quinta-feira, 23 de abril de 2009

And thank your God that i just don't care

Eu fico meio de cara quando a culpa é minha. Sentimento óbvio. Acho meio chata essa mania de insegurança que as pessoas têm, essa tarefa de repetir erros históricos. Por que é obrigatório trair ou ser traído (e outras coisas do gênero)? Não sei se porque eu sou desconfiada e, enfim, cresci meio sozinha, mas eu acho que 40% do que acontece é óbvio e 90% é previsível. Ok, números calculados com muita cautela... Eu penso que isso abrange, pelo menos, aquelas situações clássicas de relações interpessoais. Relacionamentos... ui. Na verdade, sempre penso naqueles casos de meninas ingênuas que fazem horrores pelo namorado otário. E depois são trocadas. Digo, as pessoas não precisam de permissão para serem felizes. Eu fico meio cinza quando não sei bem o que fazer em algumas situações, porque não gosto de agir por impulso ou parecer totalmente egoísta, mas tentar mudar a realidade de gente que nem pensa em melhorar é meio estranho. Eu quis dizer "pessoas que não buscam serem felizes". Buscar... verbo que deveria ser de ação. Ficar parado enquanto tudo está satisfatório não resolve. A felicidade não é um exemplo de inércia. Eu sou meio inquieta e faço minhas burradas, mas eu não lembro de ter sido uma total panaca por ter levado a sério a palavra de quem não deveria nem existir (é, eu tenho mania que "matar" as pessoas depois que já não gosto delas. ok, eu só mato quem realmente merece. acho que até hoje só foram uma ou duas situações assim). Eu fiquei meio frustrada hoje de noite, mas nada que não possa ser vencido depois. E ouvir Heroin nessas horas é tudo de bom. Ainda bem que eu sozinha em casa. Digo, a minha mãe não tem culpa, mas tem horas que eu preciso do meu tempo. Música, música, chocolate e umas caminhadinhas pra lá e pra cá. Eu acho que, antes de tudo, a gente tem que ter noção do quanto nós somos importantes individualmente. E, a partir disso, conhecer pessoas que possam nos acrescentar - e que também tenham a mente aberta para escutar e buscar ver o nosso lado. Pessoas inteiras procurando pessoas inteiras. E tudo bem cometer erros comuns e sobreviver às coisas que historicamente falando sempre ocorrem. Só não gosto de como as pessoas ignoram o óbvio, o tão presente óbvio. Eu fico de mau-humor e fico assim arrogante. Logo passa. Meus dias têm sido ótimos e amanhã não será diferente. Vontade de ter conversas (pessoalmente) como a de hoje à tarde.


After Hours




If you close the door
the night could last forever
Leave the sunshine out
and say hello to never


All the people are dancing
and they're having such fun
I wish it could happen to me


But if you close the door
I'd never have to see the day again


If you close the door
the night could last forever
Leave the wine-glass out
and drink a toast to never


Oh, someday I know
someone will look into my eyes
And say hello
you're my very special one


But if you close the door
I'd never have to see the day again


Dark party bars, shiny Cadillac cars
and the people on subways and trains
Looking gray in the rain, as they stand disarrayed
oh, but people look well in the dark


And if you close the door
the night could last forever
Leave the sunshine out
and say hello to never


All the people are dancing
and they're having such fun
I wish it could happen to me


Cause if you close the door
I'd never have to see the day again
I'd never have to see the day again, once more
I'd never have to see the day again


[Velvet Underground]



eu realmente acho a letra fantástica. e total cinza-chuva.

sábado, 18 de abril de 2009

Heroin



I don't know just where I'm going
But I'm gonna try for the kingdom if I can
'Cause it makes me feel like I'm a man
When I put a spike into my vein
Then I tell you things aren't quite the same
When I'm rushing on my run
And I feel just like Jesus' son
And I guess that I just don't know
And I guess that I just don't know

I have made the big decision
I'm gonna try to nullify my life
'Cause when the blood begins to flow
When it shoots up the dropper's neck
When I'm closing in on death

And you can't help me, not you guy
s
Or all you sweet girls with all your sweet talk
You can all go take a walk
And I guess I just don't know
And I guess that I just don't know

