terça-feira, 3 de novembro de 2009

Passenger Seat

Se eu fosse escrever tudo o que eu pensei nos últimos tempos e abordar cada assunto em um post seriam muitos e muitos textos desconexos e um tanto inacabados, eu acho. Eu tenho uma mania defeituosa de não concluir as coisas e, com freqüência, minhas opiniões acabam entrando nessa lista. Isso deve fazer parecer que eu sou mais indecisa do que eu geralmente sou. Na verdade, eu tenho um senso de justiça meio curioso. Eu detesto quando acho geniais pensamentos ultrapassados e, às vezes, irracionais. Tipo eu adoro aquilo de "olho por olho, dente por dente". Mas sou contra a pena de morte. Mais ou menos contra. Em caso de prisão perpétua, o condenado deve morrer de uma vez. Mas igual, eu não acho que deva existir algo que acabe com "o direito maior", que seria o da própria vida. Ok, meu discurso soa religioso. Eu nem queria falar disso mesmo. Fato é que eu tenho dado conselhos à minha mãe sobre coisas que, no fundo, ela deveria me alertar. Isso é um tanto estranho. Mesmo que seja coisa de mulherzinha, e mesmo que eu pense que a diferença de idade interfira aí de forma positiva. Sabe, aquele negócio do "dia seguinte" é mesmo verdade. A experiência dessa vez não foi constatada diretamente por mim, e isso reforçou minhas crenças. E, sabe, não acho mais que exista isso de "me apaixono facilmente". Sei lá, as pessoas são como são e nós gostamos delas ou não. Tudo bem, existem as variáveis (humor, contexto, blablablá), mas nada é maior do que a empatia. Sabe, é algo que se vê de longe. E nessas de pensar em amorzinho pra lá, amorzinho pra cá, eu comecei a questionar a poligamia e coisas assim. Eu pensava que casamento era uma coisa desnecessária. Tipo mais um motivo para fazer festa, brindar a hipocrisia da eternidade e blablablá. Eu acho bonito o "forever", só não gosto da pretensão de fazer o relacionamento durar. Eu penso que a própria preocupação já corrói a naturalidade da coisa. A aliança no dedo transforma a confiança em promessa, dívida, sei lá, obrigação. E o que muita gente enxerga como sendo um símbolo de, nem sei, um símbolo de algo bonito, de um laço de união, me parece muito aquela insegurança que te faz querer mostrar para os outros como você não está sozinho no mundo. E eu acho porco qualquer tipo de exibicionismo nesse sentido, ou essa coisa de fazer o que todo mundo faz sem um bom motivo. Ok, em várias fases da vida o fazer-o-que-todo-mundo-faz é um problema. E então eu comecei a ver o casamento como algo meio "ano novo". Tipo eu não acho que o amor seja necessariamente progressivo e divido em fases. Namoro, noivado, casamento, filhos, lalalá... sabe, essa rotina é meio triste. Você já sabe onde acaba. É sem graça. Eu gosto da liberdade de pensar que o afeto é o que basta, que uma cerimônia não vai tornar tudo mais importante. Eu devo ser meio perturbada. Não queria ver minhas Barbies casarem, mas saber por que elas "já vinham com calcinha". Tipo por que não fazem bonecos com genitais? Ok. Silêncio. Enfim, acho que o hábito do casamento funcionaria como acontece todo o ano, quando abrimos a champagne e pensamos que tudo vai mudar, que o mundo está se renovando e a vida é bela e tudo mais. Eu sou pessimista mesmo, mas acho que é por aí: dia primeiro você acorda de ressaca e, enfim, o mundo só parece diferente porque você (eu) não faz nada da vida e provavelmente está de férias. Grande coisa. Acho que o casamento serve pra dar esse ar de que o tempo passou e tudo pode ser melhor. Mesmo que estatisticamente isso seja mentira, fail total. Falando assim, me lembrei de um livro muito bom, pelo qual eu conheci Sonic Youth. A guria do livro era muito afudê e tinha todo um jeito de falar que era muito