domingo, 4 de julho de 2010

Traição física x Traição psicológica (x Ellen Rocche)

Eu pensei, inicialmente, em me referir às pessoas do casal como A e B e a(o) amante como C. A intenção era ficar algo bem generalizado e unissex, mas - melhorando as idéias - percebi que não acho que o amante seja um personagem irrelevante ao qual se deve ser indiferente: importa saber se A e C, segundo minha classificação anterior, são do mesmo sexo. Ok, vou tentar ser clara - talvez tudo fique mais confuso do que deveria porque eu não tenho uma conclusão formada, então não sei qual será o rumo da discussão.

Como é de se esperar, eu não sou uma fonte neutra. Não penso em "traição" com todo aquele manto de surpresa e horror ao qual muitas pessoas estão acostumadas. Não gosto muito de pensar nisso sem analisar devidamente o contexto. Não estou aqui pra julgar o código de conduta de C: penso nessa pessoa como alguém isolado do mundo. Não quero saber se tem filhos, se segue alguma doutrina religiosa, sua idade ou sua condição financeira: pra mim pouco importa quem é de fato o amante ou se esse alguém sabe que está se envolvendo com uma pessoa "comprometida" - e se, mesmo sabendo, porque mantém o relacionamento. Acho que o amante é um caso a parte, não coloco "a culpa" (se ela deve existir) sobre ele. Quem está agindo "ilegalmente" é A ou B, não C. E não é porque houve a traição que eu vou necessariamente achar que B (tá, vamos considerar B o indivíduo comprometido que comete a traição e A o indivíduo com quem B está comprometido) é a pior pessoa do universo e merece o inferno e mais um pouco, e considerar A um pobre ser humano digno de toda pena e compreensão possível.

Pode ser que o relacionamento seja formado por dois B's, não se sabe. É importante prestar atenção no contexto. Eu tenho mania de sempre pensar em crises conjugais (incluindo o fenômeno da traição) como um problema do casal e não de A ou B separadamente. O que geralmente acontece é pensar "Ah, esse B é um merda" e esquecer completamente que existe uma gama de coisas envolvidas, que não é tão simples colocar em B a máscara de vilão e vestir A de anjinho.

Sei que devo parecer ingênua ou, sei lá, muito sonhadora pelas coisas que eu digo. Eu estou considerando casos em que o casal é formado por adultos ou jovens adultos, não aquele tipo de "relacionamento" que se tem aos 13 anos. E o título surgiu de pensamentos antigos. Na verdade, muito do que estou falando deve já ter sido escrito centenas de vezes. Não busquei nada sobre o assunto para ler, queria tentar esclarecer minhas idéias bem sozinha. Sempre diferenciei, mesmo que o limite entre uma coisa e outra não fosse muito claro, traição física de traição "psicológica".

Traição física seria aquilo de B pegar alguém em uma festa ou enfim e fosse algo no estilo "uma noite e nada mais". Ou então algo mais duradouro, mas que fosse sustentado pela atração física. Beijos, sexo e nada de conteúdo. Em resumo, "sem trocas emocionais" (na medida em que isso é possível).

Traição psicológica seria algo aparentemente mais inofensivo, que não necessariamente representa o ato físico. Acho que isso é coisa de cabeça de mulherzinha, mas realmente acredito que exista um diferencial. Seria o caso de B estar com A pensando em outra pessoa, desejando estar com esse outro alguém. Pode ser algo platônico mesmo. Na verdade, a condição seria B nutrir um sentimento por C, sendo recíproco ou não.

Claro, imagino que a situação mais grave ever seria a triação física junto com a psicológica... mas caracterizo a traição psicológica pelo "desejo de estar com outra pessoa" marcado pelo sentimento. Deixo a coisa da pura atração sexual para o primeiro caso de traição.

