domingo, 17 de janeiro de 2010

Completamente idiota.

E eu disse "Que droga, abre essa porta! Não quero me sentir um idiota completo.", mas quem me respondeu foi um vizinho. Resumindo, ele me xingou de várias coisas por estar gritando no corredor do apartamento dele de madrugada. E a vadia nem se prestou a me olhar da janela, ainda que fosse pra rir de mim quando eu tropecei num negócio que estava no caminho. No meio da rua, de madrugada, com chuva até na cueca: um verdadeiro idiota. Pra melhorar, não tinha nenhuma bosta de cafeteria aberta. Nem bar. Se eu decidisse que meu refúgio seria muita cachaça ou o que tivesse pra beber, nem assim eu conseguiria cumprir meu destino. Cheguei em casa e tive a capacidade de rasgar a manga da minha camisa na fechadura. Abri o armário, me sentindo um homem ferrado. Ferrado, mas homem. Sem potinhos coloridos na cozinha ou toalhas de renda pela casa: homem. E não tinha café! Não tinha a porcaria do café. E eu voltei a me sentir como um garotinho de 12 anos quando sentei à mesa sozinho e enfurecido para tomar leite. Leite com achocolatado. Não gosto do gosto de leite e admito isso, o que talvez faça de mim menos homem que os meus amigos. Quer dizer, quanta asneira! E daí eu fiquei com aquele nervosismo de quem sabe que tem que dormir (mas que não vai conseguir dormir), mas que não agüenta esperar pelo dia seguinte para ver como vão ficar as coisas. O problema em ser um idiota é que você sempre tende a fazer as piores escolhas. E, independentemente de fazer do melhor ou pior modo, as conseqüências sempre variam do grotesco e previsível ao caos total. Pensei em voltar lá e dizer pra minha namorada que eu não ia ficar atrás dela, que ela abrisse de uma vez a porta e parasse de criancisse... senão eu ia embora - definitivamente. Na verdade, foi o que eu tentei fazer da última vez que eu fui lá, quando o vizinho me botou pra fora e ameaçou chamar a polícia. Não nasci pra protagonizar cenas de amor. Pra mim essas coisas nunca dão certo. Eu esqueci de comprar café porque estava ocupado demais pensando em como explicar as provas da minha traição idiota. Verdadeira traição idiota: se fosse uma vadia gostosa, mas nem disso eu fui capaz. Levei qualquer uma pra casa, já era fim de noite e eu também não tenho muitas opções naturalmente. Sabe como é, "pegar ou largar". E eu peguei. E não foi ótimo nem nada, foi bonzinho. Sabe como é. O problema em admitir uma situação dessas é que a gente acaba ficando na mão dos outros. Na mão da namorada e até das amigas dela. Tô dizendo. Já me disseram - até meu pai já disse - que essas coisas são assim e a gente não pode admitir. Mas ela sabe que eu sou um idiota e etc. E o porcalhão do vizinho dela também. Acho que eu deveria tentar dormir. Ah é, eu estou molhado. Tinha me esquecido. Droga de camisa rasgada!


 

2 comentários:

Francesco disse...

Sabe, to me sentindo assim, e olha... nem precisei trair pra acontecer isso.

As vezes penso que no negocio seria fazer tudo ao contrario, ou seja, trair. E nao seria o bastante, trair deveria ser uma das "infraçoes" mais "leves" ainda.

Leandro disse...

Bons escritos!
Estou lendo seus blogs, abraços e até mais.

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