quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"Remember to breathe."

Eu achei isso numa letra de música, essa idéia do "lembre-se de respirar". Depois ouvi mais vezes, na boca de outras pessoas. E, por mais simples que seja, o efeito é grandioso. Muitas vezes é o que te dá força durante uma situação difícil: não é necessário sair do lugar ou o apoio dos outros, apenas se conscientizar de que você precisa se dar um tempo. Fechar os olhos, encher os pulmões de ar e encarar de novo o mundo: a receita não é nenhum segredo. A frase é mais sutil do que dizer "calma" (que causa um efeito um tanto contrário à intenção), mais fácil de entender porque não se trata de uma longa e complicada metáfora e, principalmente, mais fácil de ser seguida porque não exige nada mais do que alguns segundos. E como é que alguém se esquece de respirar?! É claro que não acontece literalmente, apenas naquele plano mais alto do que as ações do corpo. Onde estão os pensamentos, que seja. Não se trata de pregar uma política "não faça hoje o que se pode deixar para amanhã", apenas lembrar que é necessário respirar - sem mais significados diversos.


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Talvez eu precise me ocupar mais ou aprender a respirar sozinha, sem que alguém tenha que me lembrar o tempo todo do que eu preciso e o que é necessário para fazê-lo. Eu costumava não depender disso, costumava ditar as regras - respirando do meu jeito. Não é o caso de falar que "o jogo virou", uma vez que eu não vejo mais esse tipo de coisa desse jeito tão banal. Só me senti infantil em me achar tão preparada. Nem sempre querer é poder, nem sempre a minha vontade é a do outro - mesmo que seja para o bem dele. Nem sempre se ganha. E, melhor do que desistir no meio do caminho, vale mais a pena tentar, nem que seja pela última vez. Parar para respirar... O engraçado é que a "última vez" que a gente tanto fala nunca é a última (até que seja a última de verdade). Ok, o que eu escrevi é óbvio, mas o fundo de verdade abrange mais do que isso. Os problemas são uma constante e os lugares de onde tiramos força também, ainda que mudem de tempo em tempo. Estar sempre atrás de objetivos pode ser complicado, mas estar diante de dúvidas e nuvens pode ser ainda pior. Não saber o que esperar às vezes fere mais do que a decepção, que vem como uma flecha certeira - diferente de uma bala perdida, que parece chegar sem motivo, de lugar nenhum. Lembrar de respirar, lembrar de respirar, lembrar de respirar... melhor anotar no caderninho.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Cinza das Horas


E existem horas que não há música que saiba explicar o que se passa. Tipo quando a conversa acaba de repente, com palavras alegres ecoando em extremo vazio. E a sensação de bem estar se esconde atrás daquela expressão que não diz nada, absolutamente nada. A mais vaga lembrança do que é imperfeito provoca o despertar quase que instantaneamente. E coisa vai, coisa vem; algumas mudam, outras desaparecem de vez: quase não há alternativa para uma provável melhora na situação. Por mais que se tente provar o contrário, a felicidade individual prevalece sobre o desejo comum, o desejo de que todos tenham motivo para estampar um sorriso no rosto. O ser humano é egoísta, é egoísta e isso não é errado não: faz parte da sobrevivência. Porque, ainda que sejam grandes as diferenças, somos também animais: tanto ou mais do que os que conhecemos. A diferença, a singela diferença é que eles não pensam ou não sabem disso - e isso é uma convenção determinada pela nossa espécie. E quem quer saber de espécie quando se está no meio da rua, entre várias e várias pessoas que nem se importam?! E a não-importância também não é motivo de nada, não é justificativa para nenhuma culpa que possa haver. E o botão é apertado, e de novo e de novo. Nenhuma música que fale por mim. Preferível ouvir a sirene dos automóveis, entender que existe mais no mundo do que o meu próprio mundo. A própria compreensão tem seu limite: tem horas que, não importa a força da amizade, da profissão, da experiência - saber mais ou menos da vida não vai ajudar, uma vez que são olhos diferentes a encarar o horizonte. E sentir é bom, sentir é essencial. Quase vital e tão fatal. E vão existir dias em que, por melhores que forem as suas ações, você vai chegar em casa, tirar os sapatos e não querer abrir os olhos de novo até que uma nova manhã comece - e ela pode ser a próxima ou a última, acontecer dentro de horas ou dias. E pouco importa se tem cocô embaixo do seu sapato, a lâmpada queimou, o computador não quer funcionar: quando o problema é interno, não há preocupação externa que o faça se voltar para a realidade que acontece ao seu redor. Ou talvez você seja diferente. Eu não tenho certas responsabilidades ainda, não sei falar com a mesma sinceridade de quem já construiu sua vida fora do berço. Só acho engraçado como a minha falha é o acerto de um e o erro desse alguém surge em mim como uma qualidade. E dessas coisas indescritíveis, impalpáveis, infinitas eu não sei falar mais do que isso. Voar parece ser cada vez mais difícil.
Ps: sobre o título, eu não sou fã do Manuel Bandeira.

