segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ilha

Para onde a gente vai quando não está aqui? Não falo da morte, mas do ímã que atrai nossos pensamentos mais complexos - aqueles que nos transportam para outra dimensão, além da realidade. Não é difícil se perder de uma conversa e navegar até esse lugar misterioso, enquanto a pessoa a sua frente parece mover as mãos e a boca sem fazer som algum. E, então, você concorda com as idéias dela, que não ouviu, com um sinal positivo com a cabeça ou uma palavra qualquer. Por mais desprezível que esse ato pareça, isso deve acontecer com todo mundo.
Será que todos vão para o mesmo lugar? Para a mesma ilha isolada? Será que a gente só entra dentro do nosso corpo, ainda que inconscientemente, e fica preso nos nossos limites? Será que cada um tem sua ilha isolada? Eu dava o nome de 'other side' mesmo, pro meu cantinho. Até por isso a extrema identificação com a música da Kt Tunstall. Tá, fora o dramalhão todo da música. Eu sempre me senti daquele jeito, mas não era isso que eu pretendia falar.
Sabe, talvez exista aquilo de você encontrar uma ou outra pessoa que compartilha do mesmo pedacinho de terra. Sabe, que tem o olhar semelhante, ou sentimentos que completam a idéia do vazio. Não é estranho? Mesmo o vazio é composto de nada... Ok, não vou insistir nessas idéias sacanas... Eu acho engraçado isso, de encontrar pessoas com quem tu se sinta à vontade num nível diferente, porque tu sente que existe mesmo a tal da compreensão e tu não precisa falar em outra língua. Sabe, isso é tão bom... não precisar formular tudo e simplesmente sair falando e falando... tem o lance de ser espontâneo e, claro, te faz falar bem mais do que tu pensou que falaria.
Algumas pessoas dessas são tipo a Alice, do Closer, que tu encontra no meio da multidão e tu olha por um segundo e já sabe que elas são especiais. Como se elas tivessem auras da mesma cor, que destoassem do resto. É tri pensar assim. Pensando em músicas tipo Belos e Malditos (Capital Inicial) e papéis de possíveis filmes ou livros, que retratam aquela pessoa-semi-anjo, que faz as coisas melhorarem (ou pelo menos tenta), sem necessariamente usarem isso para se auto-promoverem, sabe? Eu li não lembro onde que 'a generosidade perde seu valor quando você espera um reconhecimento', algo do gênero. Achei bem verdadeiro.
Ah, vamos, eu não sei o meu papel. Eu pensei que a gente só descobria uns segundos antes de cruzar o outro lado - realmente para a morte... "Ivy, Ivy, a vida não é um filme de duas horas".


domingo, 30 de dezembro de 2007

retalhos

eu ia começar o post falando de algo aleatório, tipo a migração das lagartixas. mas eu não creio que elas migram e, se fosse o caso, contaria com detalhes o mistério da dona barata aqui de casa. ela morreu (quer dizer...) há uns dois dias, e seu suposto cadáver saiu andando e desapareceu. reapareceu hoje, pelas três da tarde, em frente ao lixo deitadinha e feliz. daí pensei em criticar terceiros, pela vigésima vez, ou falar do verão. que eu acho péssimo, mas tudo bem. fora essas festas de fim de ano e essa loucura toda. bem vindo ao capitalismo, aos falsos valores cristãos e blablablá. cara, tem gente tão cara-de-pau por aí. do tipo que faz uma rebelião por algo mínimo, que te põe no lixo, pisa e joga molho em cima e depois fica por aí bem alegre, te mandando convites para festas e se sentindo ótimo por tentar se meter no seu mundo. poxa, e tem gente que aceita isso. eu não entendo, não entendo mesmo. bah, eu fiquei feliz de não ter sido vítima daqueles depoimentos de fim de ano/ formatura ou enfim, que não passam daquelas correntes que todo mundo já decorou e que, apesar da mensagem bonitinha, falemos a verdade: são um porre. letras rosas são um porre. sei lá. eu acho tão legal palavras 'próprias' e sinceras, do tipo "não sei o que dizer, mas você até que é tri". ah, eu adoro pessoas nervosinhas e coisas assim, porque soa tão mais meigo e especial. mas ok. bah, vi um filme hoje tão afudeee. Adrenalina. tentei pegar o filme mágico do guri esquisofrênico - coelho, mas não fui feliz. ah, sei lá. muito boas as tiradas do filme, as cenas clássicas e as mega psicodélicas. muito afude. muita vontade de ter um dia desses, com armas e mafiosos e carros roubados e muita correria. no sentido filme, lógico. onde tu é gostoso, sai vivo ou, pelo menos, morre de um jeito legal. tá, talvez eu quisesse algo mais oriental, tipo um samurai. mas ah, eu não sou digna disso também. me contentaria em ser o pai do cara (Drew), do Elizabethtown, mas eu não quero ser cremada. ah, não mesmo. então que me deixem de cobaia para estudos, mas ah... tá, eu queria um daqueles clássicos: caixão, gente bonita de preto, óculos escuros e choro. haha como se eu fosse uma diva. tá, é que eu não fui em muitos velórios, então não tenho noção de como funciona a coisa. pensando bem, prefiro morrer sem saber. enchi o saco. vamos falar de... borboletas! cara, vi umas oito hoje. elas estão se multiplicando! bah, baixei um filme jurando que era legendado, mas as pessoas resolveram dublar quando eu cliquei 'play'. que broxante.