Ah sim, penso também que deve haver um mínimo de bom senso... Tudo bem desejar a Ellen Rocche ou o Tom Selleck ou pensar que tal pessoa que passou na rua é bonita/gostosa/whatever. Não é porque se está num relacionamento que deve-se fechar os olhos para as belezas do mundo. Pelo contrário, acho que esse excesso de controle sobre a vida do parceiro acaba matando a relação aos poucos. Nada de queimar Playboy's em praça pública, sei lá. Tá, eu não vou entrar em detalhes e começar a falar sobre masturbação ou enfim. Apenas acho que cada um deve preservar sua individualidade e que, sim, é normal sentir atração física por outras pessoas. Mas não penso que é 100% justificável ir lá e pegar a Ellen Rocche, eu não disse isso. (Substituam a Ellen Rocche por outra pessoa, ela é uma exceção. Tipo um Pokémon: "temos que pegar!". Ok, parei de bobeira)

Bom, eu falei tudo isso e perdi o fio da conversa. Me sinto idosa com essas expressões. Enfim. Fato é que eu considero "traição psicológica" mil vezes pior do que a física. É que sobre a física nem tem muito o que explicar... Eu imagino que a traição física ganha toda a magnitude em função de um certo machismo, ou sei lá. O homem não vai querer admitir que teve a mulher dividida com outro homem, bem como a mulher vai se sentir um cu de feia se souber que o homem pegou outra mulher (e aí já não sei se é melhor admitir que a outra é mais bonita mesmo ou continuar não entendendo como seu princípe encantado virou São Jorge do nada). Enfim, relaciono traição física com isso: moral e auto-estima.

O que eu acho terrível na traição psicológica é o fato de a relação continuar existindo sem que B supra suas vontades. Ok, parece estranho e contraditório dizer isso. Mas, pra mim, indica final de relacionamento, aquela situação de coisa morna, em que A pode ou não estar lutando para manter a chama acesa - mas é certo que B não está, pois está dividido, não está inteiramente presente na sua relação com A.

Isso me lembrou um tópico sobre Eutanásia, em que se acentua a grande diferença entre "matar" e "deixar morrer". Na traição física, B mata A. Quer ele queira ou não. Direta ou indiretamente. A pode ver B com C, pode saber do ocorrido a partir de outras pessoas ou de B, pode nunca saber - mas o foco aqui é falar de quando A sabe de C. Trata-se de uma ação muitas vezes impulsiva e insignificante, "instintiva". Mas B mata o relacionamento. Com isso, não quero dizer que "não há perdão" ou que necessariamente esse seja o "fim" do relacionamento entre A e B. Enfim, marca o conflito. Como vão resolvê-lo já é outra história. E, mais uma vez, gostaria de deixar claro que não atribuo uma culpa a B sem antes analisar o seu contexto.

Na traição psicológica, B deixa a relação morrer. Acredito que isso traga mais sofrimento para A e B. Para A, porque essa pessoa pode notar o distanciamente de B sem entender o porquê, coisas assim. Para B, porque existe um receio em se afastar de A ou de comentar com A o que está se passando.

Na traição física, B pode preferir não falar de C para A porque pensa que não vale a pena comprar uma briga ou causar um sofrimento a A, uma vez que a situação com C foi puramente física - não houve, a princípio, mudança visível na postura de B com A.

Na traição psicológica, seria o contrário. Ou não. Já nem sei. Na real eu começo a pensar nessa diferenciação e acabo embaralhando meus pensamentos. Acho que vou deixar isso assim, meio inacabado, e ver no que dá. Outra hora continuo.