I wish that I was born a thousand years ago
I wish that I'd sailed the darkened
seas
On a great big clipper ship
Going from this land here to that
On a sailor's suit and cap

Away from the big city
Where a man cannot be fr
ee
Of all the evils of this town
And of himself and those around
Oh, and I guess that I just don't know
Oh, and I guess that I just don't know

Heroin, be the death of me
Heroin, it's my wife and it's my life, ha-ha
Because a mainer to my vein
Leads to a center in my head
And then I'm better off than dead

Because when the smack begins to fl
ow
I really don't care anymore
About all the Jim-Jims in this town
And all the politicians making crazy sounds
And everybody putting everybody else down
And all the dead bodies piled up in mounds

'Cause when the smack begins to flow
Then I really don't care anymore

Ah, when that heroin is in my blood
And the blood is in my head

Man thank God that I'm as good as dead
And thank your God that I'm not aware
And thank God that I just don't care
And I guess that I just don't know
Oh, and I guess that I just don't know

[ The Velvet Underground ]
 

terça-feira, 14 de abril de 2009

Something Stupid

Desceu a escada e, do chão, contou o quinto degrau onde, em seguida, sentou-se. Os pés não alcançaram o terceiro e ficaram balançando no ar. Aquele dia em especial não foi dos mais quentes - pelo contrário, até ventava. Nessas circunstâncias, o vento ficou ainda mais poético: talvez, o significado de mudança tivesse se estabelecido na cena como um todo. As pernas não muito esticadas e as mãos juntas, entre as coxas, deixariam - em breve - de serem novidades. Ela insistia numa expressão despreocupada, mas não sabia disfarçar sua ansiedade. Com o tempo, não mudou muita coisa: quando não eram as sapatilhas arredondadas a balançar sobre o terceiro degrau, eram os all-stars "cinzas" que lhe faziam companhia. E como combinavam aqueles calçados! Eram os mesmos pés a caminhar por aí, os mesmos pés a rolar pela cama. Às vezes, pareciam não ter começo nem fim - para dizer a verdade, quase sempre. Nem começo nem fim. Talvez uma história. Uma história musical. Mentira seria ela dizer não se importar em arrumar as palavras em parágrafos e mentira, também, seria ela dizer que toda aquela situação a deixava indiferente: ela sentia bem o que, há tempos, queria sentir - só não sabia descrever. E pouco importava o que seriam os dois dali em diante: dois erros, dois passageiros, dois estranhos e suas variações. Na verdade, sua certeza era essa: não eram estranhos um ao outro. As semelhanças, talvez, os remetessem à terceira idade - mas eram tantas e boas, generalizá-las seria inapropriado. Ela sabia que não precisava disso, de palavras e tentativas de estruturar um romance. Sabia, inclusive, que estava longe de conhecer o bastante sobre o cara que segurava as baquetas de um jeito engraçado: "que se foda essa mania de insegurança, fuck this shit". Freqüentar o quinto degrau se tornou uma constante, bem como relembrar diálogos e expressões do quarto escuro. Sua surpresa, talvez, foi perceber que a ansiedade não diminuía e que, não importava o número de linhas, ela insistia em tentar explicar isso - escrevendo com letras, escrevendo com gestos. De fato, o que mais gostava era provocar aquele sorriso que não se perdia na sua memória. E levantar-se do quinto degrau, descer até o primeiro... Fechar os olhos, entrelaçar os dedos, sentir-se bem - como nunca. Aqueles all-stars "cinzas" não foram mais vistos sozinhos. E pensar em mudar isso não faz parte do plano.



segunda-feira, 13 de abril de 2009

Outono cinza-blue.

