É meio estranho estar entre a idéia do "aproveite cada dia como se fosse o último" e a situação de ver os dias serem muito parecidos, mesmo quando existem surpresas (que nem sempre são boas). O hospital mexeu muito com a minha cabeça, isso é fato. Ontem eu saí dali, fui para um pub encontrar pessoas queridas e, por acaso, encontrei uma ex-colega de escola. E foi algo legal e super espontâneo e eu fiquei feliz. Eu fico fascinada com esse poder de pequenos momentos ou algumas palavras mudarem completamente o clima do dia. Enfim, realmente me emocionei. Foi tão inesperado! E, num horário qualquer, eu peguei um ônibus e o "poema" na janela mais próxima de mim se dirigia a algum passageiro em pé. O autor desejava que esse passageiro lesse o poema com uma gota de chuva escorrendo pelo vidro. Isso foi ontem. Hoje eu peguei mil ônibus, alguns lotados, e a chuva forte foi uma constante. E eu olhei para aqueles vidros embaçados cobertos de gotinhas de água e calor humano e tal e realmente fiquei emburrada quando lembrei do poema. É incrível como uma coisa pode ser linda num dia e péssima no outro. Pelo menos pra mim. Pelo menos às vezes. E nesses tempos de repensar a importância das pessoas, reesquematizar a vida em alguns aspectos, fiquei atenta a algumas palavras adultas. Viva o perdão, esqueça a raiva, a mágoa, o não sei que lá. Eu não sei até que ponto essas idéias limpas podem ser colocadas em prática. Eu sou a favor daquela sinceridade suja, de se descabelar por alguma coisa por sentir necessidade. Mesmo que depois se perceba que a situação não merecia tanto. Acho importante o momento presente, os impulsos, a confusão toda. Tudo bem, eu costumo agir como a Sra. Pretérito, mas realmente dou mais valor ao momento da ação, ao choque, enfim. Então, eu me sinto meio desafiada (e porque não 'ofendida'?) com essa história de perdoar, passar a limpo, etc. Não que eu viva em profundo caos e discórdia, hahaha. Tem uma frase de uma música que eu gosto que diz "Deixe de lado os compromissos marcados, perdoa o que puder ser perdoado, esquece o que não tiver perdão e vamos voltar àquele lugar...", e eu realmente consigo adorar isso, mas não é algo que habita a minha cabeça. Eu realmente acho que a base disso vem da idéia de que no fim, quando morrem, todas as pessoas são boazinhas. Não falo em céu, mas em fatos. Até o maníaco do parque de não sei onde tem família, sei lá. E eu acho que faz parte do mundo existir um equilíbrio. Se tudo for perdoado, vira uma bagunça. Eu sei que o propósito da coisa não é bem esse, não se volta tanto para a pessoa que fez algo errado mas sim para a vítima da história não guardar rancor e sentimentos que possam ser nocivos a ela. Blablablá. Tudo isso para dizer que, mesmo perto ou não da morte, consegui me manter razoavelmente neutra quanto a esse posicionamento. Perdoa-se o que é possível e fim de papo. Me incomoda muito essa pressão para que todas as pessoas sejam Bons Samaritanos e cultivem os mesmo valores e usem coroas de flores na cabeça (na verdade, as flores eu aprovo). Se alguém me conhece bem o bastante pessoalmente, sabe que é nesse momento que eu começo a delirar e dizer coisas do tipo "os chineses são os melhores", "as mulheres têm o direito de não terem filhos", enfim. Adoro me incomodar com certas imposições sociais. Desde colocar ou não os cotovelos na mesa até adotar uma postura ou outra diante de um filho homossexual. Andei vendo tanta porcaria na televisão que me revoltei internamente. É incrível como o mundo quer que as mulheres se sintam gordas. Parei por aqui porque, como viram, perdi o fio da miada. Beijos a todos!
quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Sobre certas músicas e seus ouvintes.