domingo, 23 de novembro de 2008

Copy

"Antes de tudo, devemos esclarecer a essência da aura. Todos os pensamentos e atos humanos pertencem ao bem e ao mal. A espessura da aura é proporcional à quantidade de pensamentos bons e maus. Internamente, quando uma pessoa pratica o bem, sente uma satisfação na consciência. Esses pensamentos se convertem em luz, somando-se a luz do corpo espiritual. Quando, ao contrário, os pensamentos e atos sãos maus, estes se convertem em nuvens do corpo espiritual."
http://www.misteriosantigos.com/aura.htm


"Emoções conscientes tendem a modificar a cor da pele da pessoa observada, dando às vezes uma impressão de alteração da sua textura. Estados emocionais semi-conscientes teriam maior propensão a projetar um halo luminoso, de uma distância de alguns centímetros até um metro do corpo, o que cria um efeito de campo detectável por quem esteja próximo, uma explicação para produção de simpatias ou antipatias, aparentemente gratuitas, mas que são efeitos de um fenômeno similar à influência de um campo magnético.
Aura verde: Autoconfiança, capacidade de resolver problemas e de perdoar e de amar a paz; sensibilidade. É organizador, planejador e estrategista. A predominância da cor verde na aura das pessoas indica saúde e vigor. Esse tom costuma aparecer com grande intensidade na região da cabeça, pois está associado á atividade mental. Nos animais, a aura verde indica mansidão. Nas plantas, demonstra a emissão de fortes ondas de energia positiva, sendo muito comum nos vegetais dotados de propriedades curativas. Os objetos de aura verde são de uma autêntica fonte de positividade. Costumam apresentar esse tom depois de terem sido tocados por pessoas que estão de bem com a vida.
Aura amarela: Capacidade de dar e receber; ter esperanças; a saúde e a família desempenham um papel importante. Tem o dom de trabalhar em grupo harmoniosamente. O amarelo é uma das cores cinestésicas do espectro; isso significa que uma pessoa com aura desta cor tem uma reação física antes de ter uma resposta emocional ou intelectual. Quando ele entra numa sala cheia de gente, sabe de imediato se quer permanecer ou não. A predominância da cor amarela na aura das pessoas indica inteligência, facilidade para se comunicar e para aprender e supremacia da razão sobre a emoção. Nos animais, pode ser sinal de doença, debilidade física ou tristeza. Nas plantas significa falta de vitalidade, especialmente se a tonalidade do amarelo for muito fraca. Já os objetos de aura amarela costumam ser dotados de pouca energia ou emitir vibrações ruins.
Aura azul:Capacidade de cura através das próprias energias mentais e espirituais; age sobre os outros de modo agradável e calmante; altos ideais de vida; sinceridade. O Azul personifica as características do cuidado e do carinho. É a cor da aura que mais se preocupa em ajudar os outros. Predominância da cor azul na aura das pessoas indica paz interior, harmonia, saúde equilibrada. Bem estar, descanso e autoconfiança. Geralmente se manifesta com maior intensidade após um ato sexual satisfatório e durante o sono. Nos animais, a aura azul é sinal de felicidade e de satisfação com o tratamento que vêm recebendo do dono. Nas plantas, indica propriedades tranqüilizantes e analgésicas. Nos objetos, pode ser interpretadas como uma emanação de fluidos positivos.
Aura laranja: Sua busca espiritual é, na verdade, uma busca de um sentido de vida além de si mesmo. A predominância da cor laranja na aura das pessoas indica capacidade de realização, sensualidade, boa saúde, versatilidade e dinamismo. Nos animais é sinal de manifestação dos instintos (fome, sede, desejo sexual). Nas plantas, indica a produção de sementes ou o nascer das flores. Nos objetos, expressa um grande potencial energético (é comum na aura de sinos e de objetos religiosos em geral).
Aura dourada: Adora saber como e por que uma determinada coisa funciona, e lança mão de uma paciência infinita. A espiritualidade, para a pessoa de aura dourada, é o estudo da ordem superior do universo e de leis e princípios que o governam. Ele quer entender a organização mental, as leis ou as probabilidades que geraram a ordem no interior do caos espiritual. A predominância da cor dourada na aura das pessoas indica espiritualidade elevada e prosperidade. Ela surge com mais intensidade na região do tórax, pois está associada ao amor, qualidade inerente ao centro energético do coração. Nos animais, o dourado expressa felicidade. Nas plantas, simboliza suavidade e fluidos positivos. Nos objetos, mostra que foram tocados por uma pessoa bem intencionada.
Aura Vermelha: Ênfase no modo de vida material; sucesso alcançado através da dedicação pessoal completa; saúde física estável; tendência à irritabilidade quando contrariada. A predominância da cor vermelha na aura das pessoas indica vitalidade, excitação coragem e forte energia sexual. Porém se estiver muito concentrada num determinado ponto, pode ser sinal de um distúrbio. Nos animais, exprime instinto e vigor, ao passo que nas plantas está associado ao crescimento. Nos objetos, indica que eles foram tocados por alguém que estava entusiasmado ou ansioso e que os deixou impregnado dessa energia.
Aura violeta: Espiritualidade bem desenvolvida; inspirações criativas; capacidade de transformar os sofrimentos pessoais em fatores positivos para o próprio destino. O violeta é a cor do espectro mais próxima do equilíbrio psíquico, emocional e espiritual em vigor no planeta neste momento. A predominância dessa cor na aura das pessoas é expressão de poderes mediúnicos, capacidade de compreensão, saúde e mentes equilibradas.Quando surge nos animais, a aura violeta significa satisfação e fidelidade. Nas plantas, é sinal de uma força positiva tanto que as violetas e as flores de lótus que simbolizam a espiritualidade, costumam ter a aura dessa cor. Nos objetos, indica uma forte concentração energética, e, geralmente se manifesta depois que o objeto foi tocado por uma pessoa espiritualmente evoluída.
Aura prateada: Um curandeiro, médium natural. Utiliza energia para transformar luz em raios que curam, seu maior desafio é aprender a se conhecer e descobrir seus dons especiais.
Aura Anil Índigo: A aguda perspicácia intelectual é um dos aspectos mais gratificantes e mais exasperantes, é brilhante e inquiridor, com uma inteligência que vai muito além dos conceitos mais tradicionais.
Aura cristal: A predominância dessa cor (uma espécie de névoa brilhante e branca) na aura das pessoas indica dons telepáticos, poder de cura, para normalidade, pureza e bondade. Costuma se manifestar com maior força nas mãos de massagistas e outras pessoas que lidam com cura. Nos animais é sinal de capacidade de adaptação. Nas plantas, a aura cristal tanto pode significar positividade quanto falta de vigor e vulnerabilidade. E, nos objetos, a aura cristal, expressa o poder de receber e emanar energias."
wiki