Eu resolvi que não caminharia em linha reta, indiferente àquela curva. Estava numa estradinha de areia, que traçava destino sobre aquela imensidão verde-grama. Eu segui toda a inclinação, passando um pé pela frente do outro, de forma lenta e compassada. A música que eu estava ouvindo me fez pensar em outros rostos, outros cabelos de inverno. Quando a noite é fria, os fios de cabelo ficam gélidos e as pessoas falam pouco, esbaforidas por entre as voltas dos cachecóis nos pescoços. Tudo fica tão deliciosamente cinza-blue no inverno. Os outonos são mais alaranjados, mais beges, mais marrons: ainda arriscam certa alegria. E não é que o inverno seja de todo triste, mas aquela curva no chão, sinuosa e brincalhona, só poderia ser de outono. Eu decidi obedecer a faixa para ver se eu me sentia como outra pessoa. Outra pessoa qualquer, sabe, qualquer coisa que não fosse eu. A gente deveria poder tirar férias de nós mesmos às vezes. Não ficaria indiferente, pelo menos: acho que foi isso que eu me tornei. Chocolate quente é bom, chá é bom, café é bom... mas já não sinto aquela vontade de tomar alguma coisa. Eu gosto de quando a noite se impõe sobre a luz, gosto de como, pelo menos na natureza, existe respeito. Sabe, eu liguei hoje de manhã para um sujeito e ele bateu o telefone no gancho. Isso é coisa que não se faz! Desde então, com esse ótimo acontecimento - próprio para dar início a uma manhã feliz -, comecei a pensar em como seria bom assumir outra identidade. Quem sabe mudar o corte de cabelo, comprar uma jaqueta... não, essas mudanças externas não funcionam comigo. O problema de estar em constante mudança interna é que quem está ao seu redor não tem exatamente uma noção do que está acontecendo na sua vida. Pensando bem, isso não é um problema: serve até de proteção. Eu segui a curva do caminho e olhei para os lados e para trás, em busca de qualquer alma que parecesse consentir o que eu fiz. Sabe, eu precisava de um desses sorrisos que não dizem nada, desses que as pessoas fazem quando encontram, na rua, algum semblante conhecido e desconhecem sua origem. Eu precisava, na verdade, de qualquer coisa que me oferecessem. Um abraço, um pastel, um convite para jogar damas... qualquer coisa que deixasse meu outono menos invernal. Mas eu cruzei a porcaria da estradinha de areia e ninguém apareceu por lá. A grama continuou verde e intocada, inclusive as folhas secas que a enfeitavam. Aprecio os mosaicos naturais e penso que, de certa forma, eu também sou um. Todo mundo, de um jeito ou de outro, tem esse lado meio mosaico, meio Frankstein: a gente se constrói com um pedaço de um, um pedaço de outro e, quando vê, já não se encontra como um todo, mas em pedacinhos. Eu gostaria de saber o que levaram de mim ou o que eu emprestei de mim "sem saber". Não adianta chutar as pedras ou se importar com a poeira que sobe do chão a cada passo. Não adianta buscar, no pensamento, conversas passadas. Eu preferia ter de conviver mais com minha indiferença e menos com a minha solidão. Ser mais cinza-blue e menos grafite. Cheguei, então, ao fim da estrada: não ganhei nada na trajetória, mas também não me roubaram uma ou outra peça do mosaico. Isso deveria ser bom. Ou não.



quinta-feira, 2 de abril de 2009

(esqueci de botar título)

"Let's get together before we get much older..."

