quarta-feira, 22 de julho de 2009

Sacanices

Se tem uma coisa sacana de se fazer é já agradecer a alguém por um favor ainda não atendido: é como se a pessoa fosse obrigada a fazer o que se pede. Mais sacana ainda é fazer aquelas declarações de amor vergonhosas em público. Puxa, faria uma lista de coisas sacanas. Acho sacana o Programa do Didi, ou seja lá o nome que isso tenha. Hoje eu estou num desses dias em que você acorda e quer proteger as crianças da maldade do mundo (eu espero que todos já tenham tido ao menos um dia assim...). Mudando totalmente de assunto, ontem eu vi a estréia de um programa extremamente revoltante. Quer dizer, eles juntaram tudo de essencialmente "mulherzinha" num lugar só. É como se fosse a versão audiovisual da revista Capricho ou algo assim. Eu realmente acho curiosa minha paciência para com alguns programas de televisão. Fico pensando se quem assiste às porcarias fica realmente contaminado ou, sei lá, se sente em parte triste por estar perdendo seu tempo. Ok, lamentável e nojentinho da minha parte. O programa tem como objetivo ajudar pessoas (até então, só vi meninas nas propagandas) que estão na fossa, com dor de cotovelo, esse tipo de situação. E, para te tirar da rotina de cama e gula, te fazem fazer coisas ridículas. Eu fiquei passada quando vi a moça queimando bichos de pelúcia num fogão no jardim de casa - ok, se livre das suas lembranças, mas doe os brinquedos. E, enfim, queimar coisas não é legal. Ela ainda ligou para o ex-namorado para dizer aquelas coisas do tipo "não me procure, vou ser feliz sem você - não vou esperar você querer voltar para mim". Tudo bem, foram adotados cerca de cinco passos - um deles foi dar um up no visual, é claro. Essa história de mudar o cabelo eu vejo em muitas pessoas - é, se eu dissesse que não sou uma delas, talvez não parecesse muito sincera. A moça "superou", inflou o ego e ficou se gabando quando o cara quis reatar o compromisso que eles tinham um com o outro. Eu acho um tanto infeliz essa coisa de "veja como eu não preciso de você"... Enfim. Eu estou sensualmente gripada de novo, o que me aponta que esse início de semestre não será tão diferente assim do outro. Ok, estou falando demais. É que me deu vontade, vontade de repetir que eu odeio camiseta polo amarela, que eu só como maionese quando misturada com batatas, que todo dia é dia de ver o sol se pôr, que vento nas maçãs do rosto me faz sentir bem, que o fato de eu dizer que não sou fã de alguma coisa pode simplesmente significar que não a conheço o suficiente. Não gosto de falar de músicas, não gosto. Não conheço quem está por trás delas, os gêneros em que se enquadram, a relevância que tiveram em seus países. Músicas e livros são coisas que se tornam importantes por si só, pelo valor que cada um - "em seu íntimo" - deposita em cada nota, em cada página. E eu não sei por que estou falando disso. Me perdi nos meus pensamentos comparando o vício pelo consumo de alguma droga ilícita com o nível crescente de exigência que vamos criando ao longo de nossas experiências. Sabe, eu acho que crescer é uma das coisas mais difíceis do mundo: não se "deseja" amadurecer. Mentira, acredito que isso seja desejável sim. Estou insegura quanto ao meu gosto por finais infelizes e à indiferença para com algumas coisas que, por ora, eu pensava ter. No fundo, talvez eu me mostre contraditória mesmo: quando alguém se diz indiferente, geralmente anuncia que ainda se importa. E a indiferença também é uma coisa sacana, se for pensar bem.




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