sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ah, as portas...

as paredes que me perdoem, mas as portas são muito mais participativas. eu fiquei pensando nisso hoje, quando eu fechei a porta pra faxineira. nada contra ela (quer dizer...), mas eu fico tão feliz em saber que vou ficar em paz, sozinha em casa, que eu não posso disfarçar uma careta de "yeaaah" (às vezes acompanhada de algum gesto das mãos) quando eu rodo a chave. daí eu fiquei pensando que essa porta, se tivesse um cérebro ou outro meio de criar pensamentos, acharia previsível a minha reação - e seria uma ampla conhecedora de expressões (tipo um drew, do filme elizabethtown, em sua análise dos últimos olhares. ou tipo uma amélie poulain, embora eu não lembre direito o que ela faz).
as portas, reunindo os dados que coletam, devem ser realmente boas em prever situações (só observando, já que o sentido da audição é de exclusividade das paredes...). imagina uma enciclopédia disso! o olhar ansioso, quando se está esperando alguém vir com uma notícia ou quando se está com saudade, a cara de tédio quando você percebe que quem tocou a campainha é seu vizinho gordo que veio devolver alguma coisa ou o zelador querendo checar o treco do gás, a cara de surpresa quando chega uma encomenda, as mil faces que o efeito de uma pizza na porta pode produzir (desde flerte com o entregador até fome ao cubo, mau-humor pela demora, dúvida em relação ao paradeiro do dinheiro), enfim...
as portas servem de suporte para pessoas que choram desesperadamente escoradas em alguma coisa (pelo menos em filmes), para guirlandas natalinas e plaquinhas meigas de 'bem-vindo' ou 'lar doce lar', para aqueles que se sentem mais seguros se encostarem seus traseiros nas malditas depois de chegar em casa - depois de um dia cansativo, um quase assalto na rua, um vendaval. ah, as portas... *suspira* tão necessárias para se manter a privacidade, seja em qual peça se encontram.
as portas de banheiro, é claro, são as mais compreensíveis: não se importam se são maltratadas devido ao seu stress-pré-cagada (?) (veja, a sigla disso é SPC \o/), com o cheiro nem com o bafo after-banho. as portas dos quartos selam sons indesejáveis, tipo gemidos (alheios) e roncos, além de favorecer o sono lindo, leve e solto (em outras palavras, você pode dormir pelado). tudo bem, todas as portas auxiliam do seu jeito e evitam que sua música ligada no volume máximo incomode tanto sua mãe, que está vendo tevê... mesmo que, às vezes, você tenha desentendimentos com o sr. vento por ficar embalando suas queridas portas. coitadinhas, rangem de dor - quando não se torturam se jogando contra a parede.
valorize sua porta, afinal nunca se sabe o quanto ela pode dizer sobre você.


2 comentários:

Guilherme disse...

hohohoho, tri teu texto! a porta do meu quarto raramente fica fechada, sei lá, me sinto sufocado. Só qdo quero ficar na minha ou ouvir uma música. Ela é a companheira muda das minhas crises existenciais :D

beijo!

Ivy disse...

ahh, eu tbm não fecho a minha por isso. :B
mas, pensa bem, só as portas tem olho mágico. han han
;)
(válido para a ajuda silenciosa nas crises hauaui)

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