Ouvindo musiquinhas ótimas por sinal. Aiai, estou finalmente escrevendo. Não que eu seja uma pessoa tão responsável, mas andei bem ocupada nas últimas duas semanas [?]. Aconteceu tanta coisa, tanta coisa... E, finalmente, minhas aulas teóricas da auto-escola acabaram! Eu vou dormir meio tarde, até porque não consigo dormir "cedo" (e, no fundo, eu nem me esforço porque eu gosto de dormir tarde), e acordar antes das sete para enfrentar umas horas irritantes não é muito agradável. Não que isso seja um grande problema, mas eu particularmente não entendo o "porquê" de algumas pessoas. Tipo as velhas que vão nas aulas da auto-escola para se fazerem de moderninhas taradas ou os tios que vão lá brincar com a instrutora - mas, ainda eles, são mais compreensíveis. Quando eu fico um tempo sem postar - e quand
o eu não fico também - eu me sinto meio obrigada a ficar falando da minha vida. No fundo, seria engraçado contextualizar tudo, mostrar porque uma coisa eu disse de um jeito e não de outro - coisas assim -, mas quando tudo se torna fácil não fica tão legal. E pouco importa quem sou eu nessas historinhas fictícias. Sabe, me apresentaram músicas realmente muito boas. Eu fico realmente feliz 'com um repertório novo'. Ultimamente e mais do que nunca eu ando muito musical. A faculdade está engraçada... digo, é o primeiro semestre e algumas disciplinas ainda parecem não ter muito propósito. Mentira, não é essa a minha idéia. Só me deprimo quando vejo um ou outro professor que, pelo menos por mim, não se deixa ser muito respeitado. Quer dizer, eu só estou com a terrível visão da roupa bizarra que uma professora usou ontem. Enfim. Grande merda. Eu conheci gente legal pra caramba (eu nunca falo "pra caramba"). Também conheci pessoas que me deixam sem saber como reagir exatamente. Estou praticando aquilo de afastar minha visão inicial das coisas, a fim de não alterar o resultado - mas eu não tenho culpa se eu tenho intuição. Aqui isso não vai aparecer (não enquanto eu escrevo quase como se eu estivesse conversando), mas eu tenho uma neurose com Português. Nem sei se deveria chamar de neurose. Eu não durmo feliz se não arrumar as vírgulas de uma frase ou deixar que palavras iguais sejam visíveis aos olhos na mesma página - entre outras manias de gente que se desconcentra facilmente. Eu não era assim, "desconcentrada" - ah, também não acho que seja essa a moral da história também. Eu estou com crise de quarto. Haha. Tipo "ninguém entra aqui até eu decidir o que eu faço com ele". Nada tão grave, só estou pensando bastante no assunto antes de sair comprando coisas aleatórias (vide randômicas). Ontem, voltando pra casa de noite (falei isso pra dar um clima adulto, mas a verdade é que eu volto de van com umas meninas da aula), rolou uma semidiscussão sobre gays e etc. Na verdade, quando eu sentei no banco, me deu um tique (Tourette?!) e eu fiquei xingando um colega meu que eu acho um bundão. Super sincera. Não que eu admire esse tipo de atitude, mas eu fiquei realmente blé com um trabalho que a gente fez ontem. Mesmo não tendo nada a ver, no grupo de uma colega minha rolou a tal discussão sobre os gays. Eu não estava tão afim de argumentar com ela nem com ninguém, então fiquei ouvindo as observações. Sem maldade, só achei engraçado escutar que todos os gays são "mulheres num corpo com pinto". A guria defendeu isso arduamente, falando de genética e de como tudo é pré-estabelecido antes mesmo do bebê passar pelo túnel de luz (?). Ok, nada exagerado assim: ela só ficou se afirmando com base na idéia (provada?!) de que o homossexualismo é diretamente relacionado com o nível de testosterona do organismo. Ninguém disse nada em resposta, então começou a parte caridosa do assunto, onde se chega ao consenso de que deve ser complicado ter filhos gays. Ah, eu gosto desse assunto, é por isso que eu sempre falo disso aqui. Eu gosto de ver a visão das outras pessoas. Elas, às vezes, me parecem tão graciosamente inocentes. E, por sinal, não sei se estou me entendendo com a cadeira de Libras. Não vou ter oportunidade de conhecer o professor antes do período de cancelamento (é, pensei nisso) das eletivas, mas acho que vou investir mesmo assim. Mas já comecei a coisa meio contrariada: eu detesto como as pessoas adoram esses títulos, tipo "especial", para deficientes. Houve uma tentativa de fazer com que víssemos os surdos como pessoas que falam outra língua simplesmente, desprezando a idéia de que existe uma deficiência. Eu acho isso hipócrita. Eu não estou dizendo com isso eles são inferiores ou nada assim, só não concordo com essa idéia de amenizar o que não pode e nem precisa ser amenizado. Eu não sou a favor da "oralização obrigatória", não sou nenhuma carrasca, mas pra mim os surdos são deficientes auditivos e deu. São gente como a gente. Como eu, que uso óculos porque tenho uma deficiência também. Enfim. Acabei falando mais do que queria. Eu fiz outro Flog (eu não simpatizo mais com essa palavra), porque eu tenho necessidade de postar todo dia. Imagem e musiquinha, acho que todos os dias merecem. São inspiradores. É, meio estranho eu falar isso, a Sra. Pessimismo quase... Um dia eu fui assim; acho que suavizei bastante. Lembrei que eu tenho até trabalho escrito de dança do ventre pra fazer (?). Tá, chega, ninguém merece mais blablablá.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...