Batidas na porta. Lorah olhou instantaneamente para ela, descruzando as pernas e apagando o fogo do cigarro com os dedos. Não se importou com a dor. Uma mão no ar, espalhando a fumaça, a outra preocupada em esconder o cinzeiro e o controle remoto, que acabou voltando para a gaveta. Um homem entrou com passos ligeiros.
- Quem você pensa que é para ir entrando assim?
- Olha, você tentou falar comigo mil vezes, "com urgência". - Enquanto falava, ele fez sinal de aspas com os dedos. - Não acho que seja hora de me ensinar etiqueta.
- Quem decide o que e quando fazer sou eu, Antoine.
- É claro, milady. - Sorriu ele, irônico, se curvando diante da mesa da mulher.
- Quanto atrevimento, menino... só fazes essas coisas porque o Arthur não está aqui para ver... - Ela estava acostumada com o jeito dele e não se importou de vê-lo deitar-se em seu sofá branco. O terno azul-marinho muito bem ajustado, as meias esportivas que brigavam com os sapatos luxuosos... via em Antoine algo encantador. Tinha idade para ser sua mãe, sabia da concorrência que deveria enfrentar caso tentasse aprofundar sua relação com o rapaz, mas não sentia culpa alguma por isso. Não era casada, nem tinha filhos: vivia com a cabeça no escritório. - Falando no Arthur, você sabe o que ele anda fazendo?
- Ah... o de sempre: encontrando vítimas para destruir seus sonhos.
- Hum... e o caso atual? Do que se trata?
- Não sei direito... - Ele olhou para a ruiva, que mordiscava a ponta de uma caneta. - Me joga um cigarro.
- Querido, eu não fumo. - Ela apoiou o corpo nos cotovelos, sobre a mesa, levantando rapidamente o colo e jogando os cabelos para trás, de forma a deixar o pescoço branco à mostra.
- Eu sei que eu pareço não ter cérebro, mas meu olfato funciona. - Replicou, deitando a cabeça nos braços e esboçando um bocejo.
- Me diz o que você sabe da garota. - Ignorou-o, como se assim ele fosse descartar qualquer imagem submissa dela.
- Não sei nada. Só sei que ela não é de se jogar fora...
- Você mesmo disse que não conhece ela, como isso é possível?
- Eu não sei você, mas eu falo de sexo casual.
- Que horror, Antoine! Ela é muito jovem para... - O telefone tocou, interrompendo o que Lorah estava dizendo. - Alô?
- Ela está subindo, senhora. Você pediu para eu te ligar quando ela chegasse.
- Obrigada, Karen, muito obrigada. - Lorah gesticulou para o homem, pedindo a ele que se ajeitasse no sofá. Ele se levantou, arrumou o nó da gravata e passou a mão nos cabelos. Desconfiada, a chefe lançou um olhar sério. - Estamos aqui a trabalho. Ela, agora, é sua colega... co-le-ga.
Em quatro segundos as batidas na porta recomeçaram, desta vez mais fracas e lentas. A moça que esperava do lado de fora espremia os olhos pela fechadura, a fim de ver se o cliente já tinha chegado. Quando viu alguma sombra se aproximando, recuou alguns passos e fingiu estar ocupada com um cisco no olho.
- Oi. - Cumprimentou Antoine, sorrindo. Estendeu a mão, num gesto convidativo. Para sua surpresa, a moça a sua frente ficou parada, com uma expressão séria.
- É a minha barriga, né?
- O que tem ela? - Ele se ergueu, estufando o peito e mexendo a boca estranhamente, como se isso fosse alguma estratégia de sedução.
- O vestido está marcando tudo, fala a verdade. - A garota viu Lorah sentada, logo atrás de Antoine. Correu em sua direção, jogando na mesa a pasta pesada. - Eu não achei o contrato, ele não está comigo! - Arfou.
- Não está? - Levantou, mostrando sua autoridade.
- Eu não lembro de ter ficado com ele... sinceramente, nem toquei naquelas folhas...
- Querida, você não está entendendo... eu preciso do contrato. Não quero suas desculpas. - A porta foi fechada com força. Espantada, Lorah correu atrás de Antoine - que falava no celular. - O que está acontec... - Ele colocou a mão na boca da mulher, fazendo uma careta.
- Tudo certo, então. Na prateleira 1905, código 02; confirma? - Ele apertou um botão e colocou o aparelho no bolso. - Era o Arthur, milady. Preciso te dar as instruções. - Olhou para a jovem que esperava no meio do escritório. - Vou te poupar de mais sermão, gata. - Então puxou a ruiva pelo braço e dirigiu-a até o final do corredor, onde uma parede de vidro era a única barreira entre o céu e o edifício. Estavam no vigésimo-quarto andar.
- Não entendo porque o Arthur insiste em te manter mais informado do que eu. Eu faço parte da Direção, você não.
- E é por isso que você vai fazer a Agatha assinar o papel que eu te der.
- Que papel? Qual é o plano dessa vez?
- Eu sei tanto quanto você.
- Antoine, se aquela garota que está no meu escritório sumir do mapa como já aconteceu, a gente pode ir parar atrás das grades...
- Então acho bom que ela assine o papel. Sem ler, só assine.
- Quem você pensa que é para ir entrando assim?
- Olha, você tentou falar comigo mil vezes, "com urgência". - Enquanto falava, ele fez sinal de aspas com os dedos. - Não acho que seja hora de me ensinar etiqueta.
- Quem decide o que e quando fazer sou eu, Antoine.