ok, eu fui pendurar meias. vou postar isso assim e depois escrevo algo realmente divertido.
bem feliz que eu estou com algumas coisas e tópicos de hoje. x)



sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

The Wall

"No meio de uma grande alegria, não prometa nada a ninguém. No meio de uma grande fúria, não responda a carta de ninguém."

INTJ:
"[...] Outras pessoas podem ter dificuldades em lhe compreender, achando que você é uma pessoa distante e reservada. Na verdade você realmente não demonstra muito o seu afeto, e não costuma oferecer às pessoas elogios ou críticas positivas o suficiente – ou pelo menos na quantidade que essas pessoas necessitam ou desejam. Isso não significa que você não tenha um afeto real ou que você não se importe com as outras pessoas, mas que você simplesmente não sente a necessidade expressar essas coisas. Outras pessoas podem erroneamente achar que você seja uma pessoa inflexível e que não tenha uma cabeça aberta para idéias diferentes das suas. Nada poderia estar mais longe da verdade, pois você se compromete a sempre encontrar, de uma forma objetiva, a melhor estratégia para implantar suas idéias. Assim, você está quase sempre aberto a ouvir sobre uma maneira diferente de fazer as coisas.
Quando sob um bocado de estresse, você pode se tornar obsessivo com atividades repetitivas sem sentido, como por exemplo, se preocupar ter bebido líquido demais. Você também pode tender a se focar em detalhes que você normalmente não consideraria importantes para seu objetivo maior. [...]"

Esses dois anexos aí são de posts-rascunhos anteriores. Escrever de madrugada nem sempre é uma boa idéia.

Ah, eu fiquei pensando num monte de coisas. Tipo aquilo de ser legal o tempo todo. Ou a velha história das máscaras - que podem destruir ou promover uma pessoa. No fundo, a gente sempre espera encontrar pedacinhos nossos em alguém(s). É natural querer deixar marcas, ser lembrado e - por que não? - querido. Ah, não sou só eu que tem sonhos heróicos e coisas do gênero. Difícil é sobreviver às distorções no sentido das ações. A interpretação alheia poder levar todo o trabalho ao chão. Falando e fazendo as coisas certas, se alcança o trono facilmente. E eu perdi o rumo do assunto, porque eu comecei a escrever e ficou chato. Parabéns, Ivy.
Pensando seriamente em como deixar de ser uma parede (paredes não se movem, apesar de sustentarem as coisas. elas ganham importâncias distintas se comportam quadros ou rachaduras, podendo ganhar extrema beleza ou não cumprirem mais do que seu papel, talvez numa salinha de escritório). Sabe, às vezes faz bem um pouco de tempestade. Ando tão ligada a alguns filmes. Sensação de que o tempo passa, as pessoas passam e eu fico. Ou aquela mistura de Claire, Jenny, Clem, Claudia. Pessoa substituta, no mínimo. Ou sabe, aquela que está sempre ali, sempre observando, sempre vendo as coisas acontecerem - e nunca vivendo. Tinha uma pergunta infeliz dessas, no teste do Jung: algo do tipo se você interpreta a vida ou se vive.
Eu gosto de quando as coisas ganham um ar melancólico, nostálgico. Talvez o meu papel seja realmente esse (?).


segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Oi, merda

puta merda. tô superirritada. cara, porquê vizinhos existem? segundo algum cara idiota, que provavelmente mora numa casa afastada no campo, para pedir açúcar emprestado ou se socorrer em casos necessários. acontece que reunir a família de manhã, naqueles pontos da casa que dão um puta eco, é a idéia mais infeliz que existe. crianças que não falam direito ainda, adultos que nem estimulam isso - porque falam como bebês - e, enfim, barulho por nada. daí eles acham que têm direito sobre os horários que eles não respeitam. querem ouvir música alta de madrugada? acho que sim. já fiquei em guerra nas outras férias e nem me importo de começar de novo. que saco, que saco.
ainda chega um merda no msn. porra, pra que raios uma pessoa sei lá, de Natal, adiciona uma que mora mega longe? ok, isso soa óbvio... e é tempo de natal mesmo, ho ho ho. daí tá. eu me presto, porque eu adoro discutir com esses estranhos quando eu estou irritada. eles falam coisas sem nexo e não entendem nenhuma pergunta que tu faz. poxa, existe tanto profile-pinto e profile-bunda, porquê raios eles não se encontram e ficam felizes para sempre? fora que eu realmente não entendo algumas coisas do universo masculino - e eu odeio dizer isso, odeio mesmo. gosto de me sentir do outro lado da coisa e não entender as mulheres, mas hoje eu estou no meio.
legal, eu estou aqui no computador e os vizinhos vão ficando quietinhos. agora que eles deveriam fazer escândalos de alegria, pular e bater palmas porque devem ter acordado a última pessoa que ainda conseguia dormir no prédio, eles ficam calmos e meigos. que ironia do destino, oh god! me senti bem de não ter bloqueado o cara - no sentido de ser bem grossa e chatona e fazê-lo desistir de falar comigo. putz, que merda, eu sou arrogante. mas, ah, a maioria das pessoas merece. agora lembrei aquilo, de "cotas para os bons", e no fundo não rola. porque os bons se tornaram os espertinhos. nem todos os bons são bons porque querem ser assim. ás vezes é acidente. sabe, pessoas inocentes demais ou pessoas que só conhecem o negativismo do outro lado, sem pensar que o equilíbrio é sempre melhor que qualquer extremo.
ok, nesse ponto os vilões se ferram, porque eles não são equilibrados. eu fiquei discutindo com o cara só porque ele tinha um desses nicks positivos e quase-religiosos. bem ranzinza e estraga prazeres que eu sou. claro que eu não cheguei a mencionar isso pra ele, porque ficamos entretidos enviando e recusando convites do tipo 'vamos escutar nossas vozes'. mudando de assunto, acho péssimo aquelas pessoas que divulgam sinal de luto na internet, tipo no msn, no orkut, essas coisas... o problema não é nem colocar, expor pra deus e o mundo - vejam, como ele é meigo e atencioso, vejam como ele está sofrendo tendo que ver quadradinhos pretos até em horário de lazer... -, mas continuar a agir normalmente (ou pior, forçar toda uma situação dramática) e, pouco tempo depois, trocar de novo os nicknames e fotos. que coisa fingida, fácil, temporária. vai levar uma for no cemitério e fica quieto. vai chorar num cantinho, ver tevê, mas não posa de sensível.
ah sim, me esqueci de mostrar minha insatisfação para com pessoas que necessitam de outras para resolverem seus casos amorosos e todos os tipos de pegações. a não ser que tu saiba que vai ficar de vela e não tenha condições de pensar em ninguém para você levar contigo, eu acho o fim pedir auxílio-biscate para os amigos. eu falo biscate porque, daí, o troço é garantido. ninguém vai levar um pé-na-bunda e todos saem felizes - ou não. que coisa fraca! concordo que é uma injustiça, que os homens tem que correr atrás e aguentar a manha feminina... só que as coisas não foram feitas para serem bonitinhas mesmo. a própria Eva já não era um flor. falando em flor, hoje é dia de amigo-secreto (?). cara, que coisa descoordenada aquilo... ainda bem que eu tirei a minha mãe. acho que, junto com a minha vó, é a única desse lado da família que eu gosto.
sei lá. eu fico pensando numas coisas... tem um cara - eu não gosto dele - que disse que um gay chegou nele, só porque ele sabia que o cara era gay e estava próximo. considere isso uma mentira. agora me diz porque raios as pessoas adoram essas coisinhas bestas? ou aquilo de fingir chegar no topo, no primeiro lugar, de fazer as coisas erradas e ganhar um glória que você não merece? tudo bem, talvez eu seja meiga nesse ponto, mas é uma coisa que eu não absorvo. o mundo gay está cada vez mais próximo de mim. são pessoas, lugares, uma merda duma alça de uma bolsa que tem estampa de arco-íris. e daí? sério, as pessoas têm um medo desgraçado de uma coisa tão besta. e eu odeio aquela figura drag queen, algo misturado com zorra total, que é criado em cima do assunto. que mal tem se o cara dá o cu? (daí a pessoa que tá lendo dá uma risadinha ou pensa que a resposta está na cara - "ou no olho do cu, hahaha") ok, pergunto de novo: que mal tem se o cara dá o cu?
e então as pessoas organizam aqueles 'supereventos' para reunir a família, os amigos, os colegas de trabalho, os queridos que conheceu na igreja, os guias de viagem, a tia que fez o parto do afilhado, e o diabo... que saco. que mania de juntar tudo. eu chamo isso de egoísmo. ninguém quer saber se as pessoas vão se sentir bem, só vão convidando. a moral é tu ir se se sente convidado. para comer e beber, que seja. que tédio, não tenho cabeça de penetra de festa nem nada do gênero. e hoje vou rezar com estranhos. já não chega o fato de ninguém perguntar se eu sou católica, terei que fazer isso com um falso afeto para com pessoas que conhecerei hoje e que, mesmo estando há pouco tempo dentro do círculo familiar, têm mais importância do que eu. isso é muito irritante. alguém sente vontade de brincar de amigo-secreto assim? fora que tu só gasta dinheiro e paciência, é incrível. bom, vou me retirando, porque eu tenho que lavar louça. adoro lavar louça. sem ironias. vou ouvir música, cantar e dançar ensaboando pratos (que lindo, minha gente!). pensando seriamente em chegar de madrugada e fazer um showzinho para os vizinhos (muahahaha)... me aguardem!
ok, odiei essa despedida.
*CORTA*


