segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sad but true.

Esses russos! Acho que esperam até que um vírus os deixe constipados para registrarem o nome dos seus filhos. Como se fizesse parte de um ritual de iniciação espirrar ao dizer o nome da criança ao funcionário - e este o escreve como o ouviu, exatamente como ouviu. Só pode ser essa a explicação para tantos nomes impronunciáveis... É, eu fico pensando esse tipo de coisa quando as pessoas ao meu redor não parecem interessantes. Vou te dizer que acho desconfortável ser alvo desses olhares penosos. Eu fico sem graça até para cuspir o caroço de azeitona no guardanapo, o que eu acho um tanto patético. É divertido tentar mirar o caroço na lixeira e passar horas fazendo pontos imaginários. Sério, como as pessoas não têm criatividade. Tanta coisa para fazer e elas se enfiam, nesse fim de noite, num celeiro abandonado para beber e ouvir essas porcarias. Isso não é música... ah, mas não é mesmo. Tudo bem, eu exagerei quando chamei isso daqui de celeiro. Eu só sei que é de madeira e consideravelmente grande, numa área mais afastada - até pelo barulho que essa gente faz. Como se fossem animais no cio, só que sem algum motivo aparente. Eu olho para esses garotinhos e, ai, me dá tanta vontade de viajar no tempo e no espaço, chegar logo na Escócia de homens machões e de saia - eles não têm essas frescuras de dizer que tudo é coisa de viado. Eu acho um tanto depreciativo da parte dessas garotas passar uma ou duas horas na frente do espelho para encherem o rosto de pó e virem desfilar para esses trastes. Essas são as pessoas com quem ando ultimamente: inexperientes que posam de deuses e humaninhas querendo ser deusas. É, soou meio estranho. Daqui a pouco eu vou subir naquela camionete, lá na frente, deitar naquela parte de trás e ficar olhando pro céu. Bebendo sozinha. Bom seria se eu tivesse como ouvir minhas músicas daqui, sabe, pelo menos isso. Quando eu cheguei tinha um cara vomitando, e ele sentou no chão para beber água e ficou me encarando com os olhos vermelhos. Eu tenho uma cicatriz muito ruim na panturrilha, que faz muita gente me perguntar o que foi que eu tatuei. Eu não sei o que passa na cabeça dos outros quando eles me enxergam com esse ar de anormal. Eu menti quando disse com quem tenho andado. A verdade é que eu não só não tenho andado como também não tenho ninguém para andar, se fosse o caso. Tudo bem, ninguém já é demais... - perceba como sou irônica. Ai, adoro quando eu dou esses sorrisinhos sozinha, espontaneamente, e aquela garota de vestido vermelho olha para trás e cutuca o namorado, de quem ela deve pensar que eu estou afim. Até parece! Faz um século que eu não saio com garotos. Bom, pra dizer a verdade onteontem eu saí com um carinha, mas eu não posso dizer que valeu a pena. Esses amigos da Gabrielle sempre aparentam ser uma coisa e, quando eu vejo, são tão mais sem sal. E foi ela quem me trouxe aqui, aliás. Diz ela que "a festa vai bombar" e essas coisas. Eu fico feliz pela parte da bebida ser liberada (ainda que isso traga algumas conseqüências bem clássicas e infelizes) - até acabar. E eu nem paguei muito caro não - eu sou menina. As flores sempre pagam menos. Eu francamente não sei o porquê, mas não sou eu que vou reclamar, né? Acho ótimo, bem melhor do que ter nascido na Rússia, com nome de espirro. E cá estou eu, com passos lentos e desequilibrados, chegando perto da camionete vermelha. Eu não sei quem é o dono, mas ela parece ser bem confortável. Melhor espiar: não seria surpresa encontrar um casal escondido. Não tem ninguém. Ninguém. Ah, que perfeito! Pena que isso não vai demorar muito para acabar. Se eu disesse pra Gabrielle que estou louca para dar um basta ela tentaria dar um basta na minha loucura. Bem assim. Quando eu falo sozinha, ela imagina que eu esteja me relacionando com as azeitonas, veja só! Eu escondi uns doces no bolso. Não foi tão escondido assim, porque alguns estranhos viram e comentaram entre eles. Até aquela magriça do vestido vermelho. Doze doces para distribuir entre algumas horas... Eu nunca pensei que fosse gostar tanto de sentar num capô, com docinhos e absinto. Só faltava música. Tudo bem, isso parece ser realmente digno de incompressão. Eu poderia facilitar, dizer que prefiro mil vezes aquela clínica e toda a sua luminosidade do que esse celeiro imundo, cheio de pessoas e seus capuzes. Mas eu vou negar isso até o final... e quando não restar ninguém eu vou ser tão, mas tão feliz. Seremos eu, você, o celeiro, a camionete, o absinto, os doces que sobrarem e mais ninguém. Quero ver cada capuz cair, um a um. Eu sei que não sou imortal, foi um acidente eu ter sobrevivido. Mas não vão mais rir de mim por isso, não por isso e nem por nada. Nem a Gabrielle, nem ninguém. Nem ninguém! E talvez seja melhor sem música... ver as pessoas gritando, agora com motivo. E a lua fica realmente bonita refletida nessa lâmina. Adoro meus sorrisos espontâneos. Você também adora, não adora?

Um comentário:

dado disse...

Ola minha conterranea de Porto Alegre. Todos os dias tenho o habito de visitar outros sites de deixar meu comentário, pois sei o quanto é gratificante receber um. E tamben sei que é um incentivo para continuar com esta arte de colocar o que se pensa nele. Pra mim quem cria e quem escreve em um blog ou num site são verdadeiros artistas.
Deixo o endereço do meu site que tambem é dedicado a estes artistas que fazem e escrevem seus blogs. Aguardo seu comentário pois é muito importante pra mim tambem e fico a disposição para lhe ajudar no que prescisar colocando meu msn a sua disposição . E se voce gostou da radio que toca no meu site, terei maior prazer em colocar no seu. E se quiser conversar comigo pode faze-lo atravez do chat que se encontra no proprio blog. Estarei atendendo das 17 as 19 horas nos domingos e toda a tarde nos demais dias. Dado

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