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

amor fora da lei


Com os pés no chão gelado pelo frescor da madrugada, ela abriu a geladeira e tirou do centro a única coisa que ali havia: uma jarra transparente, contendo um líquido ainda mais cristalino. O som da água encontrando o fundo do copo ecoou no silêncio da noite clara, de poucas nuvens. O céu, que anunciava o princípio da manhã, foi apreciado pela fresta da janela. A brisa deliciosa, de arrepiar a pele, era constante nessa época do ano.

Uma xícara de café seria mais do que o suficiente para um despertar agradável, mas ela queria mais e, junto com o conhaque, degustou dois bombons de uma caixa de chocolates franceses. Lambeu os dedos e os secou nas laterais da regata cinza e comprida que vestia. Os azulejos, os bancos e todas as nuances que aquele dia 21 poderiam oferecer foram apreciados com estima. Tudo estava tão blue. E, sem mais nem menos, ela começou a se perguntar sobre a noite passada.

Caminhou com passos leves até a cama, onde um homem dormia esparramado sobre o edredom. Parecia ser bonito, realmente bonito. Suspirou profundamente e inclinou-se, acomodando o copo no chão, no lado esquerdo da porta. Curvou o corpo ainda mais e agora engatinhava em frente aos móveis, com o olhar sorrateiro de quem procura determinado objeto. Não demorou para concluir que o tal não estaria embaixo do colchão. Resolveu experimentar o clássico: pôs-se, então, a vasculhar o gavetão de meias e cuecas. Ali estava a minúscula chave.

Um último gole antes de empurrar, com o pé, o copo para debaixo de uma cadeira, de forma a tirá-lo do caminho. Olhou carinhosamente para o dono dos ruídos de quem se deixa levar pelos sonhos. Voltou-se para a parede, sorrindo com os lábios. Não existia maldade naquela cena, nem pureza naquele ato.