O que dizer da Ivy?

"Sempre que ensinares, ensina a duvidar do que ensinas." (Ortega y Gasset)

"Ao papel dá pra confiar tudo, desde que se queime o que a ele é confiado. O papel, como nós, não passa de um safado!" (Silvério R. da Costa)

Eu detesto essas coisas padronizadas que a gente costuma dizer. Desde "parabéns" no aniversário até, sei lá, início de depoimento do tipo "o que dizer do fulano?". "Continue sempre assim/ sendo essa pessoa blablablá" também é péssimo! Porque a pessoa mudaria de uma hora pra outra? Porque parabenizá-la por mais um ano? Ok, soa óbvio, mas não pra mim. Não vejo exatamente lógica nisso... como se fosse muito difícil sobreviver - desprezando as criancinhas africanas e afins. "O que dizer do fulano?" Não diz nada, porra. Que saco. No fundo ando me irritando facilmente com esse excesso de elogios. É aquilo do post anterior: as pessoas, nossos amigos e tal, não são perfeitas. Eu fico incomodada de receber elogios que eu não encontro.
Eu estava meio indignada com uma situação clássica, do tipo pessoas que criticam ao cubo uma coisa e uma pessoa, daí decidem experimentar a coisa para poder inventar coisas sobre a pessoa e ter "argumentos" a partir da experiência. O tempo passa, nada acontece e as pessoas resolvem pedir auxílio para a velha pessoa, para experimentar a coisa. Pode ter ficado confuso, mas não importa. Talvez eu seja ciumenta demais, possessiva, egoísta, o que for... mas eu não tenho cara de fazer uma merda dessas. Não é nem questão de orgulho, mas semancol.
Eu tenho tido dificuldade em fugir de programas de casais. Ui. Tá, sério: se as pessoas não se conhecem, não são do mesmo círculo de amigos ou não têm nenhuma inicial-grande-coisa em comum não rola. Eu fico tímida, todo mundo fica sem assunto, os casais ficam loucos para irem para seus cantinhos separadamente e, enfim, é um cartão de embarque para o famoso silêncio constrangedor. Cara... amigos para um lado, bofes para o outro. Simples, prático, não dói e todo mundo fica feliz.
Eu ia tetiar sobre 'quem sou eu', mas fiquei lendo históricos de msn e perdi a vontade. Tenho que fechar 9 posts até 2008 para seguir meus planos de simetria. Adiôs!



quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Tribo 2008

Um Grande Amigo
Hoje em dia muito se escreve sobre amigos e amizade. Ditam comportamentos, agradecimentos, à tona centenas de palavras sustentando - numa imposição disfarçada - que amigo é isso ou aquilo, que faz assim ou assado. Para ser meu amigo não precisa falar só na hora certa, ouvir sempre com atenção, partilhar as dificuldades... Tudo sem esperar retribuição. Não quero onerar o meu amigo com a circunstância de um comportamento que às vezes nem eu mesma consigo. Pra ser meu amigo não precisa estar sempre ao meu lado nem contar todos os segredos. Também não precisa emprestar todas as coisas nem amparar todos os meus medos. Cada um tem seu jeito de se sentir, seu tempo de aprender... Sua forma de viver. Se eu aceitar tudo isso em você e você aceitar em mim, então seja bem-vindo! Sua sinceridade faz de você meu grande amigo.
(Rina Mári Furuta)

Por acaso, o textinho estava numa agenda, no dia do aniversário da Anita. :)

Dia da Mentira
Durante muito tempo em minha vida eu me gabava de sempre dizer a verdade. Havia um orgulho pessoal, uma afirmação de algo em que acreditava como um princípio ético fundamental. Hoje reconheço que nem toda a verdade pode ou deve ser dita, porque muitas vezes não vai ser compreendida ou sequer ouvida realmente. Mentir, em alguns contextos pode ser a alternativa mais inteligente diante das circunstâncias.
(Alex Xavier)

Grupos para o pior
As maiores barbaridades que se possa imaginar são cometidas em grupo. Do fascismo à fofoca, do preconceito ao racismo, nada como um grupo que se pretende homogêneo para estimular a intolerância e a crueldade. [...]
(Décio Mello)


sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Xadrez

Talvez eu não devesse me importar. Mas é um saco ver que as pessoas sempre exigem mais - não necessariamente um saco elas quererem mais de você, mas o fato de nunca ser o suficiente. Eu vou dizer "Bom dia, meu nome é Ivy. Estranho, eu sei (risada marota)." Vou dizer que ando estudando, que gosto de desenhar e acrescentar alguma coisa besta. Elas não estão interessadas nisso. Você pode ser um V (V de Vingança) sem precisar de um nome. As coisas que a gente sempre diz são as que menos importam. Numa entrevista de emprego vão te perguntar o que você já fez, não querem saber se você acha que o mascote da loja tem uma cara realmente publicitária. O esquilo do Zaffari não tem cara de bobão, como aqueles animais animados estampados em caixas de nuggets. Mas não querem saber o que você acha disso. No fundo as melhores conversas são aquelas realmente espontâneas, onde você fala sobre o que lhe vier a cabeça e a pessoa do seu lado só te acompanha, não te olha com aquela cara de "ela não é normal". Essas caras são as mais idiotas. Dá muita vontade de não ser normal mesmo, só pra poder me sentir feliz e longe de ter uma cara dessas. Silêncio é legal. Fica constrangedor, de repente, quando você está acompanhado. Isso é relativo, mas é verdade na maior parte das vezes. O ruim é que as pessoas estão sempre catando umas as outras, isso tira a naturalidade da coisa. É estranho ter de conseguir sucesso dentro dos padrões capitalistas e, ainda assim, dar a mesma (ou maior) importância à vida emocional. Você têm x anos para encontrar a pessoa ideal. Você nasce e está dada a largada. E aí você pensa que tudo vai fazer sentido. Talvez sim, talvez não. Depende da sua visão. É estranho jogar a responsabilidade de achar a tal da felicidade em cima de outra pessoa. "Você não pode me desapontar, me fará rir e vai gostar de fazer tudo o que eu gosto." Eu fiquei pensando em toda a conversa... pensei no Holden. É fácil de se identificar com ele. Agora eu percebi. Me senti besta quando eu não tive nada a acrescentar. Só coisas abstratas. Eu me sinto compreendida, deprimida, como a maioria das pessoas deve se sentir quando lê. É legal aquilo do livro servir para várias gerações. Que droga! É disso que eu to falando! (Uma janelinha desconhecida do msn piscou, eu abri e o convite de webcam já tinha sido aceito automaticamente. Eu não sei o fascínio que os homens têm com seus pênis. Que saco. Tudo bem que é o que eles têm "pra fora", já que as mulheres têm seios e nádegas mais avantajadas. Enfim, que saco. Talvez eu preferisse quando ainda era moda casar virgem. Não existia webcam.) Agora me estressei. O dia foi incrível, incrível mesmo. Voltei pra casa de lotação. Ela demorou um tempo para sair, porque estava cheia de baratas e pessoas gritando dentro. Umas três desceram. Sei lá, foi uma situação nojenta, onde você fica irritada com as baratas, o serviço público, as pessoas porcas e as pessoas que gritam. Mas eu não quero falar disso. Eu parei de tentar fazer perfis legais no Orkut. Primeiro porque o site já é um erro. Exposição por nada. Daí você fica limitado a escrever coisas e tentar agradar os possíveis leitores. Ou não. A merda é que ninguém é verdadeiro. Seria melhor se todo mundo fosse franco. Os mais sensíveis sofreriam mais inicialmente, mas depois aprenderiam a equilibrar as diferenças também. Então você perde a vontade de chegar e dizer coisas aleatórias, que te fariam uma pessoa talvez única. Algumas coisas são realmente melhores quando só existem no nosso pensamento. A delícia das coisas está na nossa interpretação.
Pensando se eu sou branca, preta, cinza ou um jogo de xadrez.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Verdades chatas

