Eu falo muita abobrinha e me arrependo depois. Tá, não me arrependo porque faz parte do meu código de conduta não me arrepender... (eu penso que, uma vez que eu tento agir do melhor modo de acordo com o que a situação me oferece, é bobagem me arrepender de alguma escolha: a visão depois de ver as conseqüências pode ser diferente, mas isso não significa que eu não tenha feito o melhor que poderia) mas, enfim, a gente repensa e se acha um merda por dois minutos. E daí começa a ver que amadurecemos e que isso é bom e por aí vai. Por outro lado, às vezes me faz bem ver que eu não mudei tanto assim, que consigo encontrar um chão em mim mesma. Tava relendo umas coisas aqui e, sei lá, gostei disso e de umas outras coisas. Fiquei lendo por cima uns contos do Salinger que eu nunca li - pra dizer a verdade - e me senti meio que em uma música dos Smashing Pumpkins. Eu estou com aquele medo que me impede de querer pensar nas coisas. Eu não acho que, hoje, daria certo com alguém que não soubesse me entender musicalmente. Já levei isso menos a sério, mas - com o passar dos anos - percebi que a única coisa que se fortaleceu mesmo, sem descer um pouquinho que fosse no gráfico-das-coisas, foi a necessidade de ter sempre presente alguma melodia. O bom das músicas instrumentais é que elas te deixam absolutamente livre para sentir o que quiser - acompanham a dor mais aguda e a alegria mais infantil. Em tempos de extrema movimentação, de mudanças estranhas, eu tendo a ficar mais afastada das pessoas. Mas é aquilo: estou fora de casa, mas usando os malditos fones de ouvido. E sou receptiva às músicas alheias. Cada música tem sua história, tem seu sentimento. Acho importante ouvir os outros e entendê-los a partir do que eles escutam. Fiquei viajando com aquela cena de "Ensaio sobre a cegueira" em que os cegos sentam em volta de um radinho e ficam em silêncio ouvindo a música. Às vezes, espero o dia todo pelo momento de voltar pra casa e escutar aquele som tão necessário. Talvez essa seja uma das poucas coisas das quais eu realmente gosto mas que não faço questão de "entender". Ah, não se trata de negar conhecimento, mas gosto daquela cena clássica de deitar na cama e esquecer do mundo. Não me vejo compondo alguma coisa. O que eu faço é mecânico. Eu crio mundos para fugir para outros lugares quando acho necessário, mas sei que a minha escrita não passa de ficção. Música não, música existe. Ok, não quero tornar meu monólogo repetitivo. O fato é que, "velha" como estou hoje, acho que não toleraria uma aproximação maior com alguém que desconhecesse Holden Caulfield ou que ficasse indiferente ao ouvir "1979". A gente cresce e vai ficando cheio de manias. Acho que tenho direito em fazer minhas exigências silenciosas. E tenho refletido sobre antigos traumas e coisas assim. Acho que imortalizar conhecidos em histórias é uma das coisas mais cruéis de se fazer. Não gostaria de abrir um livro e me ver ali estampada com uma visão unilateral e um tanto romantizada de mim para a ficção. E ler sobre meus defeitos, então? Por outro lado, acho que isso é válido no mundo da música. Sou daquelas que acham que uma música não tem dono. Enquanto os livros ditam o que será, as músicas sugerem. Mais uma vez eu não sei porque estou falando disso. O fato é que estou confusa com antigas agressões passivas e com a metamorfose pela qual estou passando.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Disarm
