Não lembro de ter me sentido tão ansiosa antes em função de
algo que não fosse relacionado a doenças ou mesmo dramas da profissão. Eu sou
alguém que facilmente cria expectativas (talvez muitas bastante distantes de
serem proporcionais à realidade), imagino que isso não seja novidade. Mas a
maneira como venho me sentido não é familiar. Ando pensando em várias situações
passadas, tentando avaliar como eu era em diferentes épocas, as mudanças, essas
coisas... Só consigo chegar à conclusão de que algumas das pessoas com quem me
envolvi já cumpriram suas importantes funções na minha vida e se encaminharam
para destinos diferentes. Espero, sinceramente, que se sintam bem. E gostaria
de me desculpar por acreditar que eu realmente gostei de cada uma delas por sua
singularidade. Não é de todo mentira, mas eu costumava criticar os
relacionamentos em que um da dupla poderia ser substituído, quase que brindando
um excesso de excentricidade... e hoje me dei conta do quanto errei em função
de buscar ser original. Eu era espontânea, mas namorei pessoas substituíveis. E
poderia ter sido alguém melhor se não me importasse tanto com me tornar
memorável. Convenhamos, já vivia em mim muito drama e medo. Sempre me
identifiquei com essas meninas tristes que assistem os outros serem felizes.
Que ficam verdadeiramente alegres pelos outros, mas sentem que não encontraram
seu lugar no mundo e esse mimimi. Que ficam pra tia. Mas eu sou filha única e
nem isso pareceu ser uma opção plausível. Acho que por muito tempo me poupei da
solidão estando acompanhada por pessoas que, em sua maioria, foram bacanas e me
ajudaram a me descobrir internamente, ainda que isso não fosse uma tarefa tão
tranquila. Mas eu buscava relacionamentos, precisava estar com alguém do lado.
Fico me perguntando o quanto estou diferente, se estou me enganando ao pensar
que tenho agido de outra maneira nesse momento. Mas foi só me imaginar de novo
em um desses namoros mornos que a vontade de ocupar esse papel passou. Eu não
quero mais viver isso. Não quero apresentar para familiares e amigos alguém
transitório, que ficará por algumas semanas até que a paixão desapareça.
Preciso que faça sentido para mim, não para os outros. Preciso que essa pessoa
me conquiste. E queira ficar. Percebo que eu facilitava muito as coisas para
que ficassem perto de mim. Não me considero alguém de difícil convívio. Me
adapto bem. Mas conquistar não tem tanta graça se o objetivo se perde. Não
preciso de alguém substituível ou de uma pessoa em determinada função. Quero
que seja-quem-for abra espaço, me visite e encontre em mim um lugar seu. Sem
que eu tenha controle sobre isso. Por favor, não me deixe poder controlar nada
disso! Eu vou estragar. Quero que me bagunce em nome de algo maior, que faça
valer cada sentimento, cada nuance de emoção. Quero sentir! É só o que sei. Quero
a certeza de que é válido me expor, abrir as janelas, confiar. Cansei de
correr, de fugir de mim, de sair do lugar. Meu lugar sou eu mesma, seja aonde
eu for. É tudo o que eu tenho, é quem eu sou. Não quero me buscar em outras
pessoas, quero ser encontrada. E, apesar da ansiedade ser uma manifestação de
um pensamento situado no futuro, nunca me fiz tão presente quanto hoje, quanto
agora, quanto a cada segundo. Nunca fui tão eu.
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