segunda-feira, 11 de outubro de 2010

You better run for your life if you can, little girl

Ficamos parados na calçada e eu só conseguia pensar que eu não queria mais estar ali. Minha vontade foi de sair correndo e correndo e correndo e vencer a distância até a Lua ou até qualquer lugar muito distante que parecesse seguro. E, na minha mente, eu estava correndo com passos largos - conseguia ver o trajeto até o parque, recheado de construções não muito simpáticas, entediantes e sólidas, que não me ofereceriam refúgio algum. Mas meus pés estavam fixos no chão, como se uma corrente com uma esfera de ferro estivesse me impedindo de andar. E eu já não sabia se aqueles segundos em que eu ainda estava acompanhada deveriam ter um significado positivo. Eu não queria ouvir a resposta para o que eu dissera, não queria ouvir nada, absolutamente nada. Só queria fugir para qualquer lugar em que não existissem pessoas ou mesmo olhos para me observar. Qualquer julgamento é fatal quando nem nós mesmos sabemos o que estamos fazendo. E eu disse o que eu disse, contei o que eu fiz, e já nem sabia o quão verdadeiras eram minhas palavras ou mesmo meus sentimentos. Ele me olhou incrédulo, como se eu fosse a criatura menos merecedora de qualquer coisa. E não estou afirmando que eu não era essa criatura, apenas não sei dizer até que ponto tudo tinha ocorrido de forma intencional. E foi uma confusão: ele ficou mais do que chateado, eu fiquei mais do que perdida, e nós deixamos de trocar olhares. E, quando enfim eu corri, fui abordada por uma terceira pessoa que não tinha nada a ver com a história toda. Ele abriu os braços para mim e disse que eu estava certa. E eu sabia o quão errado ele estava, mas pensei que talvez estivesse certo. E se eu fosse a vítima da história? Aliás, por que eu não poderia ser? Quem disse que as coisas são preto no branco? Quem disse que eu agi por impulso e que agiria diferente se tivesse pensado a respeito? Eu parei de correr por dois segundos, então voltei a pular as lajotas numa tentativa de chegar no parque a tempo de ver o pôr-do-sol. Cheguei em casa sem perceber que errara o caminho, que eu deveria ter chegado no parque. Me senti tão fraca, tão fraca. E prometi que nunca mais ia ser sincera novamente - porque as pessoas não estão preparadas para ouvir as coisas, porque elas repudiam qualquer sinal de imperfeição. E eu quis correr mais, mas não havia fuga possível. Eu estava presa na minha cabeça, na bagunça dos meus pensamentos. Nem só de medo ou culpa ou raiva vive uma pessoa. E eu só queria entender por que parecia que eu estava tão errada, apesar de estar fazendo apenas o que eu sentia que deveria fazer.


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