Eu falo muita abobrinha e me arrependo depois. Tá, não me arrependo porque faz parte do meu código de conduta não me arrepender... (eu penso que, uma vez que eu tento agir do melhor modo de acordo com o que a situação me oferece, é bobagem me arrepender de alguma escolha: a visão depois de ver as conseqüências pode ser diferente, mas isso não significa que eu não tenha feito o melhor que poderia) mas, enfim, a gente repensa e se acha um merda por dois minutos. E daí começa a ver que amadurecemos e que isso é bom e por aí vai. Por outro lado, às vezes me faz bem ver que eu não mudei tanto assim, que consigo encontrar um chão em mim mesma. Tava relendo umas coisas aqui e, sei lá, gostei disso e de umas outras coisas. Fiquei lendo por cima uns contos do Salinger que eu nunca li - pra dizer a verdade - e me senti meio que em uma música dos Smashing Pumpkins. Eu estou com aquele medo que me impede de querer pensar nas coisas. Eu não acho que, hoje, daria certo com alguém que não soubesse me entender musicalmente. Já levei isso menos a sério, mas - com o passar dos anos - percebi que a única coisa que se fortaleceu mesmo, sem descer um pouquinho que fosse no gráfico-das-coisas, foi a necessidade de ter sempre presente alguma melodia. O bom das músicas instrumentais é que elas te deixam absolutamente livre para sentir o que quiser - acompanham a dor mais aguda e a alegria mais infantil. Em tempos de extrema movimentação, de mudanças estranhas, eu tendo a ficar mais afastada das pessoas. Mas é aquilo: estou fora de casa, mas usando os malditos fones de ouvido. E sou receptiva às músicas alheias. Cada música tem sua história, tem seu sentimento. Acho importante ouvir os outros e entendê-los a partir do que eles escutam. Fiquei viajando com aquela cena de "Ensaio sobre a cegueira" em que os cegos sentam em volta de um radinho e ficam em silêncio ouvindo a música. Às vezes, espero o dia todo pelo momento de voltar pra casa e escutar aquele som tão necessário. Talvez essa seja uma das poucas coisas das quais eu realmente gosto mas que não faço questão de "entender". Ah, não se trata de negar conhecimento, mas gosto daquela cena clássica de deitar na cama e esquecer do mundo. Não me vejo compondo alguma coisa. O que eu faço é mecânico. Eu crio mundos para fugir para outros lugares quando acho necessário, mas sei que a minha escrita não passa de ficção. Música não, música existe. Ok, não quero tornar meu monólogo repetitivo. O fato é que, "velha" como estou hoje, acho que não toleraria uma aproximação maior com alguém que desconhecesse Holden Caulfield ou que ficasse indiferente ao ouvir "1979". A gente cresce e vai ficando cheio de manias. Acho que tenho direito em fazer minhas exigências silenciosas. E tenho refletido sobre antigos traumas e coisas assim. Acho que imortalizar conhecidos em histórias é uma das coisas mais cruéis de se fazer. Não gostaria de abrir um livro e me ver ali estampada com uma visão unilateral e um tanto romantizada de mim para a ficção. E ler sobre meus defeitos, então? Por outro lado, acho que isso é válido no mundo da música. Sou daquelas que acham que uma música não tem dono. Enquanto os livros ditam o que será, as músicas sugerem. Mais uma vez eu não sei porque estou falando disso. O fato é que estou confusa com antigas agressões passivas e com a metamorfose pela qual estou passando.
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Pensado por
Ivy
às
03:19
Assuntos:
coisas aleatórias,
livro,
música,
não-ficção
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Um comentário:
Hey <o/
Sabe o que eu acho engraçado sobre a musica é exatemente o lance de sugerir, de te fazer sentir alguma coisa. Eu sempre associo memorias momentos e cores as musicas que eu gosto. 1979 me lembra aqueles dias de primavera que são frios mas que tem sol e a gente meio que fica lagarteando sentado de olhos fechados. E cores quentes.
Sei lá, isso é uma coisa muito minha de fazer. Uma lembrança de um epoca diferente.
Eu li um conto do Neil Gaiman (de novo esse cara do sandman), que se chama "Como conversar com Garotas em Festas". Que obviamente ão é um manual para pequenos garanhões, mas sim uma historia dum guri que vai na festa errada e acaba conversando com garotas que são galaxias e deusas e tal. Talvez tu goste.
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