segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

mimimi.doc

Não lembro de ter me sentido tão ansiosa antes em função de algo que não fosse relacionado a doenças ou mesmo dramas da profissão. Eu sou alguém que facilmente cria expectativas (talvez muitas bastante distantes de serem proporcionais à realidade), imagino que isso não seja novidade. Mas a maneira como venho me sentido não é familiar. Ando pensando em várias situações passadas, tentando avaliar como eu era em diferentes épocas, as mudanças, essas coisas... Só consigo chegar à conclusão de que algumas das pessoas com quem me envolvi já cumpriram suas importantes funções na minha vida e se encaminharam para destinos diferentes. Espero, sinceramente, que se sintam bem. E gostaria de me desculpar por acreditar que eu realmente gostei de cada uma delas por sua singularidade. Não é de todo mentira, mas eu costumava criticar os relacionamentos em que um da dupla poderia ser substituído, quase que brindando um excesso de excentricidade... e hoje me dei conta do quanto errei em função de buscar ser original. Eu era espontânea, mas namorei pessoas substituíveis. E poderia ter sido alguém melhor se não me importasse tanto com me tornar memorável. Convenhamos, já vivia em mim muito drama e medo. Sempre me identifiquei com essas meninas tristes que assistem os outros serem felizes. Que ficam verdadeiramente alegres pelos outros, mas sentem que não encontraram seu lugar no mundo e esse mimimi. Que ficam pra tia. Mas eu sou filha única e nem isso pareceu ser uma opção plausível. Acho que por muito tempo me poupei da solidão estando acompanhada por pessoas que, em sua maioria, foram bacanas e me ajudaram a me descobrir internamente, ainda que isso não fosse uma tarefa tão tranquila. Mas eu buscava relacionamentos, precisava estar com alguém do lado. Fico me perguntando o quanto estou diferente, se estou me enganando ao pensar que tenho agido de outra maneira nesse momento. Mas foi só me imaginar de novo em um desses namoros mornos que a vontade de ocupar esse papel passou. Eu não quero mais viver isso. Não quero apresentar para familiares e amigos alguém transitório, que ficará por algumas semanas até que a paixão desapareça. Preciso que faça sentido para mim, não para os outros. Preciso que essa pessoa me conquiste. E queira ficar. Percebo que eu facilitava muito as coisas para que ficassem perto de mim. Não me considero alguém de difícil convívio. Me adapto bem. Mas conquistar não tem tanta graça se o objetivo se perde. Não preciso de alguém substituível ou de uma pessoa em determinada função. Quero que seja-quem-for abra espaço, me visite e encontre em mim um lugar seu. Sem que eu tenha controle sobre isso. Por favor, não me deixe poder controlar nada disso! Eu vou estragar. Quero que me bagunce em nome de algo maior, que faça valer cada sentimento, cada nuance de emoção. Quero sentir! É só o que sei. Quero a certeza de que é válido me expor, abrir as janelas, confiar. Cansei de correr, de fugir de mim, de sair do lugar. Meu lugar sou eu mesma, seja aonde eu for. É tudo o que eu tenho, é quem eu sou. Não quero me buscar em outras pessoas, quero ser encontrada. E, apesar da ansiedade ser uma manifestação de um pensamento situado no futuro, nunca me fiz tão presente quanto hoje, quanto agora, quanto a cada segundo. Nunca fui tão eu. 

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