- É claro, milady. - Sorriu ele, irônico, se curvando diante da mesa da mulher.
- Quanto atrevimento, menino... só fazes essas coisas porque o Arthur não está aqui para ver... - Ela estava acostumada com o jeito dele e não se importou de vê-lo deitar-se em seu sofá branco. O terno azul-marinho muito bem ajustado, as meias esportivas que brigavam com os sapatos luxuosos... via em Antoine algo encantador. Tinha idade para ser sua mãe, sabia da concorrência que deveria enfrentar caso tentasse aprofundar sua relação com o rapaz, mas não sentia culpa alguma por isso. Não era casada, nem tinha filhos: vivia com a cabeça no escritório. - Falando no Arthur, você sabe o que ele anda fazendo?
- Ah... o de sempre: encontrando vítimas para destruir seus sonhos.
- Hum... e o caso atual? Do que se trata?
- Não sei direito... - Ele olhou para a ruiva, que mordiscava a ponta de uma caneta. - Me joga um cigarro.
- Querido, eu não fumo. - Ela apoiou o corpo nos cotovelos, sobre a mesa, levantando rapidamente o colo e jogando os cabelos para trás, de forma a deixar o pescoço branco à mostra.
- Eu sei que eu pareço não ter cérebro, mas meu olfato funciona. - Replicou, deitando a cabeça nos braços e esboçando um bocejo.
- Me diz o que você sabe da garota. - Ignorou-o, como se assim ele fosse descartar qualquer imagem submissa dela.
- Não sei nada. Só sei que ela não é de se jogar fora...
- Você mesmo disse que não conhece ela, como isso é possível?
- Eu não sei você, mas eu falo de sexo casual.
- Que horror, Antoine! Ela é muito jovem para... - O telefone tocou, interrompendo o que Lorah estava dizendo. - Alô?
- Ela está subindo, senhora. Você pediu para eu te ligar quando ela chegasse.
- Obrigada, Karen, muito obrigada. - Lorah gesticulou para o homem, pedindo a ele que se ajeitasse no sofá. Ele se levantou, arrumou o nó da gravata e passou a mão nos cabelos. Desconfiada, a chefe lançou um olhar sério. - Estamos aqui a trabalho. Ela, agora, é sua colega... co-le-ga.
Em quatro segundos as batidas na porta recomeçaram, desta vez mais fracas e lentas. A moça que esperava do lado de fora espremia os olhos pela fechadura, a fim de ver se o cliente já tinha chegado. Quando viu alguma sombra se aproximando, recuou alguns passos e fingiu estar ocupada com um cisco no olho.
- Oi. - Cumprimentou Antoine, sorrindo. Estendeu a mão, num gesto convidativo. Para sua surpresa, a moça a sua frente ficou parada, com uma expressão séria.
- É a minha barriga, né?
- O que tem ela? - Ele se ergueu, estufando o peito e mexendo a boca estranhamente, como se isso fosse alguma estratégia de sedução.
- O vestido está marcando tudo, fala a verdade. - A garota viu Lorah sentada, logo atrás de Antoine. Correu em sua direção, jogando na mesa a pasta pesada. - Eu não achei o contrato, ele não está comigo! - Arfou.
- Não está? - Levantou, mostrando sua autoridade.
- Eu não lembro de ter ficado com ele... sinceramente, nem toquei naquelas folhas...
- Querida, você não está entendendo... eu preciso do contrato. Não quero suas desculpas. - A porta foi fechada com força. Espantada, Lorah correu atrás de Antoine - que falava no celular. - O que está acontec... - Ele colocou a mão na boca da mulher, fazendo uma careta.
- Tudo certo, então. Na prateleira 1905, código 02; confirma? - Ele apertou um botão e colocou o aparelho no bolso. - Era o Arthur, milady. Preciso te dar as instruções. - Olhou para a jovem que esperava no meio do escritório. - Vou te poupar de mais sermão, gata. - Então puxou a ruiva pelo braço e dirigiu-a até o final do corredor, onde uma parede de vidro era a única barreira entre o céu e o edifício. Estavam no vigésimo-quarto andar.
- Não entendo porque o Arthur insiste em te manter mais informado do que eu. Eu faço parte da Direção, você não.
- E é por isso que você vai fazer a Agatha assinar o papel que eu te der.
- Que papel? Qual é o plano dessa vez?
- Eu sei tanto quanto você.
- Antoine, se aquela garota que está no meu escritório sumir do mapa como já aconteceu, a gente pode ir parar atrás das grades...
- Então acho bom que ela assine o papel. Sem ler, só assine.
[CONTINUA]
(tri que ninguém agüenta mais minhas tentativas de historinhas)
2 comentários:
poooooouuuxa
que...que...fantastico! esplêndido!
que legal essa historinha, o que que eles são hein? uma sociedade secreta? gângsters? pessoas más?
uhsuahsuahsu sério, muuuuuuito bom! a gente fica querendo saber o final e é o maximo como a vida de todos se encontram e...e...e... *.*
wooouuu!
Cara, vindo de ti, o "escreves bem" é um puta elogio. Tenho babado nas coisas que escreves. São realmente ótimas. E no mais, sei lá, esse negócio de contradição sempre me chamou a atenção.
By the way, quero te recomendar um filme que tenho certeza que vais curtir: Irreversível. É um filme francês. Eu vou fazer uma resenha sobre ele no outro blog, depois te passo um link.
Beijos, Ivy!
=*
Ps.: A Lorah é antiga, hein?
AYSASUHAHU
xD~~
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