Nada mais previsível do que esconder um cofre com um quadro. E não era um quadro qualquer: não exibia o corpo de uma mulher seminua, nem flores ou figuras geométricas, mas uma paisagem escura e até triste, em tons de cinza e azul. A vida em grafite sempre atraiu aquela mulher. Tirou cuidadosamente o retângulo da parede, sem hesitar. Não sentia nem um mínimo de ansiedade, o que talvez declarasse sua falta de caráter. Mas não era assim de verdade.

Em poucos minutos, a chave estava no seu devido lugar; o copo brilhava limpo e seco; o tapete do banheiro voltara a ser desarrumado, com jeito de gesto de homem. Ela pensou em devolver a roupa dele ao sair, mas sentiria falta daquela recordação. Ao invés disso, esticou sobre a poltrona da sala o lindo vestido preto que usara na noite anterior, em troca da regata cinza. Borrifou o vestido com seu perfume e deixou um cartão sobre a mesa, ao lado da garrafa de conhaque vazia.

Despediu-se silenciosamente do apartamento, lamentando a impossibilidade de voltar. Mas valeria a pena toda a saudade: vários e vários dólares na mão a fariam esquecer de qualquer coisa, qualquer coisa. Repousou sobre o cinzeiro o cigarro manchado de batom e, ao ouvir o som dos lençóis se movimentando com o balançar de um corpo, levantou-se de imediato, calçando os escarpins pretos e envernizados. Antes de bater a porta, seus olhos cruzaram-se com os dele, que ainda não estavam bem abertos - desavisados.

Antes fosse uma experiência única, na qual uma mulher atraente de uma festa qualquer rouba dinheiro do cara com quem passou a noite: muitos foram vítimas da mesma. E acabava sempre assim, silencioso. Por mais blue que fosse, esse era o estilo de vida em tons grafite do qual ela tanto gostava. Não havia reação masculina diante do incrédulo, nem culpa por parte da amante: fazia seu serviço, e bem feito - não era por isso que precisava ser paga. O caso não se tratava de como sobreviver às custas do furto, mas da solidão - se apaixonava todas as noites e, ao acordar, só encontrava um jeito de se afastar: se não fosse pela dor da irreciprocidade, que nunca chegou a conhecer, provocaria um jeito de envergonhar-se e, a partir dessa atitude, fugir.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Wikilennon

"Segundo John Lennon, o nome “Beatles” surgiu após uma visão que teve de um homem misterioso, que dizia para substituir a terceira letra, “e”, por um “a”. Beetles, o nome original, significa “besouros”. Existem boatos sobre essa possível visão. John adorava ler, apreciava Edgar Allan Poe e outros autores da literatura gótica e sabe-se que anos antes, na mesma casa em que os Beatles estavam hospedados na época, segundo uma lenda, viveu um mágico alemão (Dr. Pepper) cujos poderes foram conseguidos através de cultos com Satã. Na visão, o vulto misterioso oferecia sucesso ao cantor, prometendo que voltaria quando John atingisse o auge da felicidade. Apesar do sucesso, John constantemente se mostrava triste ou irritado, melancólico com o futuro que estava por vir. Em 1968, esse anseio pela morte contagiou suas canções.
O símbolo da Apple, gravadora dos Beatles, é uma maçã verde, fruta da tentação e do pecado nas histórias bíblicas. Já no "Álbum Branco" (1968), a música Revolution 9 mostra gritos, sons de guerra, uma trilha sonora horripilante. Ainda em 1968, John se veste de mago para um programa dos Rolling Stones, onde canta “Yer Blues”, música de profundo desespero e morte. Nesta época, John conhece Yoko Ono, em uma exposição de arte. A garota passou grande parte do tempo atrás dele, buscando patrocínio. Ele ainda era casado com Cynthia Powell, com quem teve um filho (Julian Lennon). Após uma viagem da esposa, em que iniciou um romance com Yoko, John se divorciou. Casou com Yoko em 1969, alegando “Do jeito que as coisas vão eles (ele – o vulto) vão me crucificar”. John também ainda disse, em uma entrevista à uma revista, que o único estilo de música verdadeiro era o Blues (onde os artistas contam histórias de encruzilhadas, pacto com o diabo e infelicidades). Para acentuar ainda mais as polêmicas, John afirmou que viu, em 1974, da varanda de sua casa, um OVNI cruzar o céu.
Com Yoko Ono, John deu início à sua carreira solo – quando ainda era integrante dos Beatles. Sem sucesso, ele lançou seu primeiro álbum, Two Virgins, no final de 1968. Fora um álbum experimental, com gravações caseiras, cuja capa causou polêmica: o casal aparecia nu. Se casaram em Gibraltar, em março de 1969, e após uma separação de cerca de um ano, em 1973, onde John se dedicou a outra mulher, , eles tiveram um filho chamado Sean Lennon, em 9 de outubro de 1975.
Em dezembro de 1980, na noite do dia 8, John foi alvo de quatro dos cinco tiros disparados por um calibre 38. Estava na frente do edifício Dakota, em Nova Iorque, em frente ao Central Park, onde morava com Yoko. Seu assassino foi um rapaz que durante o dia havia lhe pedido um autógrafo em um LP Double Fantasy, cujo nome era Mark David Chapman. Era um fã dos Beatles e de John, esquizofrênico, que dizia ter ouvido vozes que o mandavam matar o músico. Foi preso sem resistência, horas após o crime, e condenado a prisão perpétua. Justificou o delito com a afirmação de que metade dele era o Diabo e, a outra metade, Holden Caufield – protagonista do livro que trazia nas mãos, “The Catcher In The Rye” (O Apanhador No Campo De Centeio), de J.D. Salinger."

