segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ilha

Para onde a gente vai quando não está aqui? Não falo da morte, mas do ímã que atrai nossos pensamentos mais complexos - aqueles que nos transportam para outra dimensão, além da realidade. Não é difícil se perder de uma conversa e navegar até esse lugar misterioso, enquanto a pessoa a sua frente parece mover as mãos e a boca sem fazer som algum. E, então, você concorda com as idéias dela, que não ouviu, com um sinal positivo com a cabeça ou uma palavra qualquer. Por mais desprezível que esse ato pareça, isso deve acontecer com todo mundo.
Será que todos vão para o mesmo lugar? Para a mesma ilha isolada? Será que a gente só entra dentro do nosso corpo, ainda que inconscientemente, e fica preso nos nossos limites? Será que cada um tem sua ilha isolada? Eu dava o nome de 'other side' mesmo, pro meu cantinho. Até por isso a extrema identificação com a música da Kt Tunstall. Tá, fora o dramalhão todo da música. Eu sempre me senti daquele jeito, mas não era isso que eu pretendia falar.
Sabe, talvez exista aquilo de você encontrar uma ou outra pessoa que compartilha do mesmo pedacinho de terra. Sabe, que tem o olhar semelhante, ou sentimentos que completam a idéia do vazio. Não é estranho? Mesmo o vazio é composto de nada... Ok, não vou insistir nessas idéias sacanas... Eu acho engraçado isso, de encontrar pessoas com quem tu se sinta à vontade num nível diferente, porque tu sente que existe mesmo a tal da compreensão e tu não precisa falar em outra língua. Sabe, isso é tão bom... não precisar formular tudo e simplesmente sair falando e falando... tem o lance de ser espontâneo e, claro, te faz falar bem mais do que tu pensou que falaria.
Algumas pessoas dessas são tipo a Alice, do Closer, que tu encontra no meio da multidão e tu olha por um segundo e já sabe que elas são especiais. Como se elas tivessem auras da mesma cor, que destoassem do resto. É tri pensar assim. Pensando em músicas tipo Belos e Malditos (Capital Inicial) e papéis de possíveis filmes ou livros, que retratam aquela pessoa-semi-anjo, que faz as coisas melhorarem (ou pelo menos tenta), sem necessariamente usarem isso para se auto-promoverem, sabe? Eu li não lembro onde que 'a generosidade perde seu valor quando você espera um reconhecimento', algo do gênero. Achei bem verdadeiro.
Ah, vamos, eu não sei o meu papel. Eu pensei que a gente só descobria uns segundos antes de cruzar o outro lado - realmente para a morte... "Ivy, Ivy, a vida não é um filme de duas horas".


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