segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ivycetera.

O que mais me incomoda é que o sofrimento pode ser simpático à medida que nos identificamos ou nos acostumamos com ele.

Acabei de ver dois documentários sobre transtornos alimentares, seguidos de um programa que pareceu ser tão contraditório: depois de tanto blablablá sobre a compulsão pelo emagrecimento, mantida pela atmosfera doente que elegeu um padrão para a beleza, resolvem mostrar crianças obesas da geração fast food. Sei lá, não me pareceu nada anormal à primeira vista, mas - depois de ficar uma hora e meia ouvindo especialistas falando sobre "tirar o foco da comida" e cuidar as mensagens que são transmitidas pela mídia e pelos pais às crianças e aos adolescentes - o acontecimento parece realmente irônico. É realmente difícil desassociar saúde de uma determinada forma física (geralmente, o tal padrão de beleza). As revistas vendem essa imagem como uma verdade a ser buscada. E tudo nisso é ridículo. Enfim.

Eu estou tentando buscar na faculdade assuntos que realmente despertam meu interesse. Sabe, fazer algo que se quer já é meio caminho andado para o "fazer bem feito"... Tive a sorte de encontrar pessoas muito interessadas em estudar transtornos alimentares. E também entrei para uma pesquisa sobre "violência conjugal". Por enquanto, foram realizadas várias leituras sobre as formas de conflitos maritais e como elas afetam os filhos e etc. Quem conviver comigo por tempo razoável vai perceber que eu sou meio que obsessiva (não sei se o termo é "obsessiva", estou meio away para pensar direito) por isso de separação de casais... tanto no plano "pais e filhos" quanto no plano mais individual da coisa. O terceiro assunto que, a príncipio, mais chama minha atenção seria o tema da sexualidade. E sexo em geral, enfim. Tudo está relacionado. Mas aí eu prefiro buscar conhecimento através das minhas fontes - é difícil eu concordar com várias das afirmações que escuto, acho que não suportaria tanta diferença "voluntariamente". Haha.

Quanto a isso dos transtornos alimentares, comecei a me interessar à medida que eu comecei a questionar se meus hábitos alimentares eram normais. Normais, bem essa a palavra. Eu me assustei com a forma brusca com que eu mudei. Acho que isso faz parte da chegada da adolescência, mas ainda assim achei muito "do nada". Num dia você não tá nem aí, no outro pensa "ok, talvez eu devesse me preocupar mais com minha aparência" e, no terceiro, sai que nem louca perguntando ao mundo se está gorda. A própria pergunta já uma auto-afirmação, todo mundo sabe disso. Ninguém se importa se a resposta é sim ou não. Claro, ouvir um sim é pedir pra morrer (e levar a pobre criatura sincera e cretina junto), mas... Enfim. Eu olhava os sites 'pro-ana' e pensava "ai, essas meninas são tão toscas, só querem ser escravas da moda, blablablá". Depois, você tenta entender o assunto e se depara com uma realidade extremamente cruel. Ok, essa forma de deterioração me interessa e muito.

Não sei porque fiquei falando essas coisas. Na verdade, estou guardando minhas palavras para o papel. Não sei, estou cautelosa e sensível. Talvez eu esteja sentindo a mesma solidão do início do ano passado. Mesmo sabendo que meus amigos estão aqui, sinto que existem barreiras estranhas entre nós. Estou mais "paulista" do que nunca. É assim que eu chamo essa vida de "não tenho tempo para nada". E o pior é que quanto mais eu tento romper com isso e mostrar pra mim mesma que é frescura mais eu percebo o quanto isso é concreto. É um tanto triste isso. É meio vazio, se você for pensar. Eu deito na cama respirando "o que eu tenho que fazer amanhã de manhã" e, semana após semana, começo a me esquecer da última vez em que eu vi ciclano ou coisas assim. Ivy, você é uma pseudoadultinha agora. Enquanto isso, eu fico gripada. E só Deus sabe o quanto eu fico emotiva nesses momentos. Não suporto me sentir impotente. Ok, chega de falar de mim.



Um comentário:

Carolzitcha disse...

me identifiquei MUITO com esse texto O.O
;*

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