http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Lennon




sei lá. tô sem tempo de escrever e sem inspiração. isso daí eu tinha salvo no pc e não expressa a minha opinião - muito menos uma oposição (vai saber...).


sábado, 1 de novembro de 2008

Sopro

Perguntou primeiro se algo havia mudado, se as coisas tinham mudado de cor. Obteve um não bem exclamado como resposta. A pergunta seguinte fora sussurrada, à beira de um assobio manso. Não queria discussão: bastava um sim ou um não. Simples assim. Sem frescuras ou ameaças do gênero "se você confirmar essa história, eu faço as malas e parto hoje mesmo" - mesmo porque esse tipo de frase não costuma passar muita confiança, nem mesmo para quem a pronuncia. Queria ouvir o que ele tinha a falar e, se caso não existisse algo para ouvir, consentiria com um "tudo bem" - mais uma vez em tom de voz baixo, de timbre adocicado. Nunca entendeu o porquê dos gritos, das encenações que se criam sobre problemas tão tipicamente humanos. Perguntou, sem rodeios, se ele tinha beijado outra. Não usou a palavra traição - até porque o significado disso é bem diferente para cada indivíduo; até porque é mais fácil admitir os malfeitos se a própria vítima não encarar o ocorrido com olhos arregalados. Se surpreendeu com a negação que mais parecia um texto de reticências, mas não se atreveu a repetir a dúvida em voz alta. Aquele pesar todo não fora de graça, nem desprovido de alguma intenção: primeiro se prepara o terreno para, depois, atear fogo. Não houve contato visual nem toque de mãos: ainda não inventaram um telefone tão cheio de recursos... Alguns minutos depois, a confirmação fora inevitável - a explicação também. A situação fica crítica quando o maleficiado consegue concordar verdadeiramente com o autor do crime. Não fora nada digno de uma manchete no jornal - e grande parte disso se deve ao fato de ela não ter suspeitado nem um pouco da inconsistência da notícia: assim que soube, questionou-o com calma e sabedoria. Melhor assim: não houve teatro, nem promessa, nem sermão. O que ficou talvez tenha sido uma pequena cicatriz, daquelas que te fazem crescer assim que se formam na pele - o tempo nunca é insuficiente para o aprendizado (há quem diga que é o contrário!). Um pouco de amargura, talvez. Mas o fato é que não fora uma verdade doída, do tipo sentida e absorvida, mas uma inconstância evitada pelo cotidiano da vida moderna. Seria mais fácil deixar os dias varrerem os cacos para longe, afastarem a ruína do centro das atenções - e não foi muito diferente quando ela disse, mais uma vez, que "tudo bem". Não existia mala para ser feita ou adeus para ser dito, mas um abraço sincero como prova de que as relações têm disso também, desses tropeços no caminho. E não existiu um sentimento de vingança, senão o da infelicidade momentânea: não aconteceram atitudes que seriam diferentes caso a resposta para a pergunta fosse outra. Ele sentiu alívio, sorriu sem entender - talvez porque fora perdoado antes mesmo da reflexão, talvez por achar tudo aquilo muito leviano. Ele estava acostumado com regras, penalidades, perfeição de mentira. Ela estava acostumada a fechar os olhos - no clímax de um beijo e à beira dos precipícios.


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