segunda-feira, 21 de junho de 2010

Disarm



Eu falo muita abobrinha e me arrependo depois. Tá, não me arrependo porque faz parte do meu código de conduta não me arrepender... (eu penso que, uma vez que eu tento agir do melhor modo de acordo com o que a situação me oferece, é bobagem me arrepender de alguma escolha: a visão depois de ver as conseqüências pode ser diferente, mas isso não significa que eu não tenha feito o melhor que poderia) mas, enfim, a gente repensa e se acha um merda por dois minutos. E daí começa a ver que amadurecemos e que isso é bom e por aí vai. Por outro lado, às vezes me faz bem ver que eu não mudei tanto assim, que consigo encontrar um chão em mim mesma. Tava relendo umas coisas aqui e, sei lá, gostei disso e de umas outras coisas. Fiquei lendo por cima uns contos do Salinger que eu nunca li - pra dizer a verdade - e me senti meio que em uma música dos Smashing Pumpkins. Eu estou com aquele medo que me impede de querer pensar nas coisas. Eu não acho que, hoje, daria certo com alguém que não soubesse me entender musicalmente. Já levei isso menos a sério, mas - com o passar dos anos - percebi que a única coisa que se fortaleceu mesmo, sem descer um pouquinho que fosse no gráfico-das-coisas, foi a necessidade de ter sempre presente alguma melodia. O bom das músicas instrumentais é que elas te deixam absolutamente livre para sentir o que quiser - acompanham a dor mais aguda e a alegria mais infantil. Em tempos de extrema movimentação, de mudanças estranhas, eu tendo a ficar mais afastada das pessoas. Mas é aquilo: estou fora de casa, mas usando os malditos fones de ouvido. E sou receptiva às músicas alheias. Cada música tem sua história, tem seu sentimento. Acho importante ouvir os outros e entendê-los a partir do que eles escutam. Fiquei viajando com aquela cena de "Ensaio sobre a cegueira" em que os cegos sentam em volta de um radinho e ficam em silêncio ouvindo a música. Às vezes, espero o dia todo pelo momento de voltar pra casa e escutar aquele som tão necessário. Talvez essa seja uma das poucas coisas das quais eu realmente gosto mas que não faço questão de "entender". Ah, não se trata de negar conhecimento, mas gosto daquela cena clássica de deitar na cama e esquecer do mundo. Não me vejo compondo alguma coisa. O que eu faço é mecânico. Eu crio mundos para fugir para outros lugares quando acho necessário, mas sei que a minha escrita não passa de ficção. Música não, música existe. Ok, não quero tornar meu monólogo repetitivo. O fato é que, "velha" como estou hoje, acho que não toleraria uma aproximação maior com alguém que desconhecesse Holden Caulfield ou que ficasse indiferente ao ouvir "1979". A gente cresce e vai ficando cheio de manias. Acho que tenho direito em fazer minhas exigências silenciosas. E tenho refletido sobre antigos traumas e coisas assim. Acho que imortalizar conhecidos em histórias é uma das coisas mais cruéis de se fazer. Não gostaria de abrir um livro e me ver ali estampada com uma visão unilateral e um tanto romantizada de mim para a ficção. E ler sobre meus defeitos, então? Por outro lado, acho que isso é válido no mundo da música. Sou daquelas que acham que uma música não tem dono. Enquanto os livros ditam o que será, as músicas sugerem. Mais uma vez eu não sei porque estou falando disso. O fato é que estou confusa com antigas agressões passivas e com a metamorfose pela qual estou passando.



segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ivycetera.

O que mais me incomoda é que o sofrimento pode ser simpático à medida que nos identificamos ou nos acostumamos com ele.

Acabei de ver dois documentários sobre transtornos alimentares, seguidos de um programa que pareceu ser tão contraditório: depois de tanto blablablá sobre a compulsão pelo emagrecimento, mantida pela atmosfera doente que elegeu um padrão para a beleza, resolvem mostrar crianças obesas da geração fast food. Sei lá, não me pareceu nada anormal à primeira vista, mas - depois de ficar uma hora e meia ouvindo especialistas falando sobre "tirar o foco da comida" e cuidar as mensagens que são transmitidas pela mídia e pelos pais às crianças e aos adolescentes - o acontecimento parece realmente irônico. É realmente difícil desassociar saúde de uma determinada forma física (geralmente, o tal padrão de beleza). As revistas vendem essa imagem como uma verdade a ser buscada. E tudo nisso é ridículo. Enfim.

