para puxar completamente o zíper e eis que Emily se transformara numa noiva. Numa noiva descabelada, era fato, que mordia os lábios inferiores
e alisava os braços.
Virou de costas para o espelho, levantou os cabelos de forma a deixar nus ombros e nuca. Enxergou uma imagem que desconhecia, uma seriedade por detrás daquela brincadeira. "Vou casar de All-Star", pensou. E, em segundos, se deu conta do erro da frase. A idéia de criar laços eternos não parecia tão tensa - pelo contrário, se insinuava tão naturalmente... Engoliu em seco e virou-se de frente para seu reflexo. Olhou para seus pés pequenos e afastados, levantando a volumosa e pesada saia do vestido. "Sabe, até que eu daria um merengue bem bonito". Poderia e até gostaria da idéia de ter uma roupa como aquela.
Saiu do provador com um sorriso mudo, com uma felicidade triste: faltava o noivo para colocar em cima do bolo. O que, de fato, não era de todo mal: teria mais tempo para se preparar psicologicamente. Emocionalmente. Mais tempo para entender que pessoas sozinhas não conseguem suprir seu vazio interior, mais tempo para encontrar a música ideal, mais tempo para... Mais tempo.
Emily, que sempre passava por essas lojas de vestidos de noiva comendo um cachorro-quente ou algo que o valha, agora não se importava em tentar reprimir sua curiosidade. "Eu sou pra casar". E, de fato, todos são. Todos são...


Meu epitáfio.


"Não é você, sou eu."

(ok, talvez ninguém entenda. mas isso é tão ivy!)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

"Vontade das coisas."

 











- E essa ferida na boca?
- Eu me machuquei com papel-alumínio... fiquei mordendo um pedaço... uma hora ele escapou e eu acabei mordendo meu lábio.
- Hum. Que ruim, ein. Mas por que raios te deu essa vontade de comer papel-alumínio?
- Não distorça as coisas, eu não queria comê-lo... Enfim, foi vontade. Só vontade, sabe do que eu falo? Vontade das coisas.
- Vontade das coisas? Haha, você é tão engraçado. Que coisa de louco... comer papel-alumínio...
- Eu não vejo graça. Mas tudo bem.

- Ai, melhora essa cara. Que cara de bunda! O tempo todo é isso...
- Não é "cara de bunda", é só minha cara. Minha cara ao natural, sem esbanjar emoções.
- Mas assim é feio, você poderia ser mais simpático que isso...
- Eu poderia muitas coisas. Eu não tenho que fingir estar alegre.
- Fingir estar alegre? Vai me dizer que eu te deixo infeliz agora?
- Não, que pensamento mais... repulsivo. Não misture as coisas.
- Você tá sempre de cara amarrada, parece que não pode estar feliz comigo.
- Se você me deixar em paz talvez eu até consiga...
- Eu não acredito no que eu estou ouvindo! Quer dizer então que...?
- Não, não! Ah... fica quieta. Olha, te trouxe os pães que você pediu.
O troco ficou com o cara do mercadinho, ele disse que você está devendo umas coisas...
- Ah, aquele mala! Eu disse que pagaria na sexta-feira.
- Que seja. Eu vou embora, depois você se entende com ele.
- Vai embora? Pensei que você fosse querer ficar pra janta, ver um filminho...
- Não tente me seduzir. Sabe, eu não estou com vontade.
- Não está com vontade?
- Com vontade de você. Não estou.
- Eu juro que pensei que você fosse um cara legal, sabe... quando a gente se conheceu você parecia tão melhor.
- Eu parecia tão melhor porque era o amigo do seu irmão mais velho. Isso sempre é meio afrodisíaco.
- Não, claro que não...
- Que seja. Mas você gostou de mim de cara por causa dessa idéia. Eu
o tenho nada a ver com seu relacionamento com seu irmão, mas acho irritante sua mania de querer aparecer.
- Nossa, eu te dou a chave do meu apartamento e você me diz isso?
- Olha só, nós somos vizinhos. E eu te respeito, inclusive por consideração ao teu irmão.
- Mas...?
- Mas não quero. Não sinto vontade. A minha "cara de bunda" mostra isso, mostra que eu não sinto nada.
- Que coisa mais idiota. Eu não acredito que eu estou aqui parada com minha melhor calcinha para ouvir você me negando com uma explicação-merda dessas...
- Eu me sentiria constrangido só de estar "com minha melhor calcinha" e usando isso de apelo. Sabe, eu não vou te achar mais legal se eu ver sua bunda. Na verdade, seu comportamento todo é deprimente. Se eu fosse você morreria de vergonha e nem esperaria explicação nenhuma da minha parte
.
- Que absurdo! ...Que absurdo, sério. Que abuso...
- Por favor, coloca uma calça e desliga esse rádio. Durma um pouco e se sentirá melhor.
- Me dá aqui essa chave! Você está proibido de entrar aqui, ouviu?
- Ok.
- Sério, por que essa cara? Não era pra você ficar alegre...
- Por favor, faça o que eu disse. A gente não se entende, não adianta. Eu não conto nada pro teu irmão, nem esquenta a cabeça com isso. Só fica longe de mim, sabe. Me deprimo quando você aparece no meu apartamento.
- Você fica o tempo todo sozinho, eu quero te fazer companhia!
- Não, você tenta... você só tenta me fazer companhia. Eu sou sozinho
, é diferente. Você também é sozinha, mas suas amigas-cor-de-rosa disfarçam isso.
- Ai, sai daqui. Não suporto esse baixo-astral!
- Ok.
- Que merda, fala outra coisa! Eu não acredito que você está fazendo isso... Sabe, o dia que você resolver olhar pra mim eu vou estar com um cara muito melhor do que você.
- O seu conceito de "melhor" é semelhante ao que eu considero algo "ruim". "Suficientemente ruim", sabe? Sem cerimônia. Então, não vejo grande dificuldade em te tirar do seu cara perfeito, caso um dia eu tenha essa vontade.
- Vontade, vontade... isso é tão vazio, tão momentâneo.
- Eu sou vazio, sou temporário. Eu não sou essa "cara de bunda" que você acha bonitinha.
- Que merda, que merda! Que vergonha!

- Eu vou deixar você se vestir. De preferência, arranje outro alguém para te comprar os pães, ok? Não ando com muita vontade. Quando eu digo que não me importo em fazer esses favores é porque eu sinto que tenho que ser um pouco responsável por ti.
- Por causa do meu irmão?
- Também.
- Que merda.
- Pega sua chave. Eu não volto mais aqui, não essa semana.
- Mas volta outro dia? Volta?
- Se eu voltar, trarei um cd. Mas eu não tenho vontade de você, não se iluda
.
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