"Cuidado com os conselhos que comprar, mas seja paciente com aqueles que os oferecem. Conselho é uma forma de nostalgia. Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo, repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale." (Filtro Solar)

E existe a teoria de que explicar seus erros para alguém, num pedido de desculpas, é o mesmo que se livrar de parte da culpa - já que a responsabilidade agora não está só no que aconteceu, mas no então segredo ou enfim. Como se a formalidade obrigasse a existência do perdão a partir do instante em que uma verdade se escancarou.

"Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um lado das coisas e outro um outro lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso dessa dupla existência de verdade." (Fernando Pessoa)

"Preocupe-se mais com sua consciência do que com a sua reputação. Porque a sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles." (Sei Lá)

Tetiando. É mais difícil dizer que você gosta de uma pessoa ou que não gosta? No sentido de que o sentimento não é recíproco e lalalá. Cara, adoro choradeira. Não que eu pensasse que eu fosse viver minha vida sonhando e/ou vivendo um grande amor ou coisa do tipo. Sempre me preocupei mais com o lado capitalista da coisa. Acho o máximo aproveitar as famosas pequenas coisas, mas ainda não sei aceitar muito bem aquela filosofia de "morrer por amor" dos filmes antigos. Ok, não sei se foi isso que eu quis dizer. Só que eu acho que as grandes coisas, tipo esse assunto mais emocional, só são boas e grandes porque aconteceram repentinamente. É claro que você vai tentar fazer algo para melhorar a situação, só que antes disso houve uma ação espontânea. Ninguém precisou de poções estranhas do amor, nem fez o golpe da barriga ou coisa que o valha para isso acontecer. E já que eu pensei nisso: não não, sem intervenção divina, por favor!

Hoje eu estava tagarelando about. Religiões são um saco. Quer dizer, toda a história escrita e repassada por gerações e gerações, toda a cultura, a arte e a intenção é realmente boa e comum. No fundo, apesar dos códigos serem diferentes, a mensagem final é semelhante. Os deuses amam seus queridos filhos, odeiam as cagadas que eles fazem - e, para essas, há punições -, são egoístas e pregam a solidariedade. Tudo bem cada povo é um povo, mas essas diferenças ideológicas são coisas do passado. O que mais me irrita é a interpretação literal que é feita sobre a Bíblia, por exemplo. Que saco. Hoje em dia, as coisas estão diferentes. Vestido branco não significa pureza. Mesmo os mais "crentes" não seguem sua doutrina. Isso é muito, muito irritante. O batismo virou uma espécie de status, eu acho. Não é essa a palavra, mas é tipo isso... porque não importa o que o outro faça da vida, se ele não tem as mesmas crenças ele é realmente um imoral. Tá, esse conceito entra em vários fatores da sociedade.