Eu estou tentando buscar na faculdade assuntos que realmente despertam meu interesse. Sabe, fazer algo que se quer já é meio caminho andado para o "fazer bem feito"... Tive a sorte de encontrar pessoas muito interessadas em estudar transtornos alimentares. E também entrei para uma pesquisa sobre "violência conjugal". Por enquanto, foram realizadas várias leituras sobre as formas de conflitos maritais e como elas afetam os filhos e etc. Quem conviver comigo por tempo razoável vai perceber que eu sou meio que obsessiva (não sei se o termo é "obsessiva", estou meio away para pensar direito) por isso de separação de casais... tanto no plano "pais e filhos" quanto no plano mais individual da coisa. O terceiro assunto que, a príncipio, mais chama minha atenção seria o tema da sexualidade. E sexo em geral, enfim. Tudo está relacionado. Mas aí eu prefiro buscar conhecimento através das minhas fontes - é difícil eu concordar com várias das afirmações que escuto, acho que não suportaria tanta diferença "voluntariamente". Haha.

Quanto a isso dos transtornos alimentares, comecei a me interessar à medida que eu comecei a questionar se meus hábitos alimentares eram normais. Normais, bem essa a palavra. Eu me assustei com a forma brusca com que eu mudei. Acho que isso faz parte da chegada da adolescência, mas ainda assim achei muito "do nada". Num dia você não tá nem aí, no outro pensa "ok, talvez eu devesse me preocupar mais com minha aparência" e, no terceiro, sai que nem louca perguntando ao mundo se está gorda. A própria pergunta já uma auto-afirmação, todo mundo sabe disso. Ninguém se importa se a resposta é sim ou não. Claro, ouvir um sim é pedir pra morrer (e levar a pobre criatura sincera e cretina junto), mas... Enfim. Eu olhava os sites 'pro-ana' e pensava "ai, essas meninas são tão toscas, só querem ser escravas da moda, blablablá". Depois, você tenta entender o assunto e se depara com uma realidade extremamente cruel. Ok, essa forma de deterioração me interessa e muito.

Não sei porque fiquei falando essas coisas. Na verdade, estou guardando minhas palavras para o papel. Não sei, estou cautelosa e sensível. Talvez eu esteja sentindo a mesma solidão do início do ano passado. Mesmo sabendo que meus amigos estão aqui, sinto que existem barreiras estranhas entre nós. Estou mais "paulista" do que nunca. É assim que eu chamo essa vida de "não tenho tempo para nada". E o pior é que quanto mais eu tento romper com isso e mostrar pra mim mesma que é frescura mais eu percebo o quanto isso é concreto. É um tanto triste isso. É meio vazio, se você for pensar. Eu deito na cama respirando "o que eu tenho que fazer amanhã de manhã" e, semana após semana, começo a me esquecer da última vez em que eu vi ciclano ou coisas assim. Ivy, você é uma pseudoadultinha agora. Enquanto isso, eu fico gripada. E só Deus sabe o quanto eu fico emotiva nesses momentos. Não suporto me sentir impotente. Ok, chega de falar de mim.



Sobre preconceito com homossexuais. III

Nossa, foi realmente produtivo discutir sobre sexualidade. Eu tenho muito mais a ouvir, talvez algo mais a dizer. Para mim é extremamente importante essa troca, e as diferentes visões sobre o tema me fazem refletir tanto. Eu começo um assunto com algumas crenças e, no final, acabo vendo que nem tudo funciona da maneira como eu imagino. Pretendo continuar com isso. Fiz um curso recentemente que não tem nada a ver com sexo, mas me fez querer pesquisar as representações sociais feitas sobre o mundinho GLBTT (ok, não importa a ordem das letras). Enfim. Fico realmente feliz de poder conversar sobre essas coisas. E agradeço às pessoas que, através do blog ou de outros meios, têm me ajudado a amadurecer minhas idéias.

Ok, vou fazer uma big pesquisa e depois volto ao tema. =]

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