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Ah tá, lembrei o que eu queria discutir. Vi hoje um caso na televisão sobre um homem casado com uma mulher há oito anos. O casal tem três filhos, dos quais o homem não que se afastar de jeito nenhum. E ele ama sua esposa, ama muito. Ele nunca a tinha traído, porém, de  poucos meses atrás pra cá, ele tem saído com travestis escondido da mulher. Não está em jogo a sexualidade dele (antes que todo mundo resolva dizer "ai, ele morde a fronha" e achar que essa é a conclusão da história), mas a questão da traição. Chegou-se ao consenso, no debate, que ele deveria conversar com a esposa por respeito a ela e como sinal de que, ok, ele confia nela para resolver seus conflitos. Isso diz respeito a uma questão pessoal dele, a um gosto, uma particularidade dele, mas o problema é do casal. Nesse exemplo, pra mim fica muito clara a diferença entre traição física e psicológica, uma vez que o homem vai atrás dos travestis porque sente atração (e, nesse caso, não há nada que a mulher dele possa fazer - além de comprar um consolo e tentar a sorte), mas tem suas demais necessidades supridas pela esposa, pela família que ele ama. Não está em jogo também "o que é amar". Se ele diz que ama, ele ama. Enfim.


2 comentários:

Ricardo Cavalera disse...

"na real, tô vendo que eu vou parecer uma menina boba que acha que todos os homens têm coração e não pensam (só) com a cabeça de baixo."
Todo homem que parece, ou diz pensar somente com a cabeça de baixo, das duas uma, é um completo imbecil que ainda está numa adolescência tardia, ou está tentando se mostrar para alguém, o que mais uma vez é imbecil. O primeiro tipo tem bastante la´na famecos, do segundo tipo tem um amigo meu que depois te falo.
Mas saca só, eu meio que estive pensando sobre isso a um tempo atrás. Sobre a diferença nos tipos de traição.
A traição, física por si só, eu penso ser a traição menos pessoal que existe. Pois que é uma coisa tão de impulso, uma atração física natural e inerente que quase não pode ser controlada, tu não esta lembrando de A, ou B na hora, está simpelesmente aproveitando um momento. Aí se depois dessa, one night stand, ou qualquer coisa que o valha o B ainda continue a ver esse C, creio que se classifica como ago um pouco mais grave. Pois deixa tanto de ser um impulso, passa a ser uma escolha, e uma traição bastante pessoal. Mas num primeiro momento eu acho que ela é batsante inofensiva.
E eu concordo com o teu ponto de vista sobre a traição psicológica ser classificado como pior do que a anterior. Não que uma pessoa não possa amar duas pessoas diferentes. Eu acho totalmente compreensível e possivel. Mas na maioria das vezes não é esse o caso, e realmente indica que a pessoa A não mais nos satisfaz mental e fisicamente, o que é realmente o fim do relacionamento esperando para acontecer depois de diversas brigas e tal.
Em suma, concordo, e não, tu não é boba.
;*

Dai disse...

A culpa não é de C.
C está consciente, C está praticamente tirando vantagem, na verdade '-'.. C não se importa...
B é o culpado por não ter deixado claro para A que isso poderia acontecer.. Só por isso, mas não pelo ato de traição em si.
A não é um pobre coitado, B não é um monstro e C está aproveitando ou sendo inocente demais. (achando que B ama C e vai largar A por ele)

Um relacionamento formado por dois B's? SIM! Todos somos B's. Quem nunca foi um B em pensamento? .. Sim.. B's acontecem. E o *problema* que eu também concordo que é do CASAL é a dificuldade de falar sobre isso, na real.. não precisava nem ser falado, se já fosse subentendido.
Há essa hipocresia no relacionamento... de que vamos encontrar a pessoa perfeita e que nunca mais teremos olhos pra outras .. e o contrário disso não é cogitado. E acho que talvez por isso as pessoas sejam infelizes sexualmente, porque não exploram (nem cogitam) esse potencial de abertura para as diversidades!(iauheiaueh ri do potencial de abertura) em fim... é aí que eu encaixo o homem que traíu a mulher com a travesti, ele foi buscar numa coisa "proibida" algo a mais que sempre reprimiu nele mesmo.. de certa forma isto também não é uma traição psicológica? (traição dele com ele mesmo, talvez?)

Sobre Ellen Rocche.. sério.. como alguém pode colocar seu nome no google e ver que só tem fotos sensuais praticamente nua.. tipo.. .. oõ.. e não ficar: omg, essa é a img que eu passo?

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