O homem pegou a mão da criança, que, com um salto, desceu do bonde de encontro ao chão.
O fluxo de pessoas era contínuo.
Flores falsas embecavam os chapéus das madames.
Meninas, mulheres, moças e senhoras tagarelavam rodeadas pela fumaça dos charutos dos homens.
A tarde agradável escondia os deslizes de cada indivíduo presente na paisagem.
Analisando de forma mais cuidadosa, via-se olhos tristes, preocupados, vivos ou pretensiosos, que se misturavam no vai-e-vem de andarilhos.
Um velho, de traje simples e sujo, desenhava com carvão os desconhecidos.
O cabelo cor de fogo da viúva, o machucado nos ombros de um qualquer, o chá quente nos lábios das damas.
Café, café para o banqueiro.
Seria uma cena perfeita, porém não existe cor.
Cada traço vive dentro de seu universo infinito de nuances, que o degradê do giz proporciona.
O que é escuro só é notado quando desbota.
O bonde parte, levando pessoas de bem.
Pessoas com um bem maior do que o consideram.
Paralelo a Rua das Margaridas, de onde vem o burburinho, uma caixa de madeira é carregada, rumo à terra.
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