único. Enfim, me gusta. É meio mal eu falar assim de casamento, sendo que eu fui em um há uns dois dias e, pra ser franca, eu me emocionei. Na verdade, eu fiquei mais emocionada com a irmã da noiva. E não fez muito sentido. Eu tenho em dvd imagens muito engraçadas de quando éramos pequenas, e eu acho que fiquei mentalizando isso. Eu realmente fiquei fascinada quando descobri esses vídeos, porque eu me vi bebê ou com poucos anos e, sei lá, é engraçado quando você se vê assim. Tudo deveria parecer mais colorido e feliz. Sabe, eu não tenho jeito com crianças, mas eu realmente admiro a inocência delas. Enfim, a inocência de tudo que não perdeu sua essência. Eu gosto de tratá-las como adultos, porque lembro de ser tratada como criancinha quando eu já era maiorzinha, e eu odiava ouvir os adultos falarem agudinho e se abaixarem, como se eu fosse uma anã retardada. Não que eu não seja. Silêncio. Hahaha. Ok. A minha psicóloga tem a mania de fazer a gente refazer as frases, tipo: ao invés de dizer "tô uma baleia", dizer "eu sou uma pessoa legal e vou melhorar o meu peso". Não tão bobo, mas tipo isso. No fundo, isso me faz rir internamente. Para algumas pessoas funciona, mas sei lá. Meus problemas de auto-estima são criados por mim, e faz parte do meu divertimento me ridicularizar. Porque eu gosto, porque eu acho importante rir das coisas. Rir com as pessoas, e rir das pessoas. Eu rio de mim, quero permitir com que façam isso também. Sabe, eu acho meio chata essa aura de pecado que existe quando se faz uma fofoca ou coisa do gênero. Tudo está sujeito à crítica, ao preconceito, a uma opinião, a um julgamento. Por mais individual e interno que isso seja, o silêncio não impede que isso ocorra. Enfim, acho bárbaro quem sabe rir de si e fazer bons comentários com e sobre os outros. E eu adoro pessoas sinceras. Sinceras e espontâneas, cansei de repetir isso. Acho que é o que falta no mundo - a tal da espontaneidade. E eu penso que há diferença entre ser fiel e ser confiável. Eu detesto aquele discurso estilo "busco alguém fiel" de progama de namoro da tevê. Acho lealdade algo bem mais digno. Enfim, stop it. Andei pasma com o egoísmo absurdo de conhecidos, e a insistência em realizar trocas falsas de adjetivos. Sabe, as pessoas ficam realmente melhores ao vivo. Acho que, desse modo, certas situações não acontecem. E que bom seria se assim fosse todo o tempo. E eu acho bonitinho ser tímido. Acho mesmo. E eu fiquei dizendo pra minha mãe "não depender da bagunça da vida dos outros", o que é um tanto Amélie Poulain da minha parte. Eu tenho um pouco de medo desses comerciais pseudoinformantes sobre transtornos alimentares. No fundo, eu não sei como a gente sabe se o que a gente percebe é o que é. Filosoficamente, não existe a determinação do real. Ok. Sério, recentemente vi dois filmes muito bons. E um muito muito chato. E eu acredito cada vez mais no senso de "voutefuder" dos professores. E, curiosamente, no senso de puxasaquismo. Mas eu não deveria falar disso. O fato é que tá calor, e eu odeio calor. Tenho uma lista musical bem novinha e muito ótima. Eu gosto de quando consigo me espelhar em alguém. E eu gosto da sensação de 'querer cuidar'. Eu passaria noites em claro ouvindo música, falando de cicatrizes e pintando paredes. Acho que estou gostando de ser eu. De novo, e diferentemente. E tem uma coca-sem-gás me esperando na geladeira, beijos. Outro dia falo sobre a hipnose e a briga interna que ocorre nesse momento.




2 comentários:

Anonymous disse...

bem blocão, bem randômico, bem Ivy.
(não é)Incrível eu gostar ainda assim.
éoroberto-com preguiça de fazer login

Ivy disse...

o horário dessa postagem está estupidamente errado.

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