A fé é para poucos. No fundo, toda a idéia de fazer coisas bonitinhas e não magoar seus coleguinhas é uma ilusão de que no final vai ser tudo melhor. Aquilo de poder ter razão em implorar pelo julgamento divino na hora da morte. Quer dizer, ninguém quer morrer sozinho. Não existe o depois. Ok, entramos nas suposições da Ivy... mas enfim, não existe depois. O ciclo tende ao infinito. Morrer, nascer e por aí vai.

E então você nasce e te enchem de novas idéias. É sério, as crianças realmente perdem a inocência logo após nascerem. Os valores das pessoas ficam competindo entre si. É uma batalha de pensamentos que deixa qualquer um zonzo. Ainda que você realmente pense que vai livrar seu filho do mal se ele aprender a rezar antes de dormir ou se deixar de comer carne, essas atitudes são extremistas para um pequeno ser que não teve a opção de escolher o que quer. Se a questão é a idade, respeitar isso seria a solução. Mostrar as correntes existentes, não impor barreiras na visão do pequeno... é claro que ele vai ser influenciado, só que é menos injusto. Tudo bem, isso pode vir a comprometer todo o conjunto cultural mundial - mas, pelo menos, ele não vai se tornar um pseudo-alguma coisa. Se optar por seguir a ideologia budista, ele irá atrás disso por livre e espontânea vontade. É muito mais bonitinho e dá menos trabalho para a família.

Ok, isso tá chato. Eu gosto de forma especial do trecho do Filtro Solar que eu colei lá em cima. E aproveitando alguns tetos mais recentes, sei lá. No fundo eu me indignei com umas coisas. Não me coloque na parede, please. Ser ouvida é uma coisa, mas exigir informações que não condizem com o que precisa ser dito é algo extremamente irritante. Confundir uma pessoa que fala bastante com uma que fala qualquer coisa é uma barbárie. Eu adoro perguntas, adoro mesmo - só que existe um limite. Se tem uma coisa que me intriga é o excesso de confiança que as pessoas depositam nas outras. E alguma contradições, do qual eu mesma compartilho. Do tipo achar incrível e mágico uma pessoa ser fechada, misteriosa e diferentona - sendo que o que eu quero é conhecer realmente ela. Tá, não é necessariamente uma contradição, é algo até que bem comum. Você encontra o mapa que o leva até o tesouro, é natural querer abrir um buraco no lugar do x vermelho.

Tudo bem, eu só queria dizer isso que eu disse. Não precisa ser encarado como um sermão só que, por mais feliz que eu me sinta em responder as coisas, eu ainda tenho minha intimidade e gostaria de guardá-la para mim - ou reservar as melhores palavras para as pessoas certas. Tudo bem, soou durão. Hmn... É só que eu gosto de falar complicado, porque essa é a minha maneira de disfarçar algumas emoções, camuflar algumas informações essenciais para compreender o todo e, enfim, modificar a história. Eu odeio ter que explicar cada coisa quando eu não queria nem ter tocado no assunto. Pensando bem, eu mesma me chamaria de mentirosa tendo em vista aquela idéia de que "meia verdade é uma mentira inteira", ou sei lá. Aquilo de que omitir e mentir podem ter o mesmo significado. Mas, pra isso, eu penso num trecho de música dos Engenheiros que, por sinal, eu adoro: "quem mente antes diz a verdade". Concluo dizendo para ignorar esse último parágrafo, porque eu me atrapalhei e pus em jogo a consistência do que eu digo.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Blé.

Eu sou uma dessas pessoas que sempre estão muito cansadas para fazer algo ou que sempre se desculpam pela ausência alegando estar trabalhando, sem tempo, essas coisas. A diferença é que eu não trabalho, tampouco sou exatamente ocupada para poder me dizer cansada. As desculpas são efeitos de educação, que fazem a gente inventar pequenas mentiras para não ter de dizer o óbvio: "estou sem saco", "prefiro dormir vendo tv", "hoje vou sair pra dar uns pegas, beijomeliga", "hehe, no money", "eu iria se soubesse que ia me sentir bem", "tô gorda" e por aí vai... Sabe, é a segunda vez, a repetição de uma fase estranha com as mesmas pessoas de outrora. Daí você pensa "vou me dar uma chance de tentar de novo", ou simplesmente desiste de ignorar as propostas e parte para uma nova tentativa, que nem você acredita que dê certo. Sei lá.
Agora fiquei sem saco e com sono. Preciso de um "pecado original", bem nome de filme. Algo só meu...
Deletei o post anterior porque ele foi de muito mal gosto.


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