Eu fico meio angustiada quando vejo alguém curtindo muito uma música porque a considera romântica, sendo que a letra não faz sentido nenhum e/ou é total não-romântica. Tinha um amigo que implorava para que ninguém contasse a história de alguma música ou traduzisse alguma coisa da letra (é, ele realmente não era bom em inglês). Eu entendo ele, porque eu mesma me deprimo quando não gosto da letra ou percebo que, aos meus ouvidos, a mensagem destoa da melodia. E isso se torna bem comum à medida que novelinhas tipo Malhação ganham trilha sonora de Silverchair. Enfim. Isso não era para ser um texto nem algo muito emocionante, só um desabafo. Eu cheguei em casa e estava tocando "Last Kiss" (Pearl Jam) e isso me deixou um tanto deprimida. Sei lá, em férias invernais, um pouco de depressão cai bem. Mesmo que dessa vez não tenha sido nada muito espontâneo ou passageiro. Por sinal, hoje foi um dia de calor. Nada típico. E não é que eu pense que as músicas devam ser todas iguais e previsíveis e que todos os sentimentos devam ser demonstrados da mesma maneira, mas é que realmente me angustia como em um mesmo lugar as pessoas podem alcançar extremos de felicidade, dor e todas as coisas humanas.
PS: acho que é hora de reler de novo (de novo, de novo, de novo) o Apanhador.
(Merlin e Vivian)
(?)
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Chá das cinco.
Virei o chá quente na mão, nas pernas, nos pés. O suspiro foi exagerado, proporcional à sensibilidade do meu dedo. Tá doendo até agora. Eu olhei pro lado e vi ele me olhando daquele jeito imparcialmente neutro, do tipo que até sente pena, mas não o bastante para dar um abraço - o suficiente para pensar "você vai ter que aprender a lidar com isso" (eu diria "com a dor", mas percebo agora o quanto essa diferença na escrita modificaria intencionalmente o significado...). A queimadura me serviu de motivo para poder suspirar, reclamar em voz alta, já que os outros problemas me exigiam postura de adultez. Mas, oras, o que é ser adulto? O que é ser grande? O que é a maturidade numa hora dessas - em que os ponteiros seguem seu ritmo torto por trás do vidro do relógio inviolável? Eu voltei reclamando da dor no dedo a viagem inteira. Ele reclamava do frio intenso. E seguimos trocando reclamações - a placa que não indicava a direção correta, não-sei-quem que tinha feito não-sei-o-quê. Foi a maneira encontrada para externalizar, de modo adulto (embora aparentemente bobo), a angústia, a raiva, a insatisfação. Os adultos não sofrem, não sentem medo, não têm dúvidas. Eles simplesmente enfrentam o que for. E eu desejei que fosse ele quem tivesse queimado o dedo, e que fosse só isso. Que fosse eu a fazer o papel de quem observa. Desejei mais, desejei sentir muita, mas muita dor. Desejei que aquele chá fosse capaz de concentrar em mim toda aquela dor que o silêncio entre nós dois guardava. Mas era só um chá. E, naquele momento, tínhamos que ser dois adultos. Era o que ditava a regra... uma vez conhecido o "efeito dominó", se busca impedir que qualquer peça caia. Mesmo que isso implique conter suspiros, soluços e lágrimas.
"Eu volto pra casa... e te peço pra ficar. Em silêncio... Só ficar."
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Pensado por
Ivy
às
02:46
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Assuntos:
breguinha,
down,
não-ficção
sábado, 2 de julho de 2011
Oh, take me back to the start...
Come up to meet you, tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I had to find you
Tell you I need you
Tell you I've set you apart
Tell me your secrets
And ask me your questions
Oh, let's go back to the start
Running in circles
Coming up tails
Heads on the science apart
Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me back to the start
I was just guessing
At numbers and figures
Pulling the puzzles apart
Questions of science
Science and progress
Do not speak as loud as my heart
Oh tell me you love me
Come back and haunt me
Oh and I rush to the start
Running in circles
Chasing our tails
Coming back as we are
Nobody said it was easy
Oh, it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
I’m going back to the start
{The Scientist - Coldplay}
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